A expectativa da última segunda-feira (20) era positiva para as ações da Suzano (SUZB3). A empresa teve recomendação elevada pelo Morgan Stanley para equivalente a neutra dada a resiliência do setor de papel e celulose, enquanto o BTG Pactual reiterou recomendação de compra dos ativos em meio à queda de 12% apenas em maio. Grande parte da queda ocorreu no início do mês devido à notícia de que a empresa brasileira de celulose e papel contatou a International Paper (IP) sobre uma oferta totalmente em dinheiro, levantando dúvidas sobre o potencial de sinergias e o aumento da alavancagem da empresa caso o negócio foi concretizado. Porém, segundo a notícia, a International Paper rejeitou a abordagem inicial da Suzano.
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Na segunda-feira, as ações subiram 2,22% com as recomendações, mas reduziram os ganhos, zeraram a alta e fecharam em queda de 0,78%, com o temor de uma insistência da IP voltando ao radar do mercado. Isso porque, segundo a Reuters, a Suzano discutiu com seus consultores a possibilidade de melhorar sua oferta de aquisição de US$ 15 bilhões para a empresa.
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A notícia deve levar a uma nova queda nas ações da empresa, conforme indica a movimentação de seus ADRs (na prática, recebimento de ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York) SUZ no pré-mercado. Às 8h20 (horário de Brasília), os ativos caíam 4,80%, a US$ 9,72.
Mesmo que haja otimismo de grande parte do mercado com a tese da empresa, os rumores dessa aquisição têm se destacado. O BTG destacou na véspera, antes dos novos desenvolvimentos sobre IP, que a ação atingiu um dos níveis mais baixos de múltiplos futuros em anos (EBITDA abaixo de 5x), o que está bem abaixo dos níveis históricos de aproximadamente 7x e dos pares do setor. Nos últimos dias, diante do ruído em torno de uma possível transação com a IP, a empresa perdeu quase R$ 13 bilhões em valor de mercado devido aos crescentes temores sobre alocação de capital e alavancagem.
“Essas preocupações foram agravadas por um acordo considerado pelo mercado muito grande, complexo e sem potencial de sinergia. Além disso, calculamos que o valor da empresa Suzano está atualmente desvalorizado em mais de R$ 40 bilhões, o que acreditamos ser bastante excessivo (o Cerrado ainda não está precificado)”, avaliaram os analistas da casa. Consideraram, no entanto, que embora esta seja hoje uma história binária no curto prazo, acreditam que as ações da Suzano já refletem um elevado nível de riscos potenciais.
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Em relatório do início do mês, ao falar sobre os temores do mercado sobre a aquisição de IP (notadamente, alavancagem em níveis mais elevados por mais tempo, preocupações com valuation e baixa visibilidade de sinergias), os analistas da XP também reiteraram a tese positiva de longo prazo para a empresa. No entanto, consideraram que as preocupações dos investidores eram razoáveis.
O longo prazo continua positivo para a Suzano, mas as preocupações de curto prazo provavelmente permanecerão, pressionando os ativos da empresa.