As taxas DI fecharam a segunda-feira em alta, em movimento mais intenso nos contratos a partir de 2026, refletindo a expectativa de Selic mais alta no final deste ano, conforme indicado no relatório Focus, além dos temores em torno do futuro do Copom e o ligeiro aumento dos rendimentos do Tesouro no exterior.
No final da tarde, a taxa DI (Depósito Interbancário) de janeiro de 2025 estava em 10,38%, ante 10,364% do reajuste anterior, enquanto a taxa DI de janeiro de 2026 estava em 10,7%, ante 10,655% do reajuste anterior .
A taxa para janeiro de 2027 foi de 11,055%, acima dos 11,005%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 foi de 11,345%, acima dos 11,294%. O contrato para janeiro de 2031 marcou 11,75%, ante 11,706%.
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Segunda-feira foi a terceira sessão consecutiva em que as taxas futuras, especialmente aquelas com prazos mais longos, fecharam em alta. Esse movimento ocorre em meio à percepção de que o ambiente para cortes na taxa básica Selic — atualmente em 10,50% ao ano — se agravou e que há maior incerteza sobre o perfil do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a partir de 2025, quando o os líderes indicados pelo governo Lula formarão maioria no colegiado.
“Tudo começou com o Copom bem dividido da semana retrasada, que deixou a curva de juros brasileira aberta de ponta a ponta. A ata (do Copom) da semana passada e as falas do (diretor de Política Monetária, Gabriel) Galípolo, deram algum alívio sobre a divisão, mas o mercado parece não ter comprado tudo o que foi dito”, comentou o gerente da negociação secretária de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Divulgado pela manhã, o Focus mostrou que a mediana da previsão dos economistas de mercado aponta agora para uma Selic a 10,00% no final deste ano, ante 9,75% no relatório da semana passada.
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“A leitura hawkish (dura com a inflação) da ata da semana passada foi jogada para o Focus, o que garantiu alguma tração para a curva hoje”, comentou Machado.
“Além disso, há muitos players que começaram a ‘vender’ a curva, acreditando que (a alta das taxas) seria pontual, mas não é. Alguns deles podem estar saindo das apostas de curtíssimo prazo e absorvendo algumas perdas”, acrescentou o profissional, ao justificar o viés de alta para as taxas futuras nesta segunda-feira.
A elevação das taxas DI foi mais intensa, porém, entre os contratos com prazos mais longos. O pico de janeiro de 2025 manteve-se em taxa muito próxima da estabilidade, ainda que em dois dígitos, um claro indício de que o mercado precifica a Selic em patamares superiores aos esperados há alguns meses.
Perto do fechamento, a precificação da curva a termo indicava 74% de chance de manutenção da taxa Selic em junho, contra 26% de probabilidade de corte de 25 pontos base. No dia 13 de maio, antes da ata do Copom, a proporção era de 47% para manutenção contra 53% para corte.
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Além da influência interna, as taxas DI encontraram apoio nesta segunda-feira na leve alta dos rendimentos do Tesouro. Num dia de agenda vazia nos EUA, os investidores aguardavam a divulgação, na próxima quarta-feira, da ata da última reunião de política monetária da Reserva Federal.
O rendimento do Tesouro a dez anos – uma referência global para decisões de investimento – subiu 0,027 pontos base, para 4,447%.