A notícia de que a Pinduoduo, plataforma de serviços digitais da China, está entrando no e-commerce brasileiro por meio do Temu ganhou destaque nos noticiários nos últimos dias.
A empresa encaminhou à Receita Federal um pedido de certificação no programa Conform Remessas, que permite importar mercadorias abaixo de US$ 50 sem pagar imposto de importação, segundo informações do Valor Econômico, com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 17%. ).
A entrada da Temu no mercado brasileiro já era esperada desde o ano passado, assim como os efeitos nos varejistas nacionais e estrangeiros já consolidados por aqui.
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Em reportagem de agosto, a XP destacou o perfil de Temu. Ao contrário da Shein, que é reconhecida como uma plataforma de moda, a Temu tem uma variedade de categorias muito mais ampla, com mais de 30 categorias principais de produtos, como animais de estimação, roupas, brinquedos, casa e eletrônicos, sendo, portanto, mais comparável à proposta de valor da Shopee. No entanto, a empresa tem um modelo de negócios semelhante ao da Shein, ajudando os fabricantes chineses a compreender melhor as necessidades dos consumidores, levando a uma maior precisão e eficiência.
O aplicativo Temu pode ser baixado no Brasil, mas as compras ainda não estão disponíveis, aponta BTG Pactual. O aplicativo já recebeu mais de 3 milhões de avaliações no Brasil, com média de 200 mil downloads mensais. Globalmente, a empresa projeta vendas de 60 mil milhões de dólares este ano, incluindo vendas próprias e de mercado, mais do que o triplo do valor de 2023, segundo a imprensa chinesa.
Sobre as notícias mais recentes, o Santander destacou que a entrada do Temu no Brasil este ano era muito aguardada e, se a isenção do imposto de importação para compras abaixo de US$ 50 se mantiver, poderá se traduzir em um efeito negativo no setor varejista em geral, já que o risco do aumento da concorrência para os intervenientes transfronteiriços se materializaria então.
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Porém, ele acredita que operadoras históricas do mercado online, como Mercado Livre (MELI34), Magazine Luiza (MGLU3) e Shopee, poderão ver um impacto maior com a entrada do Temu do que varejistas especializados.
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A equipe de análise do banco avalia ainda que a decisão de Temu de entrar no mercado por meio do programa Remessa Compliance deve ajudar a monitorar o ritmo de crescimento da empresa no país, ou pelo menos dar uma ideia do impacto potencial, que é um cenário diferente do “Shein’s crescimento impressionante” em 2021-2023, período anterior à sua inscrição no programa.
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Pressão da indústria
O BTG destaca que a medida ocorre num momento em que o varejo e as indústrias brasileiras pressionam pela volta do imposto de importação. O deputado Átila Lira apresentou seu relatório sobre o projeto de lei nº 914/24, que trata do programa Mover. A principal mudança foi a inclusão da “tributação do comércio eletrônico”. O texto revoga um decreto-lei de 1980 que garantia isenção de imposto de importação para remessas postais internacionais P2P de até US$ 50.
As notícias sobre o varejo internacional se intensificaram recentemente devido à decisão do governo de eliminar os impostos de importação de itens abaixo de US$ 50 (que pagam apenas 17% de ICMS). Mas a crescente pressão das empresas e associações locais levou o governo a sugerir possíveis aumentos de impostos em diversas ocasiões. Em junho passado, o Ministério das Finanças emitiu um decreto com novas regras para compras online internacionais. O governo não cobrará mais imposto de importação em compras online de até US$ 50 se as empresas aderirem ao Remessa Compliance e pagarem o imposto estadual (17% de ICMS).
Anteriormente, todas as importações B2C eram tributadas, independentemente do valor. A isenção de US$ 50 foi limitada a remessas P2P internacionais. De acordo com o decreto, as compras online de até US$ 50 feitas por empresas que não cumprirem as novas regras ainda serão tributadas. As remessas internacionais estão sujeitas a 60% de imposto de importação. A medida entrou em vigor em 1º de agosto de 2023.