A Secretaria de Política Económica (SPE) do Ministério das Finanças melhorou a sua projeção para o crescimento económico do Brasil em 2024 de 2,2% para 2,5%, ao mesmo tempo que começou a registar uma maior pressão sobre os preços este ano, mostrou um boletim divulgado esta quinta-feira.
O ministério informou ainda que sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 é de 2,8%, mesmo nível estimado em seu boletim macrofiscal anterior, divulgado em março.
Segundo a secretaria, a nova previsão de crescimento para este ano não considera os impactos da calamidade causada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul.
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“A magnitude do impacto depende da ocorrência de novos eventos climáticos, da repercussão desses impactos para os estados próximos e do efeito dos programas de ajuda fiscal e de crédito nas cidades afetadas pelas chuvas”, afirmou a SPE no documento.
A secretaria avaliou que o PIB do Rio Grande do Sul, com peso aproximado de 6,5% no PIB brasileiro, deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas nos trimestres subsequentes.
Para a SPE, as atividades ligadas à agricultura e à indústria de transformação deveriam ser as mais afetadas na medição da atividade em nível nacional, porque são mais representativas do PIB do Rio Grande do Sul do que o PIB médio brasileiro.
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As projeções da SPE para o PIB do país continuam mais otimistas que as do mercado, que aposta em alta de 2,09% neste ano e de 2,00% em 2025, segundo boletim Focus do Banco Central. Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, impulsionado por uma colheita recorde de grãos e pelos fortes resultados das indústrias extrativas, especialmente petróleo e minério de ferro.
Segundo a SPE, a melhora na projeção da atividade refletiu “crescimento robusto” nas vendas no varejo e nos serviços, aumento na geração de empregos e ampliação das concessões de crédito, além de maior contribuição do setor externo diante da depreciação cambial .
“Os sinais de recuperação do investimento, baseados na expansão dos indicadores de atividade na construção civil e no crescimento das importações de bens de capital, também ajudaram nesse sentido”, destacou.
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O ministério reviu em baixa as projeções para 2024 na agricultura (de -1,3% para -1,4%) e na indústria (de +2,5% para +2,4%), mas as quedas foram mais do que compensadas por uma reavaliação em alta da estimativa de desempenho para o setor de serviços (de +2,4% para +2,7%).
A atualização oficial dos dados elaborados pela SPE serve de base para o governo revisar a estimativa da trajetória de suas receitas e despesas e projetar se deve cumprir as regras fiscais do ano, já que o desempenho da economia influencia a arrecadação de impostos . A avaliação é realizada bimestralmente.
O documento com as previsões fiscais será apresentado pela equipe econômica na próxima semana. Na divulgação de março, o Tesouro apontou a necessidade de bloquear R$ 2,9 bilhões do Orçamento para cumprir o limite de despesas do quadro fiscal, apesar das contas estarem dentro da margem de tolerância da meta fiscal.
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Inflação mais alta
Em relação à inflação, a SPE passou a registrar alta de 3,70% no IPCA neste ano, acima dos 3,50% previstos no último boletim. Para o próximo ano, a previsão de aumento de preços foi calculada em 3,20%, ante 3,10% previstos em março.
A meta definida pelo governo para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Neste caso, a SPE informou ter incorporado em suas projeções os impactos da catástrofe no Rio Grande do Sul.
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“O aumento nas estimativas de inflação captura tanto os efeitos da recente desvalorização cambial sobre os preços de mercado quanto os impactos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul sobre a oferta e os preços de produtos frescos, arroz, carnes e aves”, disse ele.
Para a secretaria, os preços desses alimentos devem subir de forma mais acentuada nos próximos dois meses, mas parte relevante desse aumento deverá retornar nos meses seguintes, com a normalização da oferta.