A AgroGalaxy, empresa controlada pela gestora Aqua Capital que possui uma das maiores redes de revenda de insumos agrícolas do país, encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido ajustado de R$ 249,7 milhões, 2,5 vezes maior que no mesmo período de 2023. O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) foi negativo em R$ 95,1 milhões, ante R$ 58,6 milhões positivos de janeiro a março do ano passado, e a receita líquida da empresa caiu 42,7% na comparação, para R$ US$ 1,596 bilhão.
Foi mais um trimestre complicado para a empresa, também pelo desequilíbrio geral causado pelas fortes quedas nos preços de fertilizantes e defensivos, e também de grãos como soja e milho. Esse descompasso, que levou a um aumento significativo nos estoques de insumos adquiridos por valores ainda elevados, alcançado após a pandemia e a invasão russa na Ucrânia, desestabilizou esse mercado, no Brasil e no mundo, ao longo do ano passado. O pior já passou, mas o ajustamento continua.
Nesse contexto, de janeiro a março, a receita líquida da AgroGalaxy na área de insumos caiu 56,2% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 691,4 milhões, e foi superada pela receita obtida com grãos – que caiu 25,1%, para R$ 1,208 bilhão. Acontece que os negócios de grãos, embora necessários para alimentar as vendas de insumos, têm margens estreitas e, por isso, essa reviravolta não é considerada um sintoma a ser comemorado.
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Segundo Axel Labourt, CEO da AgroGalaxy, as vendas de insumos no primeiro trimestre também foram afetadas pela queda nos investimentos dos agricultores em tecnologias para a colheita do milho, que costuma concentrar os negócios no período. Além disso, a queda nos preços dos cereais desencorajou o plantio e a área de produção caiu quase 10% no país este ano. Para completar a tempestade perfeita, as compras antecipadas de insumos para a próxima safra de verão, incluindo soja, permaneceram baixas, devido à queda na rentabilidade do campo. “Esperamos uma recuperação da agricultura no país a partir do segundo semestre”, afirma o executivo.
Se agora é possível ver o sol, a empresa espera aproveitá-lo melhor depois das medidas que foi obrigada a adotar para tentar manter o rumo durante a crise. Lojas foram fechadas e cerca de 600 empregos foram fechados (hoje são 1.900), e vieram à tona medidas como a capitalização dos controladores e a prorrogação de dívidas. Foram privilegiadas as revendas e os negócios com melhores margens, e os estoques de insumos caíram quase 50% ao mesmo tempo em que as operações de barter (troca de insumos por safras futuras) ganharam mais espaço, até pela garantia firme que oferecem.
“Reduzimos nossas despesas em cerca de R$ 40 milhões só no primeiro trimestre [em relação ao mesmo período do ano passado]”, reforça Eron Martins, CFO da AgroGalaxy. A empresa destaca que, de janeiro a março, as vendas de especialidades cresceram em relação ao ano anterior e sua participação na receita de insumos aumentou 3,3 pontos percentuais, para 11,5%. Os bioinsumos também avançaram e representaram 3%, enquanto a participação dos fertilizantes puros, produtos com margens particularmente estreitas, caiu de 29,5% para 24,9% – sinal de que o peso desses fatores na equação final de fato mudou.