Após um agosto de recordes, o Ibovespa perdeu força e caiu em setembro, por conta de alterações nas taxas de juros e incertezas fiscais. Agora, o rali de fim de ano pode se apresentar como esperança de dias melhores na Bolsa, mas, geralmente, esses ciclos de alta não começam em outubro.
De qualquer forma, ter um último trimestre como o do ano passado, quando o Ibovespa avançou 15,11%, seria um sonho para muitos, mas esse desempenho parece distante.
Apesar de esperarem um 4º trimestre positivo, os analistas ainda estão preocupados com fatores que possam atrasar o crescimento da renda variável, principalmente agora em outubro.
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No geral, as projeções apontam para um mês morno, sem expectativas de forte alta ou eventos que ameacem derrubar os preços das ações.
“Nossas perspectivas para a Bolsa continuam sem grandes projeções de alta”, afirma Felipe Sant’ Anna, especialista de mercado da mesa proprietária Star Desk. Idean Alves, especialista em mercado de capitais, afirma que “outubro deverá ser um mês volátil para a Bolsa de Valores brasileira”.
Nos últimos dez anos, o Ibovespa subiu, em média, 2,16% em outubro. No ano passado, foi o único mês com desempenho negativo no último trimestre.
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Desempenho do Ibovespa em outubro nos últimos dez anos | |
Ano | Variação em outubro (%) |
2023 | -2,94 |
2022 | 5,45 |
2021 | -6,74 |
2020 | -0,69 |
2019 | 2,36 |
2018 | 10.19 |
2017 | 0,02 |
2016 | 11.23 |
2015 | 1.8 |
2014 | 0,95 |
Média | 2.16 |
Para Elaine Domenico, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, é preciso ter cautela ao pensar em uma recuperação de final de ano, principalmente em outubro, já que o mercado de ações “vai depender dos próximos dados econômicos e do comportamento das taxas”.
O que esperar do Ibovespa em outubro?
Para projetar o que deve acontecer neste mês de outubro para o mercado acionário brasileiro, alguns pontos devem ser observados com atenção. Abaixo, confira os 5 temas cruciais para o desempenho do Ibovespa em outubro.
1. Interesse
O item mais citado é a condução da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, o que pode trazer boas notícias, segundo Alan Martins, analista da Nova Futura: “o movimento das taxas de juros não vai durar muito no Brasil”, afirma , citando projeções de fim do aperto em janeiro e início de ciclo de cortes em setembro do ano que vem, “assim, a percepção de largar as ações e depois recomprar não faz sentido”, acrescenta.
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2. China
O estímulo econômico na China que fez disparar a bolsa asiática nesta segunda-feira também pode ser bom para o mercado brasileiro. Sant’ Anna projeta que as ações da Vale (VALE3), as mais pesadas do Ibovespa, poderão voltar ao patamar dos R$ 70 “se a China apresentar resultados reais de crescimento nos indicadores imobiliários”.
Nesse caso, outras empresas ligadas ao minério de ferro, como CSN Mineração (CMIN3) e Usiminas (USIM5) também seriam beneficiadas. Domenico lembra que o setor foi “penalizado recentemente” e pode representar agora uma boa oportunidade com a retomada dos estímulos chineses.
3. Atividade económica e inflação
Também na lista de fatores que podem ser positivos para as ações brasileiras em outubro está a atividade econômica do país, que vem demonstrando resiliência, mesmo diante de uma Selic elevada, e pode ser um sinal positivo para empresas mais cíclicas.
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O varejo, considerado mais arriscado em ciclos de aperto monetário, “tem potencial para ajudar” o Ibovespa em outubro com a economia ainda prosperando, segundo Martins, que, ao mesmo tempo, admite ter dúvidas se os investidores estarão dispostos para correr mais riscos.
O mercado continuará a acompanhar de perto os dados da inflação, o que servirá para refinar as projeções sobre o ritmo e a duração do ciclo de aperto monetário. “Se a inflação continuar controlada e a economia continuar resiliente, poderemos ver um movimento em direção ao otimismo”, afirma Elaine Domenico.
4. Balanços
A temporada de resultados do terceiro trimestre também está na agenda de outubro. Vale (VALE3), Suzano (SUZB3), Weg (WEGE3), Bradesco (BBDC4) e Ambev (ABEV3) divulgarão os dados no próximo mês. “O investidor buscará entender se as empresas estão captando o crescimento da economia brasileira e se estão aumentando a eficiência operacional”, comenta Alves.
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5. Política fiscal
O principal ponto de preocupação é a política fiscal. O Banco Central informou hoje que o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 21,4 bilhões em agosto. Para Felipe Sant’ Anna, esse é um fator essencial no acompanhamento dos investidores, pois “sem o comprometimento do governo federal com o cenário fiscal, o investimento não vem e só resta o dinheiro da especulação ou aportes em renda fixa”.
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