Há meses, o mercado aguarda ansiosamente o início dos cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos (EUA). E, já há algumas semanas, assistimos à possibilidade de aumento dos juros no Brasil. Na próxima quarta-feira, dia 18, os dois eventos devem se concretizar na Super Quarta, que contará com decisões dos dois bancos centrais.
No exterior, o primeiro de alguns reajustes esperados deve vir em 0,25 ponto percentual, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, que aponta hoje 69% de chance para o corte. Nas últimas semanas, dados mais fracos do mercado de trabalho reforçaram a probabilidade de cortes por parte do Federal Open Market Committee (FOMC), mas com ajustes graduais.
Para alguns analistas, a afirmação de Jerome Powell, diretor da Reserva Federal, de que o aumento do desemprego não é o resultado de um aumento dos despedimentos, mas sim de um aumento na oferta de trabalhadores, sugere que o corte pode ser ligeiro. “Ainda é uma avaliação benigna e sugere que, embora preocupado com o mercado de trabalho, o Fed mantém a sua
cautela e o perfil dependente de dados”, afirma Maykon Douglas, economista da Highpar SA.
Esta semana, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), um dos principais indicadores de inflação nos EUA, deve trazer estabilidade, com ligeiro aumento de 0,2% segundo o consenso LSEG. Com isso, as apostas no corte devem oscilar apenas em relação à magnitude esperada.
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Por outro lado, aqui no Brasil o caminho tem sido o oposto. Sinais do já nomeado próximo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, apontam para um aumento da taxa básica de juros, a Selic, em breve. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC será a primeira após a nomeação do atual diretor de política monetária e já deve trazer aumento. Apesar de algumas opiniões de que a deflação apresentada pelo IBGE com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) poderia trazer algumas complicações à decisão do Copom, a opinião majoritária ainda é de aumento das alíquotas. No entanto, a magnitude do ciclo está em debate.
Com uma diversidade de cenários possíveis tanto no exterior quanto aqui, o que esperar dos possíveis cortes nos EUA, das altas da taxa Selic e seu impacto nas bolsas nacionais e globais?
Segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, há mais fatores a serem analisados do que apenas decisões sobre taxas de juros. No curto prazo, explica ela, pontos como tom, magnitude e sinalização adotada por cada banco central também impactam a reação dos mercados. “Sem considerar o equilíbrio das expectativas em relação à própria política monetária, a queda dos juros internacionais e a elevação dos juros internos sinalizam um posterior aquecimento da atividade global e um arrefecimento da atividade doméstica”, afirma Carla.
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Para Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, do ponto de vista macroeconômico, o cenário de aumento dos juros aqui e queda dos juros no exterior é negativo para o nosso mercado de ações, em princípio. Isso porque a variável que mais explica o desempenho do mercado acionário brasileiro é justamente a taxa de juros local. Porém, o impacto tende a ser atenuado pelo corte externo. “Cada ciclo de aperto monetário você sabe como começa, mas nunca sabe onde termina, porque o Banco Central está testando, ninguém tem uma ideia precisa de quão intenso é o aperto necessário”, afirma.
Confira os panoramas desenhados para cada caso:
1. FOMC corta 0,25 pp e Copom eleva Selic em 0,25 pp
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, este é o cenário mais provável para as taxas. O cenário do IPCA divulgado na última terça-feira não altera, na opinião dele, a expectativa de aumento dos juros por aqui. “Quanto mais o Fed corta as taxas de juros em termos de ciclo longo ou tamanho do corte, mais fácil é a vida para o Brasil porque a taxa de câmbio se valoriza mais e mais capital flui para cá. E quanto mais o câmbio se valoriza, mais fácil fica controlar a inflação no Brasil”, explica.
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A Bolsa brasileira, nesse cenário, poderá subir um pouco, dentro das expectativas atuais, na visão de Marcelo Mello, CEO da SulAmérica Investimentos. O efeito na Bolsa depende sempre do motivo do movimento da taxa de juros. “Se as taxas de juros nos EUA estão caindo porque a economia está desacelerando com a inflação controlada e no Brasil estamos aumentando as taxas de juros porque a economia está crescendo (nosso caso base), o mercado de ações brasileiro poderá subir”, explica.
Esse é o cenário que a Gala trabalha, de pequenos cortes de 0,25 pp lá e pequenos aumentos de 0,25 pp aqui. “Mais ou menos esse é o cenário que temos hoje e sem dúvida o IPCA de ontem foi muito bom, contribui para que o ciclo brasileiro seja o mais curto possível”, afirma.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a decisão dos juros americanos prevalece sobre os juros brasileiros, portanto os cortes do Fed têm mais impacto do que os possíveis aumentos do BC. Embora nenhum aumento da Selic seja bem recebido hoje pela Bolsa, o melhor cenário seria um corte e aumentos de igual magnitude de 0,25 pp, por ser este o mais esperado.
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Paulo Martins, CEO e fundador da Anova Research, destaca que o corte das taxas de juro nos EUA tende a ser positivo para os mercados internacionais, estimulando o apetite ao risco e favorecendo os mercados bolsistas globais. O movimento, contudo, poderá enfraquecer o dólar e tornar os mercados emergentes mais atraentes. Um movimento de queda de 0,25 pp por parte do Fed e de alta por parte do Copom manteria o Ibovespa em trajetória de alta, segundo Martins. “Continuamos vendo esse cenário como uma oportunidade para reforçar posições em setores estratégicos”, afirma.
2. FOMC corta 0,25 pp e Copom eleva Selic em 0,50 pp
Para a Bolsa de Valores, este é visto como o pior cenário. Segundo Mello, isso sugeriria que o BC teria sido “hawk” (durão, demonstrando muita preocupação com a inflação) demais enquanto o Fed ainda estava no início dos cortes. Com o movimento, a bolsa poderá cair um pouco.
Nesse caso, para o especialista da Anova Research, a alta mais acentuada da Selic poderia aumentar a migração para a renda fixa. Mesmo assim, com um corte maior por parte do Fed, o fluxo de divisas seria forte o suficiente para apoiar o Ibovespa numa trajetória ascendente. “Nosso sólido suporte entre 127-128 mil pontos [para o Ibovespa] continua válido e qualquer recessão deve ser vista como uma oportunidade”, afirma. Na última terça-feira, o Ibovespa fechou aos 134.319 pontos.
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3. FOMC corta 0,50 pp e Copom eleva Selic em 0,25 pp
Com um corte mais significativo na taxa de juros por parte do Fed, o dólar tenderia a enfraquecer e, com isso, espera-se mais fluxo para os mercados emergentes, na análise do CEO da SulAmérica Investimentos. Neste caso, o cenário seria positivo para a Bolsa.
A entrada mais robusta de capital estrangeiro poderá impulsionar o Ibovespa a novos máximos, segundo Martins. “A combinação de taxas de juros competitivas no Brasil com um corte agressivo nos EUA reforça nossa visão de que o Ibovespa poderá atingir novos máximos e, possivelmente, entrar em uma fase de euforia, conforme projetamos para setembro/outubro”, afirma.
Para o estrategista-chefe da RB Investimento, um corte mais forte, porém, poderia dar a impressão de uma recessão maior do que o esperado e que os cortes estariam “atrasados”. Nesse caso, é possível imaginar um recuo nas bolsas globais num movimento de realização, precificando a possibilidade de uma recessão.
Nesse caso, Padovani também aponta para um possível impacto negativo nas commodities caso haja um corte maior. O economista reforça que, por ser uma variável que tem muito peso na explicação do mercado acionário brasileiro, uma queda mais forte lá poderia prejudicar o desempenho do índice por aqui.
4. FOMC corta 0,50 pp e Copom eleva Selic em 0,50 pp
Gala comenta que, apesar de considerar improvável, o corte de 0,50 p.p. pelo FOMC seria uma excelente notícia para o Brasil. O reajuste poderá garantir maior valorização do real, chegando perto de R$ 5,00. Um aumento da mesma magnitude na Selic também garantiria uma valorização mais rápida do câmbio, maior valorização da moeda brasileira e ajudaria a controlar a inflação. No entanto, o economista considera difícil que o Copom faça isso.
Para a Anova Research, a volatilidade a curto prazo poderá aumentar. Neste cenário, a subida das taxas de juro brasileiras poderia tornar a renda fixa mais atrativa, mas os fluxos estrangeiros continuariam a ser uma força importante para apoiar a “pressão ascendente” do Ibovespa. Essa perspectiva seria muito positiva para a Anova, com a bolsa em máximos históricos.
Já para o CEO da SulAmérica Investimentos, o mercado acionário brasileiro poderá permanecer estável (estável), já que a notícia de queda no exterior poderá compensar o impacto da alta por aqui.
5. Outros cenários
Gala sugere que se o Fed não reduzisse as taxas agora, seria uma surpresa. Isso poderia causar a desvalorização da moeda brasileira, com um câmbio que poderia ir para R$ 5,70, R$ 5,80. E aí apareceria o efeito inflacionário, na sua visão. Gala também projeta como seria se o BC optasse por não aumentar os juros agora. “O efeito é muito semelhante. O câmbio aqui desvaloriza e isso tem um efeito inflacionário maior”, considera.
Mesmo em cenários alternativos, a SulAmérica Investimentos não projeta aumentos acima de 0,50 pp para a Selic nem cortes maiores por parte do Fed. No caso do FOMC, um corte mais agressivo poderia sugerir que a economia americana está desacelerando muito rapidamente, o que poderia ser ruim para os ativos de risco, segundo Mello. “No caso da Selic, se isso acontecer, a Bolsa brasileira sofreria porque toda a curva de juros subiria, inclusive os juros de longo prazo”, afirma.
A evolução dos ativos em cada um dos cenários depende, além de outros fatores, das expectativas do mercado até cada decisão de taxa de juros, considerando dados que ainda serão divulgados tanto no Brasil quanto nos EUA. Além disso, o tom da afirmação, o equilíbrio de risco e a escolha ou não do guidance também norteiam a reação do mercado, segundo Carla Argenta. A possibilidade de outras decisões, porém, não estaria fora de questão, uma vez que já houve um movimento desvinculado das expectativas anteriores, como no início do ciclo de alta do BC, em março de 2021.
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