A Azul (AZUL4) teve um desempenho significativamente inferior ao do mercado nas últimas duas semanas – com uma queda de 46% em comparação com os pares, que caíram entre 4% e 5,5% – devido a notícias sobre uma potencial proteção contra falência nos EUA (ou Capítulo 11), o que foi negado pela empresa.
Para revisar suas estimativas para a companhia aérea, o JPMorgan reduziu o preço-alvo da ação de R$ 19 para R$ 8,50 para dezembro de 2025, um corte de 55%, mas ainda representando um aumento de 109%. em relação ao fechamento da última segunda-feira (9), de R$ 4,07, quando a ação renovou mínimos históricos. O banco mantém recomendação neutra, até que haja maior clareza na gestão das obrigações.
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Para o JPMorgan, a empresa encontra-se num ponto crítico, dependendo da renegociação do instrumento de capital que constitui a sua obrigação de arrendamento (cerca de 5,50 milhões de dólares).
Caso a empresa e seus arrendadores cheguem a uma solução definitiva, potencialmente envolvendo uma diluição de capital (a notícia menciona uma participação de 25% na empresa), os analistas do banco acreditam que a Azul poderá iniciar um novo capítulo, facilitando negociações mais favoráveis para outras alternativas de liquidez com os detentores de títulos.
Neste caso, as alternativas poderiam incluir uma contribuição privada, segundo relatos de cerca de 200 milhões de dólares, e um novo título com o negócio de carga como garantia (com relatórios mencionando 400 milhões de dólares).
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Por outro lado, apontam analistas do banco americano, a falta de acordo com os arrendadores aumenta a probabilidade de um pedido de recuperação judicial. Em qualquer caso, os acionistas estão expostos ao risco de diluição de capital.
Com isso, o banco atualizou suas estimativas após o 2T24: (i) antecipando um consumo de caixa de R$ 550 milhões no segundo semestre, impulsionado pelo vencimento da dívida; (ii) revisão para baixo das receitas/EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2024 e 2025; (iii) redução do múltiplo-alvo em 0,5 vezes, para 5,0 vezes a relação entre o valor da empresa (EV) e o EBITDA, de forma a refletir o aumento da perceção de risco.
Próximas etapas
Para o banco, o primeiro e mais importante passo é renegociar o instrumento de capital de cerca de 550 milhões de dólares acordado no ano passado com os locadores. Pelo acordo atual, a Azul emitiria uma determinada quantidade de ações trimestralmente ao valor de referência de R$ 36,0/AZUL4 (ou pagaria o equivalente em dinheiro). Dado que as ações estão atualmente bem abaixo deste patamar-alvo (último fechamento em R$ 4,07/AZUL4), a empresa busca ativamente alternativas para evitar a diluição excessiva de capital.
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Notícias recentes sugeriram um potencial acordo envolvendo uma participação de 25% na empresa a favor dos locadores – actualmente avaliada em 65 milhões de dólares – em troca do instrumento flutuante de 550 milhões de dólares, sendo provável que um acordo seja anunciado no próximo mês.
“Assumindo que a referida negociação seja concluída com sucesso, a reestruturação dos seus títulos provavelmente será o próximo foco, aproveitando o negócio de cargas da Azul. Os relatórios indicam que isso poderia desbloquear até US$ 400 milhões em novo capital para a empresa. Além disso, não descartamos a possibilidade de uma nova capitalização de ações caso as ações se recuperem após a aprovação de uma nova estrutura junto aos arrendadores”, avalia a equipe de análise do banco.
Na frente operacional, o JPMorgan espera que a empresa continue seu processo de aumento de capacidade, demonstrando capacidade de compensar (pelo menos parcialmente) a recente desvalorização do real.
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“Com base em nossas estimativas atualizadas, projetamos um aumento de 6% ano a ano na capacidade consolidada para 2024, impulsionado principalmente por um aumento de 8% na capacidade doméstica, e ainda apoiado pela reabertura do aeroporto de Porto Alegre no 4T24. Além disso, os preços do combustível de aviação diminuíram cerca de 8% no último mês”, destaca o JPMorgan.
Apesar desses desenvolvimentos positivos, ainda vemos que a Azul queimará aproximadamente R$ 550 milhões em caixa durante o segundo semestre de 2024, incluindo cerca de R$ 350 milhões relacionados à amortização de títulos.
O banco reduziu as suas estimativas de receitas para 2024 e 2025 em 3% e 1%, respetivamente, e está agora 1% abaixo do consenso da Bloomberg para ambos os anos.
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Para o Ebitda, ajustou as estimativas para 2024 em -2% e agora espera R$ 6,0 bilhões (em linha com o mercado), enquanto para 2025 manteve as estimativas em R$ 6,7 bilhões (também quase em linha com o consenso).
“Em nossas estimativas atualizadas, estamos incorporando o instrumento patrimonial dos arrendadores como dívida (cerca de US$ 550 milhões), mas sem diluição adicional de capital (por exemplo, assumindo que a Azul pagaria o negócio atual em dinheiro). Além disso, para o segundo semestre esperamos um consumo de caixa de R$ 550 milhões, o que deve pressionar a dívida líquida daqui para frente”, ressalta.
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