A Vale (VALE3) retirou um forte fator de incerteza da empresa, o que deve esclarecer o caminho e ser um desenvolvimento positivo pela frente. A mineradora oficializou na noite da última segunda-feira (26) o nome de Gustavo Pimenta como seu novo CEO (diretor presidente), eleito por unanimidade pelo Conselho de Administração.
Considerando também o novo dia de avanços do minério de ferro, as ações VALE3 fecharam com ganhos de 3,01%, a R$ 59,80, na sessão desta terça (27).
Conforme destacado pela Genial Investimentos, a escolha do novo CEO ocorre após um longo imbróglio no processo seletivo, envolvendo a recomendação de uma lista tríplice da consultoria Russell Reynolds, que foi contratada em maio para auxiliar nesta tomada de decisão.
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Pimenta, que atualmente é CFO (diretor financeiro) da empresa, traz mais de 20 anos de experiência executiva.
Conforme destaca o Bradesco BBI, esse anúncio veio antes do previsto, pois a decisão só era esperada para dezembro. Pimenta sucederá ao atual CEO, Eduardo Bartolomeo, assumindo a nova função em 1º de janeiro de 2025 (conforme cronograma da empresa divulgado em 1º de maio).
“Lembramos que a sucessão da Vale dominou as manchetes nos últimos meses. No início de março, a Vale anunciou que o Conselho de Administração decidiu prorrogar o atual mandato de Eduardo Bartolomeo (que inicialmente expiraria em setembro) apenas até dezembro, bem como iniciar o processo de sucessão de acordo com sua política. Em maio, a empresa divulgou o cronograma de sucessão do CEO, que previa a contratação de uma consultoria para conduzir o processo de headhunting, sendo que o anúncio do novo CEO deverá se concretizar apenas no dia 3 de dezembro”, apontou o banco.
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O BBI destacou ainda que espera uma reação positiva do mercado, pois vê o anúncio do CEO antes do esperado como um evento de redução de risco para a Vale. Genial lembra que muitos investidores se perguntaram qual seria a decisão do conselho ao escolher a sucessão de Bartolomeo e se a empresa cederia a pressões políticas.
“Destacamos que a incerteza relacionada ao próximo CEO foi uma das principais preocupações dos investidores, e o anúncio deverá ser bem recebido pelo mercado, considerando: (i) o momento (os investidores esperavam que uma decisão fosse anunciada apenas em dezembro) ; (ii) que Gustavo Pimenta construiu um sólido histórico junto aos investidores e à comunidade mineradora em geral; e (iii) uma transição de CEO potencialmente tranquila, com a empresa mantendo sua estratégia disciplinada de alocação de capital”, avaliou o BBI.
O JPMorgan destacou o desenvolvimento positivo para a Vale por vários motivos: (a) a discussão sobre o CEO criou um obstáculo, introduzindo incerteza sobre a nova liderança. Esta incerteza está agora resolvida; (b) mais importante ainda, Pimenta é amplamente conhecida e respeitada pelos investidores.
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Olhando para o futuro, o BBI avalia que os investidores buscarão mais visibilidade sobre um possível acordo relacionado ao acidente de Mariana — que deve ser visto como o próximo evento de redução de risco na história da Vale. O BBI manteve a recomendação de compra da VALE3, negociando a um atrativo múltiplo EV/Ebitda (valor firme/lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 4 vezes para 2024, mesma recomendação do JPMorgan.
O Itaú BBA destaca ainda que uma substituição interna reduz a probabilidade de mudanças significativas na estratégia da empresa e acelera as negociações em curso com o governo (por exemplo, Mariana, concessões e licenças ferroviárias), questões que deveriam estar entre as principais prioridades de Pimenta. “Não esperamos mudanças significativas na estratégia”, avalia a equipa do BBA. Do ponto de vista operacional, o novo CEO provavelmente irá focar-se na melhoria da fiabilidade do sistema Norte, aponta o banco, que também tem uma recomendação equivalente a neutra para as ações.
A Genial, que tem recomendação de compra para VALE3, também entende que o nome de Gustavo Pimenta deve refletir ventos favoráveis para as ações da Vale, afastando de vez a perspectiva de vincular o governo ao cargo de CEO. Além disso, é um nome já conhecido na empresa e no sector, não só percebido como (i) blindando-a de pressões externas do ponto de vista político, mas também (ii) não será um estranho para a tomada de decisões da Vale, uma vez que ele próprio era o responsável pela alocação do capital da empresa, funções atribuídas ao cargo de CFO.
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“Pelo nosso entendimento, Pimenta já conhece os ativos da Vale e os projetos de expansão em andamento (Capanema, MegaHubs e Vargem Grande) e conhece o papel da empresa na transição energética, tendo o VBM (níquel e cobre) e os briquetes verdes papel fundamental na próximos anos dentro da descarbonização da siderurgia”, avalia Genial, destacando que o futuro CEO entrega à Vale um nível responsável de alavancagem, com decisões consideradas assertivas para o capex da empresa durante seus quase 3 anos de gestão como CFO.
O UBS BB também afirmou que considerou o anúncio positivo, avaliando que o executivo foi “o principal arquiteto da disciplinada alocação de capital e da recuperação operacional da Vale nos últimos anos”. Para os analistas, segundo relatos aos clientes, há potencial para que questões ESG importantes, como o caso da Samarco, sejam resolvidas em breve.
(com Reuters)
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