Após o forte avanço da véspera, as taxas do DI fecharam a sexta-feira (23) em queda firme no Brasil, principalmente entre os contratos longos, em linha com a queda nos rendimentos do Tesouro após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, defender o início dos juros cortes nos EUA em Setembro.
Entre os contratos de curtíssimo prazo, a queda nas taxas futuras foi mais modesta, com a curva a termo brasileira ainda precificando um aumento da Selic no próximo mês.
No final da tarde, a taxa DI para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,82%, ante 10,855% do reajuste anterior.
A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,48%, ante 11,617% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,47%, ante 11,627%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 11,58%, ante 11,702%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,56%, ante 11,671%.
Principal evento da semana, a participação de Powell no simpósio de Jackson Hole entregou o que o mercado esperava: indicações claras de que o Fed está caminhando para uma mudança na política monetária.
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Powell argumentou pela manhã que “chegou a hora” de a Fed reduzir a sua taxa de juro, uma vez que os riscos crescentes para o mercado de trabalho não deixam espaço para mais fraqueza e a inflação está no caminho certo para atingir a meta de 2%. Na prática, foi um apoio explícito à flexibilização da política monetária.
“Os riscos ascendentes para a inflação diminuíram. E os riscos negativos para o emprego aumentaram”, disse Powell. “Chegou a hora de ajustar a política. A direção a seguir é clara e o momento e o ritmo dos cortes nas taxas de juro dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspetivas e do equilíbrio dos riscos.”
A reação dos mercados globais ao discurso de Powell foi positiva, com os investidores a procurarem ativos mais arriscados, embora haja dúvidas sobre a magnitude do primeiro corte: 25 ou 50 pontos base.
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As ações em Wall Street avançaram, enquanto os rendimentos do Tesouro e o dólar despencaram. No Brasil, as taxas DI acompanharam o movimento, caindo 20 pontos base no pico de janeiro de 2027 durante o dia.
“Setembro marcará o início de um novo capítulo na luta contra a inflação pós-pandemia. Mas se a flexibilização está ocorrendo nos EUA, aqui estamos discutindo a possibilidade de um maior aperto”, disse Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, em comentário enviado a clientes.
“Acredito que podemos inferir que as chances de aumento da taxa Selic em setembro perdem força se o corte da taxa de juros nos EUA for de 0,5 (ponto percentual). Por outro lado, se for mesmo 0,25, pode ser difícil evitar (a alta da Selic).”
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Apesar da ligeira queda desta sexta-feira, as taxas mais curtas da curva brasileira continuaram precificando um aumento de 25 pontos base na Selic em setembro. Essa perspectiva ainda era em grande parte reflexo das declarações mais recentes das autoridades do BC, especialmente do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo.
Na quinta, ele negou que a autoridade esteja “em um canto” em relação ao que será feito com a Selic em setembro, mas disse que “ter que aumentar os juros é uma situação diária para quem está no BC”.
Com as declarações, a curva precificou na véspera 100% de probabilidade de alta de 25 pontos-base na Selic em setembro. Perto do fechamento desta sexta-feira, a precificação estava em 90% para um corte de 25 pontos-base, contra 10% para a manutenção da taxa em 10,50%.
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No exterior, às 16h36, o rendimento do Tesouro a dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 6 pontos base, para 3,805%.
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