A brasileira JBS (JBSS3), maior processadora de carnes do mundo, teve lucro líquido de R$ 1,72 bilhão no segundo trimestre, revertendo prejuízo registrado no mesmo período do ano passado, dada a robustez de suas operações de aves e suínos em meio a custos mais baixos para matérias-primas como grãos.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (Ebitda) totalizou R$ 9,88 bilhões, mais que o dobro do mesmo período do ano passado, com cerca de 75% do valor proveniente de unidades que processam frango e suínos (Pilgrim’s Pride PPC.O, Seara e JBS USA Suínos).
“O equilíbrio entre oferta e demanda, o (menor) preço das commodities (grãos) e as melhorias operacionais, esse é o tripé que entregou esses resultados”, explicou o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni.
Os preços do milho e da soja, matérias-primas para ração, oscilam perto dos níveis mais baixos em cerca de quatro anos na Bolsa de Chicago, em meio a expectativas de grandes colheitas nos Estados Unidos e em outros países, como o Brasil.
Isto tem um impacto importante nos resultados do grupo, que já foram prejudicados no passado, quando os preços das matérias-primas subiram, comprimindo as margens.
Mas Tomazoni disse que é difícil separar os benefícios da redução de custos do impacto positivo das melhorias operacionais implementadas pela empresa.
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Ele afirmou que a unidade de alimentos processados, aves e suínos da JBS no Brasil, Seara, já superou os desafios operacionais do passado e que melhorias estão sendo incorporadas, mas há mais por vir.
“A Seara já entregou um Ebitda forte, ultrapassando R$ 2 bilhões, mas ainda tem potencial, não está no seu potencial, agora com a incorporação de questões comerciais, precificação, gestão de mix, gestão de distribuição, podemos fazer melhor”, ele declarado.
A Pilgrim’s, na qual a JBS detém 82,5% de participação, já havia reportado EBITDA recorde no segundo trimestre.
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No geral, esses resultados dos segmentos de aves e suínos ajudaram a compensar a queda de 65% no EBITDA da unidade norte-americana de carne bovina, que responde pela maior parte da receita da empresa.
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Com o desempenho operacional apresentado, a JBS aumentou a geração de caixa livre de R$ 1,26 bilhão no segundo trimestre de 2023 para R$ 5,5 bilhões no período de abril e junho, o que permitiu à empresa desalavancar sua dívida.
Em reais, o indicador passou de 3,87 vezes no mesmo período do ano passado para 3,06 vezes ao final do segundo trimestre. Em dólares, a desalavancagem é maior, de 4,15 vezes para 2,77 vezes, com a dívida líquida a cair mais de mil milhões de dólares face ao primeiro trimestre, para 14,8 mil milhões de dólares.
“A empresa reduziu seu endividamento e pode manter seus planos de crescimento, continuar crescendo e gerando retorno aos acionistas”, afirma o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti.
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Mais de R$ 100 bilhões em faturamento
O executivo destacou ainda que as unidades de carne bovina do Brasil e da Austrália estão tendo bons resultados, já que esses países vivem um ciclo pecuário positivo, com maior oferta de gado e menores custos, o que não acontece nos Estados Unidos, que responde por cerca de 30% do faturamento da empresa.
A receita total da empresa, aliás, ultrapassou pela primeira vez os R$ 100 bilhões em um trimestre, atingindo R$ 100,6 bilhões, um aumento de 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre os fatores, o executivo destacou a boa demanda do consumidor, num momento em que alguns mercados onde a JBS atua apresentam consumo estável.
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Apesar das dificuldades com a pecuária nos EUA, ele disse que a empresa está “entusiasmada com o negócio da carne bovina”.
“O Brasil cresceu muito em volumes de processamento animal, e o consumo interno foi maior que as exportações, isso mostra a elasticidade do preço…, o preço no mercado interno cai, o consumidor busca”, declarou, citando também queda nos preços no mercado internacional.
“O consumo internacional está aumentando, o Brasil exportou menos para a China, mas exportou para outros destinos, como Estados Unidos, Chile e Oriente Médio”, afirmou.
Segundo ele, a ideia é que as unidades de carne bovina no Brasil e na Austrália continuem bem, enquanto nos EUA a divisão de carne bovina continue lidando com o alto custo do gado e dificuldades de repasse de preços.
“Na carne bovina nos EUA continuaremos tendo anos difíceis, o ano que vem também não será um ano fácil, talvez no segundo semestre as coisas comecem a melhorar”, afirmou.
Além das dificuldades locais, os produtores norte-americanos também enfrentam a concorrência das carnes importadas do Brasil e da Austrália, lembrou o executivo. “E o consumidor também está migrando de cortes mais caros para cortes mais baratos.”
Sobre o plano de listagem dupla de ações, o CEO da JBS afirmou que esta continua sendo uma estratégia importante para a empresa “desbloquear” valor nos EUA.
Mas ainda aguarda autorização do regulador de mercados norte-americano (SEC).
“Não controlamos esse cronograma, deixamos de querer especificar (uma data), estamos em um processo natural de diálogo e esclarecimento com a SEC, e quando tivermos a aprovação da SEC para o registro, convocaremos a assembleia (de acionistas ) e colocar em votação e acompanhar o processo”, afirmou.
Considerou que a empresa não tem pressa, pois tem gerado resultados “excelentes” e as perspectivas são favoráveis.
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