O Ibovespa fechou esta segunda-feira (12) aos 131.115 pontos e começa a se aproximar da máxima histórica de fechamento, alcançada na reta final do ano passado, de 134.193 pontos. Ou seja, para isso basta que a Bolsa brasileira acumule uma valorização de aproximadamente 2,3% nos próximos pregões, para um novo recorde de pontos.
Apesar disso, o cenário ainda exige cautela aos investidores. Isso porque os analistas entendem que o preço das ações pode ser considerado barato – com uma valorização atrativa –, porém mantêm uma perspectiva neutra no curto prazo.
Como resultado, o mercado accionista está a passar por aparentes contradições: a recente recuperação do mercado accionista não foi suficiente para tornar as acções “caras” e, embora sejam consideradas “baratas” (em termos fundamentais), podem ainda não ser tão atraente.
O que faz o Ibovespa subir?
Para entender esse cenário, vamos começar pelos fatores que levaram o Ibovespa a romper os 131 mil pontos. Entre eles está a safra de resultados corporativos do 2º trimestre, com o desempenho das empresas sendo considerado positivo, como um todo, segundo analistas.
Para especialistas, as empresas continuam apresentando resultados robustos, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador.
O setor financeiro, por exemplo, teve seus resultados bem avaliados, especialmente com Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4).
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“Ainda há oportunidade nos bancos, o que é incomum, pois é um setor com preços elevados. Vemos atratividade no Itaú, tanto em dividendos quanto em crescimento”, afirma Victor Bueno, analista da Nord Investimentos.
Também houve reações positivas das ações aos números do 2º trimestre de empresas como B3 (B3SA3), Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Renner (LREN3) e Casas Bahia (BHIA3).
Bueno também elenca o retorno – mesmo que ainda tímido – dos fluxos externos, como fator essencial para as recentes altas das bolsas e argumenta que a curva de juros dos Estados Unidos “tem se fechado”, o que favorece os mercados emergentes.
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Por que o mercado de ações permanece barato?
Em relação à Bolsa, Bueno destaca que ela está “barata”, argumentando que o indicador P/L fundamental (preço da empresa sobre lucro) está na faixa de 9,7 vezes, ante média histórica de 14,6 vezes, no último dez anos.
Entretanto, o P/EBIT (preço da empresa sobre o lucro antes de juros e impostos) é de 5,2 vezes, em comparação com uma média de 9,1 vezes na última década. Quanto mais baixos forem o P/L e o P/EBIT, mais barato será considerado o ativo – e vice-versa.
“Não podemos afirmar que os múltiplos convergirão para a média de forma orgânica, sem alterações no cenário macroeconômico e fiscal. Ainda veremos empresas apresentando bons resultados, o que poderá até baratear ainda mais a bolsa”, argumenta o analista da Nord.
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Marcos Duarte, analista da Nova Futura Investimentos, explica que “os 130 mil são um divisor de águas para o investidor de curto e médio prazo, pois agora o índice mira 134 mil pontos e depois 138 mil pontos (por análise técnica”).
A partir de agora, a recuperação da Bolsa ainda depende dos próximos indicadores de inflação e de atividade econômica no Brasil e nos Estados Unidos, segundo analistas.
Caso não surpreendam negativamente, “há chances de uma recuperação mais forte, mas a volatilidade no curto prazo ainda pode persistir devido às incertezas globais e possíveis ajustes nos mercados”, reforça Raquel Zucchi, Head de Research da Investo.
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Neutralidade de curto prazo
Mas se a bolsa vem subindo e há possibilidade de atingir novo recorde, por que os analistas não estão otimistas com as ações no curto prazo?
“Não basta esperar a entrada dos investidores estrangeiros, eles retornarão assim que melhorar a percepção do risco fiscal. Ainda temos uma situação delicada”, explica Bueno.
Para ele, não é preciso resolver todos os problemas que o Brasil tem na esfera fiscal, mas sinais de cortes de gastos, entre outros pró-mercado, seriam suficientes para destravar valor na Bolsa.
Renda fixa atraente
Os analistas também não escondem que a concorrência com a renda fixa vem perturbando a Bolsa de Valores. “Os investidores precisam fazer escolhas e ver empresas com números surpreendentes, mas ainda com renda fixa muito forte. Há uma sedução pela segurança (de renda fixa)”, avalia Duarte.
Mas para quem olha um horizonte de pelo menos três anos, pode valer a pena arriscar um pouco mais neste momento: “estamos diante de uma grande oportunidade na Bolsa, mesmo com possíveis solavancos pelo caminho”, explica Bueno.
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