As ações das empresas varejistas de alimentos Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3) caíram mais de 10% no acumulado do ano, enquanto o Ibovespa acumula perdas de 3%. O movimento é intrigante, já que ambos reportaram resultados relativamente sólidos até o momento, como destaca o Goldman Sachs, que aponta os motivos desse desempenho.
O banco americano salienta que grande parte do desempenho negativo foi impulsionado pelo alargamento da curva de taxas de juro.
“Apesar do perfil de procura mais defensivo que os retalhistas alimentares oferecem, as taxas mais elevadas têm um impacto desproporcional nos lucros, uma vez que ambas as empresas permanecem altamente alavancadas após fusões e aquisições (F&A) e investimentos relacionados em anos anteriores”, explica o banco americano.
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Para contextualizar, o Assaí encerrou o 1T24 com dívida líquida/Ebitda de 4,6 vezes (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o Carrefour com alavancagem de 3,0 vezes.
Em termos de avaliação, no último fechamento, o Goldman vê ASAI3 e CRFB3 sendo negociados a 12 vezes e 10 vezes o Preço/Lucro de 2025, respectivamente.
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Neste contexto, o banco concorda que estes níveis não são necessariamente pouco exigentes em comparação com as restantes empresas na sua cobertura. Contudo, acredita que as tendências futuras da inflação alimentar poderão apoiar as vendas e conduzir a revisões em alta dos lucros (na ausência de revisões em alta nas taxas de juro).
Segundo o relatório, o consenso projecta que a inflação alimentar irá acelerar pelo menos até ao final do 3T24, e os analistas acreditam que pode haver risco de aumento nas estimativas de consenso para o primeiro semestre de 2025.
As expectativas do mercado para a taxa de política monetária ao final de 2024/2025 passaram de 9,0%/8,5% no início deste ano para 10,5%/9,5%, segundo estimativas compiladas pelo Banco Central do Brasil.
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Como resultado, as revisões para baixo nas projeções de lucro líquido superaram as do Ebitda acumulado no ano: -28%/-27% para o lucro líquido estimado para 2024 para ASAI3/CRFB3 versus -2%/-11% para o Ebitda.
Mesmo num cenário de taxas elevadas por mais tempo, o Goldman Sachs espera que o lucro por ação (EPS) cresça 13% em 2024 e 57% em 2025.
De acordo com o relatório, espera-se que o crescimento seja impulsionado por um aumento de receita de +12% (média anual), mas também pela desalavancagem contínua da geração de fluxo de caixa positivo à medida que a base de lojas amadurece e o investimento incremental no layout das lojas é menor.
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Da mesma forma, a Goldman Sachs prevê que o lucro líquido do Carrefour quase duplique anualmente no próximo ano.
Para o braço atacadista do Carrefour, os analistas esperam melhores tendências de receita no 2T24, já que a empresa foi relativamente mais promocional durante suas campanhas tradicionais do 2T, com vendas nas mesmas lojas (SSS) crescendo 4% e receita líquida +8%. Neste contexto, o banco vê pouco espaço para expansão da margem bruta.
Em relação à operação de varejo do Carrefour, o Goldman espera que o SSS fique praticamente estável, com a receita líquida caindo 11% ano a ano, resultado do fechamento de lojas de supermercados e hipermercados no período. Além disso, acredita que o Sam’s Club poderá ser mais impactado negativamente pela sazonalidade da Páscoa, levando o SSS a registrar +3,0% (crescimento da receita líquida de +16%) e a margem EBITDA a permanecer praticamente estável ano a ano em 5,0%.
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Por fim, o banco americano reitera rating de compra para Assaí e Carrefour, com preço alvo de R$ 14 para ambos.
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