O ataque ao candidato republicano Donald Trump no último sábado (13), na Pensilvânia, levantou a perspectiva de vitória do ex-presidente dos EUA nas eleições deste ano. Esse aumento nas projeções pode gerar impactos não só em Wall Street, mas também no mercado brasileiro, como apontam especialistas.
Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os ativos brasileiros negociados em Nova York devem reagir positivamente aos acontecimentos ocorridos no sábado.
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Isso porque o mercado tem demonstrado desconforto com a persistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disputa a reeleição, em dar continuidade à disputa, em meio a dúvidas quanto ao seu estado de saúde. Assim, poderá dar tranquilidade aos mercados, com o Ibovespa eventualmente testando a importante marca psicológica dos 130 mil pontos.
“Taxas de juros futuras e dólar olham mais para movimentos políticos [domésticas]. O inspetor ainda é chato. O dólar ainda tende a ficar na faixa dos R$ 5,40 e os juros estão pressionados”, estima.
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Um quadro mais prospectivo em relação às taxas de juros e de câmbio só seria possível se houvesse mudanças consideráveis nas perspectivas de aumento da receita federal, afirma. “Não querer impor um monte de cobranças, como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da CSLL.”
Com visão divergente, o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal, destaca que a aversão ao risco deve dar o tom do mercado.
“Em condições normais, uma situação como esta deveria enfraquecer o dólar, porque foi um tiro no coração da sociedade americana. Mas a aversão ao risco pode causar uma corrida aos ativos americanos, que são mais seguros”, afirma. “Mas a aversão ao risco nos Estados Unidos nunca é boa para os países emergentes.”
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Dólar mais forte?
Olhando para Wall Street e os efeitos globalmente, Alexandre Mathias, economista e estrategista-chefe da Monte Bravo Corretora, aponta que o dólar poderia se fortalecer globalmente e poderia haver um aumento na inclinação da curva de juros devido ao maior risco fiscal, com menos impostos e o risco de inflação com a proposta de taxar as importações, num possível governo Trump, diz Mathias.
“As ações de empresas ligadas a armamentos, gastos militares e farmacêuticos, ou seja, grandes corporações, tendem a ser favorecidas”, estima, ao avaliar Wall Street. O economista da Monte Bravo salienta que depois da atuação desastrosa do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, num recente debate televisivo, Trump já era o claro favorito.
“Mas depois do ataque esse favoritismo vai aumentar ainda mais. A imagem de um Donald Trump ensanguentado e com o punho erguido na Pensilvânia tendo como pano de fundo uma bandeira americana ao sol entrará instantaneamente na história como um daqueles momentos que definem uma época”, menciona Mathias.
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A XP não espera grandes reações do mercado. Em princípio, poderia ser negativo do ponto de vista do ambiente político e das possibilidades de escalada da violência e de mais incerteza.
“Fora isso, não deverá haver grandes mudanças, tendo em vista que as maiores chances de vitória do Partido Republicano já estavam cotadas desde o dia seguinte ao debate presidencial, que foi visto como um desastre para o candidato do Partido Democrata, Joe Biden , no fim. Junho”, avalia o estrategista global da casa, Paulo Gitz.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a tendência é de aumento dos juros longos nos Estados Unidos, dadas as incertezas sobre o futuro da política fiscal do país. “Trump fala em cortar impostos para tentar aumentar o crescimento económico e aumentar as receitas, mas isso não funcionou quando ele tentou”, diz Vale.
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A perspectiva de uma taxa de juros mais elevada, porém, não levará automaticamente a um cenário de fortalecimento do dólar global, segundo o analista. A Vale destaca que, caso a elevação das taxas ocorra na esteira de uma perspectiva de maior risco para a política fiscal, o impacto direto poderá ser a desvalorização da moeda americana.
“O comportamento da economia dos EUA tem sido cada vez mais semelhante ao da América Latina. Aqui temos episódios de aumento dos juros devido à incerteza fiscal e enfraquecimento do câmbio”, explica.
Na avaliação do economista, tudo indica também um aumento do risco geopolítico, com a diminuição do papel dos Estados Unidos em episódios globais como a guerra na Ucrânia e o aumento do protecionismo económico.
(com Estadão Conteúdo)
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