A Camil (CAML3) divulgou os resultados do primeiro trimestre da safra na noite da última quinta-feira (11), com números sendo refletidos no mercado nesta sexta-feira (12), com as ações registrando salto de 8,10%, R$ 9,34, às 12h: 17h (horário de Brasília). No geral, as perspectivas eram positivas e os resultados estavam acima do consenso do mercado, mas algumas análises divergiram sobre se os números eram tão bons ou se as ações já não precificavam os ganhos.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) foi de R$ 251 milhões, um aumento de 42% na base anual e atingindo uma margem de 8,7%.
Na XP, a Camil registrou resultado sólido, com destaque novamente para a alta do arroz.
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Contudo, os analistas da casa também observam: (i) incentivo a ganhos de eficiência nas despesas gerais e administrativas (G&A); (ii) controlou as despesas com vendas, apesar dos impactos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul (RS); (iii) ao aumento dos volumes das categorias de alto valor; e (iv) resultados financeiros melhores que o esperado, impulsionados pela desalavancagem (dívida líquida/Ebitda foi de 3,3 vezes versus 3,5 vezes no 1T23), o que levou a um aumento do LPA, ou lucro por ação (51% acima da projeção da XP).
“Vemos a história das ações da Camil melhorando à medida que a eficiência G&A, juntamente com o surgimento de novas categorias, deve levar a margens estruturalmente mais altas. O processo de desalavancagem em curso também é positivo, embora projetemos que ocorra em ritmo lento”, avalia a corretora.
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Na visão do JPMorgan, as operações internacionais também registraram melhor desempenho, com margens novamente próximas da marca de 10%. O trimestre viu o fluxo de caixa livre (FCF) e a alavancagem fortemente impactados pelos investimentos em capital de giro no trimestre, apesar de ser principalmente sazonal. O banco também destacou a boa dinâmica dos lucros.
O BTG Pactual, por sua vez, vai na contramão e diz que, embora o resultado tenha ficado acima do consenso, ficou abaixo da sua estimativa. “Esperávamos um aumento mais significativo no volume trimestral após uma aparente redução de estoques no último trimestre, que resultou em uma queda de 7% na receita, para R$ 2,9 bilhões (9% na base anual). Porém, algumas qualidades desejadas estiveram presentes, como o aumento médio do preço de 14,5% ano a ano e a expansão da margem bruta em 90 pontos base (bps), para 21,6%”, avalia o banco.
Uma ressalva é que essas melhorias foram impulsionadas principalmente pelas operações internacionais, enquanto o Brasil teve um desempenho mais fraco. Os lucros aumentaram 23% ano a ano, para R$ 78 milhões, 29% abaixo das expectativas devido a custos financeiros líquidos superiores ao esperado.
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Enquanto isso, Bank of America aponta que os resultados foram surpreendentes, mas ainda tem recomendação desempenho inferior (desempenho abaixo da média de mercado, equivalente a venda) para ativos CAML3.
O banco cita que a margem bruta foi mais forte em todos os aspectos, dados os preços internacionais acima do esperado e a diluição de custos no Brasil, enquanto o lucro de R$ 79 milhões foi superior ao projetado pelo banco americano, de R$ 51 milhões devido para resultados operacionais mais sólidos. No entanto, o BofA manteve uma recomendação de venda equivalente para CAML3, observando que, embora a empresa tenha um sólido impulso de curto prazo, impulsionado principalmente pelos preços mais elevados do arroz, acredita que está precificado.
“A ação superou o Ibovespa em 6% no acumulado do ano e o M.Dias Branco MDIA3 em 28%. (…) Além disso, vemos desafios relacionados ao crescimento do negócio cafeeiro”, aponta o banco.
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Por outro lado, JPMorgan, XP e BTG têm recomendação equivalente a compra. O BTG vê dois principais catalisadores que devem fazer a tese de investimento da Camil funcionar com base em uma proposta de 12 meses: (i) a capacidade de levar a margem EBITDA consolidada de volta aos níveis históricos, e (ii) a desalavancagem do patrimônio líquido do balanço, que foi sob certa pressão após gastar R$ 1 bilhão em aquisições nos últimos três anos. “Com os preços de muitas de suas principais categorias ainda em alta, acreditamos que o impulso dos resultados pode ser sustentado e possibilitar um Ebitda acima de R$ 1 bilhão em 2024”, avaliam os analistas do banco.
As oportunidades de expansão para novas categorias são raras entre as empresas de bens de consumo listadas, tornando a Camil uma das poucas histórias de crescimento genuíno neste setor. A avaliação ainda é atractiva, uma vez que o crescimento dos lucros acelera ainda mais com base no potencial de desalavancagem que se avizinha.
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