A última semana foi de recuperação para a Bolsa brasileira, com o Ibovespa fechando o período com alta de 1,9% em reais, pela terceira semana consecutiva, com altas em todos os pregões, e subindo 3,5% em dólares, fechando aos 126.267 pontos. E, em relatório, a Ágora Investimentos destacou um fator estatístico que pode jogar a favor do benchmark da Bolsa: a regressão à média.
A casa de análise menciona que, estatisticamente falando, há uma tendência de as coisas voltarem ao “normal” – um fenômeno (não uma lei física) conhecido como regressão à média.
Este fenômeno ocorre porque qualquer resultado extremo provavelmente será seguido por um resultado mais “normal”. Isso não significa, dizem os estrategistas, que o desempenho esteja realmente mudando; trata-se simplesmente de uma observação de que resultados extremos são, por definição, menos comuns do que resultados mais moderados.
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A casa de análises cita o exemplo de um aluno que normalmente tira notas médias em provas, de repente tira nota muito alta em uma prova específica. A tendência é que a nota, na próxima prova, fique mais próxima da sua média habitual do que do resultado excepcional. “Obviamente, essa distorção pode ser devida a ‘n’ fatores, como: (i) o aluno pode ter realmente estudado muito mais (e, a partir de agora, suas notas serão sempre mais altas); (ii) pode ter trapaceado (com a famosa cola); ou, simplesmente (iii) ele pode ter tido sorte. De qualquer forma, houve uma distorção e é esperada alguma mudança de comportamento”, explica.
Assumindo que este fenómeno, que se aplica aos estudantes, também é minimamente verdadeiro para os investimentos, os analistas acreditam que há uma distorção em termos de distribuição de recursos no mercado que terá de ser corrigida em algum momento.
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Sendo a maior economia do mundo, Ágora destaca que é natural esperar que o mercado de ações dos Estados Unidos seja o maior do mundo – tal como é. Porém, historicamente, as ações americanas representavam pouco mais de 50% do valor do mercado global e, atualmente, representam quase 70% – graças principalmente aos famosos “Magnificent 7”, grupo formado por Apple, Amazon, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.
Alternativamente, o pequeno mercado brasileiro sempre representou algo em torno de 1,60% do valor global das ações – e hoje, devido a alguns contratempos (entre eles a recente alta do dólar), representa menos de 1%.
Ágora destaca que há diversos fatores que podem explicar a distorção histórica – alguns deles fundamentais (inteligência artificial, novas tecnologias, entre outros) e outros de natureza técnica (taxa de juros, paridade cambial etc.). A casa vê que esse distanciamento tem origem nas duas frentes.
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“No entanto, embora acreditemos que o lado fundamental continuará a beneficiar os mercados desenvolvidos (especialmente os americanos), o lado técnico poderá começar a desempenhar um papel importante aqui nos próximos meses. Depois de dados recentes sobre a economia americana, que mostram alguma desaceleração na criação de empregos, e de discursos de representantes do Fed sugerindo uma trajetória de inflação mais benigna, as apostas em cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos se solidificaram: mais de 75% do mercado acredita em um primeiro corte em setembro, seguido de novo movimento de 0,25 p.p. (ponto percentual) em dezembro – visão que a equipe de economistas da casa ainda não compartilha (projeta apenas um corte de 0,25 p.p., ocorrido em dezembro). “Isso terá, na nossa opinião, um impacto muito significativo aqui”, avalia.
Desde que os juros americanos começaram a subir, o prêmio exigido pelos investidores para se posicionarem nas ações brasileiras disparou: passando de uma média de 5% em relação à renda fixa nos últimos anos, para mais de 11% em períodos de maior estresse – atualmente esse número está acima de 7%.
Com a “normalização” dos juros nos Estados Unidos, a equipe de análise da Ágora vê que parte dos recursos destinados à renda fixa por lá poderá migrar para outros instrumentos – e, como a bolsa americana já está em níveis recordes, é provável que algo possa ser revertido para o mercado brasileiro.
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Esta maior procura por activos deverá aumentar os preços – e, consequentemente, reduzir o prémio de risco. “No nosso cenário base, mesmo com os juros reais (Tesouro IPCA+) nos níveis atuais, a convergência do prêmio aos níveis históricos levaria gradativamente o Ibovespa aos patamares de 130 mil pontos e, posteriormente, acima dos 143 mil pontos”, aponta. fora.
Ágora destaca que, naturalmente, há muitas variáveis a serem consideradas nesta equação, mas aparentemente esse cenário é o que tem estimulado a busca pelo risco e foi o responsável por essa ascensão recente do nosso mercado. “O quão sustentável e intensa será essa recuperação só o tempo dirá, mas por enquanto estamos um pouco mais positivos com o mercado de ações”, avalia.
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