Um semestre muito negativo para o Ibovespa estava próximo, com o índice fechando em queda superior a 7%, afetado principalmente por ações de empresas ligadas ao consumo interno em meio à perspectiva de juros elevados por mais tempo aqui e no exterior.
Por outro lado, empresas como os frigoríficos BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), além da Embraer (EMBR3), com várias delas com características de serem exportadoras, se destacaram positivamente, em meio à valorização do dólar. saltar neste período. primeiro semestre do ano.
Confira os destaques de baixas e altas do Ibovespa no primeiro semestre de 2024:
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Maiores quedas
Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3): quedas de 54,15% e 44%
O primeiro semestre do ano não foi nada positivo para as ações da companhia aérea Azul (AZUL4). No início de 2024, os ativos estavam sob grande pressão devido à recuperação judicial da Gol (GOLL4) nos Estados Unidos. Embora analistas de mercado inicialmente tenham visto o RJ da rival como positivo para a Azul, com a empresa conseguindo ganhar terreno com uma possível fraqueza ou redução nas operações da Gol em meio ao processo, as ações foram pressionadas pelo aumento da percepção de risco com o setor em geral. A AZUL4 ainda teve alguns flashes na bolsa após a notícia de que tinha interesse em “explorar oportunidades” com a Gol, sinalizando uma fusão.
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Porém, a alta do petróleo e do dólar, que correspondem a grande parte dos custos da empresa, também acabou afetando as ações da empresa. O BTG Pactual destaca que as companhias aéreas estão entre as mais afetadas pela desvalorização do real, com cerca de 80% de suas vendas em reais, enquanto cerca de 50% de seus custos caixa (principalmente combustível) são em dólares americanos. Porém, vale destacar que o Bradesco BBI destacou que a Azul precifica, no patamar atual das ações, um dólar a R$ 6,50 (ou seja, patamares bem acima dos atuais), mantendo assim uma compra pelos ativos.
A alta do dólar também acaba afetando ações de empresas ligadas ao setor aéreo, como empresas de turismo, como a CVC (CVCB3), também entre as maiores perdedoras do Ibovespa. Em meados de maio, as ações da empresa ainda sofreram perdas com a saída da empresa como a do presidente do conselho de administração, Valdecyr Maciel Gomes, além de outros três membros do conselho. Além disso, o mercado continua a valorizar os desafios da empresa na melhoria do seu balanço, depois da frustração com os resultados do primeiro trimestre de 2024.
Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3): quedas de 52,75% e 49,28%
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Os setores educacionais também estão entre as maiores vítimas do Ibovespa, tanto por fatores macro – com juros elevados por mais tempo afetando a visão do mercado, pelas condições da população de ingressar nos cursos das empresas e pelo alto endividamento -, mas também pelo aumento do governo de cerco em algumas áreas, como ensino a distância.
Numa recente revisão das recomendações do sector, o Morgan Stanley entendeu que o sector continuará a ter múltiplos baixos. A análise destaca que a sustentabilidade da procura ainda é incerta e que a influência dos intervenientes ainda persiste. O agravamento da regulamentação torna o ensino a distância ainda mais arriscado, segundo o banco. O momento atual é de mais regulamentação por parte do Ministério da Educação e Cultura (MEC), enquanto ainda se espera pela sua própria regulamentação. Os analistas do banco têm recomendação equivalente a neutra para Cogna e Yduqs.
Magazine Luiza (MGLU3): queda de 43,95%
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Juros elevados por mais tempo, com a Selic mantida em 10,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), além do cenário de maior risco para o Brasil, continuam afetando empresas de consumo e varejo, com destaque para o Magazine Luiza (MGLU3). Além disso, o Magalu também é visto como uma das empresas mais afetadas negativamente pela alta do dólar, como mostrou recentemente uma análise do Santander.
O movimento ocorre mesmo após algumas evoluções positivas para o setor e também para a empresa. Tributar a 20% as compras internacionais de até US$ 50 gera um alívio parcial para as compras nacionais, mas o cenário competitivo continua bastante desafiador. Dessa forma, o Magalu, numa estratégia “se não pode vencê-los, junte-se a eles”, anunciou no final do semestre um acordo com a plataforma chinesa Aliexpress para vender seus produtos nos dois marketplaces. No dia 24, MGLU3 saltou 12,28% reagindo à notícia.
Antes mesmo desse anúncio, no início de junho, o Itaú BBA destacou que tinha uma visão mais construtiva para o Magalu, mas manteve uma recomendação neutra. O banco avalia que a empresa superou as estimativas de rentabilidade nos últimos trimestres, mas a receita ainda ficou aquém das expectativas, o que levou a equipe de pesquisa a adotar uma postura ainda cautelosa em suas previsões de crescimento de receita neste momento.
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MRV (MRVE3): desvalorização de 40,52%
O ano já começou difícil para as ações da MRV (MRVE3) em meio a especulações sobre a mudança da orientação em fevereiro e a previsão operacional. As notícias mais negativas continuaram com resultados nada encorajadores. No final de maio, a Goldman Sachs destacou que não foi muito positivo com as ações MRVE3, avaliando que a construtora continua a enfrentar dificuldades na desalavancagem. O Itaú BBA afirmou que está positivo com construtoras de baixa renda e tem recomendação de compra da MRV, mas indicou que tem preferência pela Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3).
Confira as maiores quedas do Ibovespa no semestre:
Empresa | relógio | Preço | Alteração percentual |
Azul | AZUL4 | R$ 7,34 | -54,15% |
Yduqs | YDUQ3 | R$ 10,41 | -52,75% |
Cogna | COGN3 | R$ 1,77 | -49,28% |
CVC | CVCB3 | R$ 1,96 | -44% |
Revista Luiza | MGLU3 | R$ 12,05 | -43,95% |
MRV | MRVE3 | R$ 6,68 | -40,52% |
Maiores altos
BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3): altas de 64,16%, 29,55% e 27,42%
As ações dos frigoríficos e das empresas de proteínas foram destaque no primeiro semestre, com destaque para a BRF. A reviravolta nas operações da dona da Sadia e da Perdigão, que levou a um resultado considerado histórico no primeiro trimestre de 2024 (1T24), animou os ativos BRFS3, com muitos analistas também discutindo se o aumento já foi longe demais. Recentemente, o JPMorgan reiterou a sua recomendação sobrepeso (exposição acima da média do mercado, equivalente a compra) para a ação, pois prevê forte perspectiva de negócios à frente tanto nas operações internacionais quanto nas brasileiras, além de uma valorização atrativa. O banco norte-americano explica que a “redução da dívida e a melhoria dos indicadores operacionais (KPIs) deverão tornar o negócio mais previsível e menos volátil, qualificando-o para uma reavaliação”. O Goldman Sachs, por sua vez, tem recomendação neutra para as ações.
Para o sector em geral, os analistas destacaram uma melhoria no ambiente de preços enquanto, no final do semestre, houve um novo gatilho após a notícia de que o Ministério do Comércio chinês tinha lançado uma investigação anti-dumping às importações de carne de porco proveniente da União Europeia (UE), na sequência de uma denúncia apresentada pela empresa estatal China Animal Husbandry Group. Analistas apontaram que, embora ainda não esteja claro se as alegações resultariam em medidas antidumping e mudanças no atual fluxo comercial global, elas poderiam levar ao aumento das expectativas no curto prazo para as exportações brasileiras de proteínas. Além disso, mais recentemente, a alta dos estoques dos frigoríficos também está relacionada à alta do dólar, uma vez que as empresas ou têm operações no exterior ou detêm grande parte de sua receita de exportação.
Embraer (EMBR3): ganhos de 61,46%
“Supertese”, visão de rompimento de duopólios, entusiasmo com novos contratos e hedges com o dólar e em tempos difíceis para o mercado em geral: esses foram os motivos para as ações do EMBR3 dispararem contra a bolsa. Em março, emblemáticamente, diversas casas começaram a revisar para cima os números da empresa. Destaque na ocasião, o Morgan Stanley dobrou o preço-alvo dos ADRs (receitas de ações negociadas na Bolsa de Valores americana), com analistas destacando a empresa “como o terceiro player no mercado de aeronaves comerciais, ganhando espaço e possivelmente quebrando o duopólio da Boeing e Airbus”. JPMorgan e Goldman Sachs seguiram o sentimento com as ações da fabricante de aeronaves. Em junho, a empresa também anunciou um pedido de 20 jatos E2 da empresa Mexicana de Aviación. Para o início do segundo semestre, o mercado está de olho na feira de aviação de Farnborough, na Inglaterra, que acontecerá entre os dias 22 e 26 de julho, o que poderá ser um gatilho para as ações.
Cielo (CIEL3): ganhos de 24,67%
A Cielo (CIEL3), em processo de fechamento de capital, registrou uma das maiores altas do Ibovespa no semestre, mesmo sem prêmio significativo para a OPA. No final de abril, os acionistas rejeitaram em assembleia uma proposta dos acionistas minoritários para realizar uma reavaliação de ações. Na prática, isto significa que a oferta pública continuará nos termos da última proposta apresentada e o processo poderá terminar entre o final de julho e o início de agosto.
Os controladores, Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), aceitaram o aumento do preço da oferta pública de ações (OPA) para R$ 5,60, com a condição de que os acionistas minoritários votassem contra a criação de um novo relatório, e eles devem ser este o preço de fechamento de capital.
Confira as maiores altas do Ibovespa no semestre:
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