O comportamento dos preços da energia determinará se a CPFL (CPFE3) desenvolverá projetos greenfield (aquele que começa do zero) de geração e energia renovável. Esta é uma das mensagens que a empresa-mãe da empresa, a China State Grid, transmitiu numa reunião com analistas e investidores na China.
Para analistas do Itaú BBA, que participaram do encontro, a controladora, que também é a maior concessionária de serviço público do mundo, não quer obrigar a CPFL a desenvolver projetos greenfield sem retorno atrativo. O banco tem uma recomendação superar (desempenho acima da média do mercado, equivalente a compra), com preço alvo de R$ 39,70, para ativos CPFE3.
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“Perguntamos à administração se a estratégia da empresa poderia mudar com a entrada de fabricantes chineses de turbinas eólicas no Brasil e eles responderam que a CPFL só desenvolveria novos projetos greenfield e projetos de energia renovável se as perspectivas de preços da energia melhorassem. ”, segundo relatório do Itaú BBA.
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Com os reservatórios ainda em níveis elevados, os preços da energia permaneceram baixos no Brasil. O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), que serve de referência para contratos de energia, está no mínimo de R$ 61,07, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Este nível inibiu projetos de nova geração.
Segundo analistas do Itaú BBA, a State Grid reforçou o interesse em investimentos no Brasil, com visão positiva sobre as perspectivas de crescimento e o ambiente regulatório do setor. A State Grid controla a CPFL desde 2017 e também possui ativos na área de transmissão de energia, com a linha que atende a usina de Belo Monte, no Pará (PA).
“A administração tem uma visão construtiva sobre as perspectivas de crescimento do PIB do Brasil e, portanto, acredita que o país precisará investir em sua rede elétrica e em nova capacidade de geração para atender às suas necessidades energéticas”, relataram os analistas.
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Especificamente em relação à CPFL, analistas relataram que a empresa demonstrou confiança na gestão da empresa no Brasil, que apresentou crescimento de seis vezes no lucro desde a aquisição e que manteve níveis de alavancagem. Além disso, afirmaram que não há pressão para aumentar o pagamento de dividendos.
E o negócio de distribuição permanecerá separado do negócio de transmissão de energia da empresa chinesa no Brasil. “A State Grid acredita que faz sentido manter duas entidades separadas, uma vez que os seus negócios são muito diferentes, sem sinergias operacionais claras.”
Esta eventual fusão dos negócios da State Grid no Brasil já foi destacada algumas vezes como fator de preocupação dos investidores.
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Experiências da China
A State Grid também afirmou que tem interesse em compartilhar sua experiência na operação de uma grande rede interligada com o governo brasileiro. Isso porque a expectativa é que a rede no Brasil registre aumento da intermitência com o crescimento das fontes eólica e solar, além da maior utilização de veículos elétricos, o que pressiona a demanda.
Relativamente aos veículos eléctricos, a State Grid tem a experiência de ter instalados postos de carregamento, o que permitiu a expansão desta frota no país. Atualmente, são 23 milhões de veículos, dos quais 9 milhões foram adicionados no ano passado. Além da gestão da rede, a empresa também apresentou novas tecnologias de carregamento.
“Eles nos mostraram algumas estações de carregamento que apresentam a tecnologia Vehicle-to-Grid (V2G), que permite que a energia carregada seja temporariamente empurrada de volta para a rede a partir de baterias de automóveis para contrabalançar as variações na produção e consumo de energia.” , eles explicaram.
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Ainda entre as novas tecnologias está o uso de medidores inteligentes de energia. Desta forma, é possível evitar o carregamento de veículos elétricos nos horários de maior procura, num regime de tarifa variável.
Em modelo semelhante, a CPFL afirmou que pretende instalar esses medidores inteligentes nos próximos cinco anos, e um investimento que ficará entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões.
“Em nossa opinião, o Brasil deveria acelerar a instalação de medidores inteligentes, dados os desafios associados a uma maior eletrificação e ao crescimento das energias renováveis. A otimização do uso da rede provavelmente compensaria os custos de substituição de medidores antigos por medidores inteligentes”, avaliam analistas do Itaú BBA.
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