Impressas nas camisas dos jogadores de futebol e ganhando cada vez mais espaço nas propagandas televisivas, as chamadas empresas de “apostas” (apostas esportivas online) trazem mudanças nos hábitos dos brasileiros – afetando também o consumo em segmentos antes vistos como impactados.
Se os retalhistas já eram identificados como sendo muito afetados pelo aumento das apostas online por parte da população, agora setores ainda mais resilientes, como as telecomunicações, estão a assistir a mudanças nos seus clientes com parte dos rendimentos a ir para as apostas.
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Em nota durante debate sobre o setor de internet móvel no evento Teletime TEC da semana passada, as empresas de telefonia e internet Claro e TIM (TIMS3) apontaram que os sites de apostas esportivas têm sido os maiores concorrentes para o bolso dos consumidores de menor renda. . Em geral, as empresas de telecomunicações têm tido dificuldade em aumentar a receita com clientes de planos pré-pagos – que fazem recargas periódicas.
“A ‘bet’ é a principal concorrente no momento. Não sei quão prejudicial isso será no longo prazo. São pessoas de baixa renda, com dificuldade de manter as necessidades básicas, apostando de forma muito simples”, afirmou o presidente da Claro, Paulo César Teixeira.
O diretor de marketing da TIM, Paulo Esperandio, concordou com a afirmação do presidente da Claro. “No pré-pago temos um grande desafio, porque o consumo é mais elástico (ou seja, a procura pelo serviço varia muito de acordo com a disponibilidade de renda). E a competição pela participação nas carteiras dos clientes é gradual. Nesse sentido, as ‘apostas’ geram mais concorrência”, destacou.
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A TIM está monitorando os efeitos colaterais gerados pelo crescimento do mercado de ‘apostas’, que também tem gerado reclamações de varejistas, acrescentou Esperandio.
Em relação ao varejo, na semana passada a SBVC (Associação Brasileira do Varejo e do Consumidor) divulgou um estudo sobre as implicações do crescimento exponencial das apostas esportivas para o varejo brasileiro.
Entre os principais destaques, como aponta a XP, estão: 64% dos que apostam online no Brasil utilizam sua principal fonte de renda para apostar; 63% dos que apostaram no Brasil afirmam que parte da sua renda foi destinada às apostas online e, em termos de implicações no consumo, 23%, 19% e 14% dos que apostaram online afirmam que se abstiveram de comprar roupas, alimentos /mercadorias e produtos de higiene pessoal, respectivamente.
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Quanto mais jovem for a idade do apostador, mais forte será o impacto no consumo, com mais de metade dos jogadores online a apostar pelo menos uma vez por semana.
“A pesquisa da SBVC reforça nossa opinião de que as plataformas de apostas online estão ganhando parte da carteira dos consumidores de baixa renda, embora o aumento da tributação possa tornar as apostas marginalmente menos atrativas”, avalia a XP.
No início do ano, a equipe de análise da casa havia mapeado o mercado de apostas brasileiro, mostrando que as despesas mensais poderiam atingir cerca de 20% do orçamento discricionário das famílias de baixa renda e ainda é um mercado com crescimento exponencial.
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(com Estadão Conteúdo)
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