A Copa América 2024 já começou e os dois grandes favoritos são as seleções da Argentina e do Brasil. Atual campeã mundial, a Argentina de Messi pode levar vantagem, esportivamente, diante da seleção brasileira, que está em reconstrução, após o fracasso da última Copa do Mundo, no Catar.
Na economia, porém, o Brasil teve claramente uma vantagem nos últimos anos, já que o país vizinho foi punido pela hiperinflação e por uma grande recessão – apesar de todos os problemas internos do Brasil.
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Porém, como legítimo “azarão”, a economia argentina tem surpreendido em 2024, seis meses após o início do governo de Javier Milei. E isso fica claro nas projeções para as contas públicas.
Logo após a vitória de Milei, muitos analistas apontaram que a Argentina poderia estar mergulhando num “mar de incertezas” – dados todos os desafios que o seu governo enfrentaria.
Mas, depois de meio ano, essas incertezas começaram a se dissipar, enquanto aqui, no Brasil, as preocupações fiscais e o ruído político têm afastado os investidores, fazendo com que o real perca mais valor que o peso, em 2024, frente ao dólar.
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Na comparação internacional, entre a percepção de segurança para os investimentos estrangeiros, as moedas são um grande indicador – qual país é mais ou menos arriscado.
Aproveitando essa “vitória” argentina – não de Messi, mas de Milei – sobre o Brasil no câmbio, em 2024, o InfoMoney selecionou uma série de indicadores econômicos para ver quem está ganhando vantagem.
Além do câmbio, em que mais os “hermanos” levam vantagem? Confira abaixo:
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Copa América 2024: Argentina e Brasil
Governado por figuras políticas antagônicas e de espectros políticos divergentes – Argentina, à direita, e Brasil, à esquerda – o movimento cambial chamou a atenção dos analistas.
Os méritos dos vizinhos encontram-se, essencialmente, no movimento de reformas económicas, que irá gerar grandes cortes de despesas, o chamado “ajuste fiscal”.
Aqui não entramos no mérito das consequências sociais destas medidas, mas sim que o governo Milei procura equilibrar as contas públicas.
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Isto, num horizonte de médio e longo prazo, tende a reduzir a inflação e a necessidade, consequentemente, de taxas de juros elevadas, melhorando a economia.
E, parafraseando um velho ditado sobre a virtude da “esposa de César”, não basta estar buscando essa melhoria, é preciso parecer que você está buscando.
Aqui, entretanto, prevalece a desconfiança em relação à capacidade do governo de realizar cortes de gastos. O governo brasileiro, por exemplo, revisou – para pior – a meta de superávit para 2025.
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Fora isso, o governo brasileiro busca fechar as contas públicas em 2024 com mais receitas, provenientes de aumentos de impostos, do que através de cortes de gastos.
No entanto, tem encontrado resistência no Congresso a determinadas iniciativas, levantando inclusive dúvidas sobre o encerramento das contas públicas em 2024.
Dito isso, vamos a campo comparar, a seguir, os desempenhos e expectativas para 2024 de alguns indicadores financeiros, do Brasil e da Argentina.
Os dados foram compilados para o InfoMoney por Austin Avaliação. A informação macroeconómica é proveniente do FMI, que aplica uma metodologia que pode ser comparada entre países. Portanto, alguns dados podem diferir dos do Banco Central do Brasil, mais especificamente no que diz respeito às contas públicas.
Vitória argentina
Taxa de câmbio em 2024 em relação ao dólar:
Peso argentino: -10,80%
Real brasileiro: -11,00%
Bolsas de Valores em 2024 em termos nominais:
Merval (Argentina): +69,6%
Ibovespa (Brasil): -10,2%
Bolsas de Valores em 2024 em termos reais:
Merval (Argentina): -1,3%
Ibovespa (Brasil): -12,2%
Resultado nominal líquido das administrações públicas (% do PIB)* – quanto maior melhor
Argentina: 0%
Brasil: -6,3%
Resultado primário líquido das administrações públicas (% do PIB)* – quanto maior melhor
Argentina: +2,2%
Brasil: -0,6%
Dívida bruta do governoOl (% do PIB)* – menor, melhor
Argentina: 86,2%
Brasil: 86,7%
Saldo em conta corrente (% do PIB)* – quanto maior melhor
Argentina: 0,9%
Brasil: -1,4%
Exportações de bens e serviços (Variação%)*
Argentina: 27,1%
Brasil: 3,0%
Brasileiros vencem
Crescimento do PIB*:
Brasil: +2,2%
Argentina: -2,8%
Taxa de inflação**:
Brasil: 3,93%
Argentina: 276,4%
Taxa de juro:
Brasil: 10,50% ao ano
Argentina: 40,00% ao ano
Uma gravata
Taxa de desemprego* (% da população economicamente ativa)
Brasil: 8%
Argentina: 8%
*Projeção do FMI para 2024
** Últimos dados disponíveis
Quem ganha em 2024?
Para 2024, dos 12 indicadores utilizados, a Argentina venceu em 8, o Brasil em 3 e houve 1 empate.
O resultado pode até surpreender, mas acontece, principalmente quando se comparam as contas públicas.
Nesse quesito, a Argentina está à frente do Brasil, em 2024, na maior parte deles, justamente, pelo esforço do governo Milei para acertar as contas, o que foi levado em consideração pelo FMI.
Indicadores sociais como a esperança de vida, o nível de educação, a taxa de pobreza e o índice de desenvolvimento humano também não estão a ser considerados.
Outro fator, importante reforçar, é a base de comparação, favorável aos argentinos, à medida que o país busca a recuperação, em meio a uma grave crise econômica.
Como foi em 2023?
Quando olhamos para 2023, quando não houve esforço fiscal, implementado agora pelo governo Milei, o desempenho foi amplamente favorável ao Brasil.
Assim como aconteceu no câmbio, quando o real valorizou 7,8% e o peso argentino perdeu 78%. Nas exportações de bens e serviços, o Brasil aumentou 9,4%, enquanto na Argentina houve queda de 12,9%.
Ou, ainda, na dívida bruta em relação ao PIB, quando a da Argentina estava, em 2023, em 154% e a do Brasil em 84,7% (aqui, o percentual menor é melhor). Nas transações correntes, o saldo do ano passado também foi melhor para o Brasil.
Sem falar no crescimento do PIB, principal indicador de riqueza de um país, cujos brasileiros avançaram 2,9% e os argentinos recuaram 1,6%.
Recuperação versus “tempos estáveis”
Além disso, também não há como comparar a situação económica brasileira em termos de estabilidade, mesmo face às recentes preocupações fiscais.
No Brasil, a economia vem de tempos mais estáveis, com três anos de crescimento ininterrupto. A inflação também está em níveis baixos, como o acumulado em 2023, sendo de 4,62% — ainda abaixo da média histórica do país — e, em 2022, foi de 5,79%.
Argentina
Na Argentina, a palavra é recuperação. Durante muito tempo, o governo “imprimiu” deliberadamente dinheiro para manter serviços públicos elevados.
Isto, no entanto, também gerou uma inflação descontrolada. Em 2023, por exemplo, os preços subiram 211,4%, e, em 2022, 95% – e os números elevados duram anos.
Eleita para “consertar” a inflação, em seu primeiro ano de mandato, Milei tentou cortar gastos (o que implicou também na redução dos serviços públicos).
Até maio, por exemplo, o país já havia registrado cinco meses consecutivos de superávit primário, totalizando US$ 2,5 bilhões, algo que não acontecia desde 2008.
Inflação
Além disso, nos últimos meses, a inflação argentina tem vindo a abrandar (apesar de um pico em Junho, que Milei atribui à não aprovação de medidas pelo Congresso).
Alguns especialistas já apontam que a queda é resultado de menores gastos públicos.
Os mesmos cortes de subsídios, finalmente, também explicam parcialmente o declínio do PIB. O Estado argentino está a diminuir dinheiro público da economia, o que resultará num menor crescimento económico.
A redução da despesa pública reduz o risco de empréstimos ao país, com a perspectiva de que o governo será capaz de cumprir os seus compromissos financeiros no futuro.
Perante tudo isto, o FMI também vê que o país deverá avançar para taxas de juro reais em território positivo.
Copa América 2024
Por último, mas não menos importante, para encerrar esta Copa América, há outro aspecto a considerar, o futebol.
E nesse quesito o Brasil está bem atrás: a Argentina ganhou 15 Copas do Mundo e o Brasil, apenas 9.
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