À medida que o S&P 500 se aproxima de um novo máximo histórico, os mercados parecem estar a rejeitar a visão mais pessimista do banco central sobre a inflação.
A recuperação do mercado continuou na quinta-feira. O S&P 500 estava prestes a atingir um novo recorde e os investidores viam um recuo na inflação, mas os estrategistas do Fed não compartilhavam dessa perspectiva.
O fosso entre os investidores e o banco central está a aumentar novamente. Após a divulgação do morno relatório do Índice de Preços ao Consumidor na quarta-feira, o mercado futuro começou a apostar que haverá dois cortes nas taxas de juros este ano, o que desencadeou uma onda de compras de ações e títulos.
Mas seria esta aposta precipitada? A projeção “dot plot” do Fed divulgada na quarta-feira prevê apenas um corte nas taxas este ano, bem abaixo da previsão anterior de três. Isto acontece porque os decisores políticos temem que a inflação permaneça acima dos níveis de conforto. Esta postura torna a Fed mais agressiva do que outros bancos centrais, especialmente os da Europa, que deverão reduzir os custos do crédito várias vezes este ano. A Casa Branca já abandonou as esperanças de algo semelhante.
O presidente do Fed, Jay Powell, tentou conter as expectativas durante sua coletiva de imprensa na quarta-feira. Reiterou que a inflação continua acima da meta de 2% do banco central e que o poder de compra das famílias norte-americanas caiu nos últimos dois anos. Ele também disse que um corte prematuro “poderia acabar desfazendo muito do bem que fizemos”.
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Os observadores do mercado não acreditam nisso. O IPC divulgado na quarta-feira mostrou que, em maio, os preços ao consumidor tiveram o menor nível de aumento em três anos. Diante disso, a previsão do Fed de que haverá um corte único “parece uma visão excessivamente sombria do progresso da inflação”, analisou Charlie Ripley, estrategista de investimentos da Allianz Investment Management, em nota a um cliente.
O sentimento otimista prevalece nos mercados. O S&P 500 subiu quase 14% este ano, superando largamente as expectativas dos analistas de Wall Street para o início de 2024, mesmo com mais empresas a relatarem um abrandamento nos gastos dos consumidores.
As principais conclusões dos economistas sobre o IPC e os relatórios do Fed divulgados na quarta-feira são:
Um sinal positivo foi que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) anualizado aumentou 3,3%, embora numa base mensal tenha permanecido estável. Contribuiu a redução da inflação relacionada à gasolina, automóveis e passagens aéreas.
Mais preocupante foi o facto de os custos da habitação terem aumentado 0,4% numa base mensal, desafiando mais uma vez as expectativas dos analistas de que haverá algum alívio para as famílias.
Num horizonte mais distante: embora a última previsão da Fed aponte para menos cortes este ano, prevê quatro para o próximo ano. Prevê também que a taxa de juro preferencial desça para cerca de 2,8% até ao final de 2026, passando dos actuais 5,25% para 5,5%.
NYT: ©.2024 The New York Times Company
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