RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Vale (VALE3) espera chegar a um consenso com as autoridades brasileiras até o final deste mês que permitirá um acordo multibilionário de reparo e compensação pelo rompimento de uma barragem em sua joint venture com a BHP, Samarco , em 2015, disse esta quinta-feira um executivo da empresa aos jornalistas.
A afirmação de Alexandre D’Ambrosio, vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais da Vale, ocorre um dia depois de a empresa anunciar uma nova proposta de acordo feita pelas mineradoras, estimando um desembolso total de 140 bilhões de reais.
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Em abril, a empresa havia informado que a expectativa era chegar a um acordo definitivo com as autoridades até o final do primeiro semestre.
“Esperamos que o acordo possa ser resolvido até o final de junho e (nós) esperamos que as partes cheguem a um entendimento até o final de junho”, disse D’Ambrosio, ao participar do Fórum de Investimentos Prioritários 2024, no Rio de Janeiro .
“Não significa que será assinado até ao final de junho, porque isso depende da construção de documentos definitivos, mas até ao final de junho esperamos que haja um consenso”, frisou, apontando que um acordo definitivo acordo poderia exigir “pelo menos mais um mês”.
D’Ambrosio explicou ainda que a proposta financeira é indissociável dos termos e condições que vão sendo apresentados em conjunto e que a empresa “não negocia valor para depois ver o que vai fazer”.
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“Apresentámos a proposta juntamente com uma proposta escrita e detalhada de acordo”, afirmou, detalhando que os termos e condições apresentados têm em conta o prazo, quais as obrigações a fazer, as obrigações a pagar e quais as obrigações que cabem ao Estado.
O executivo destacou ainda que todas as partes envolvidas precisam concordar, que ninguém pode ficar de fora.
O valor de 140 bilhões representa um aumento em relação aos 127 bilhões de reais estimados na proposta anterior das empresas apresentada em abril às autoridades federais e aos estados de Minas e Espírito Santo.
A nova oferta considera 82 bilhões de reais como o dinheiro total a ser pago pelas mineradoras a entes públicos ao longo de 20 anos, conforme detalhou a Vale em comunicado na véspera, acima dos 72 bilhões de reais oferecidos em abril.
Esse valor a ser pago, porém, ficou aquém dos 109 bilhões de reais exigidos pelo poder público em contraproposta apresentada no início deste mês. O bloco público também buscou receber os recursos no prazo de 12 anos, considerando que o desastre ocorreu há mais de oito anos.
A nova oferta das empresas, conforme detalhado pela Vale, inclui também a previsão de empenhar 21 bilhões de reais para cumprir obrigações que continuarão sob responsabilidade das empresas, como a retirada de resíduos do rio Doce.
A barragem da Samarco, joint venture entre Vale e BHP, rompeu há mais de oito anos, gerando uma onda de rejeitos de mineração que matou 19 pessoas. Além disso, deixou centenas de pessoas desabrigadas, afetando também florestas e toda a extensão do rio Doce até desaguar no Espírito Santo.
(Por Rodrigo Viga Gaier)
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