Os ativos da Argentina reagem positivamente à aprovação na noite desta quarta-feira (12), de forma geral, de um pacote de reformas consideradas essenciais pelo presidente ultraliberal Javier Milei.
Após tumultos entre a polícia e manifestantes contra o projeto, o debate no Senado resultou em empate, o que levou a presidente do Senado, a vice-presidente Victoria Villarruel, a desempatar com um voto a favor.
Entre outros pontos, o volumoso projeto de lei promove amplos benefícios para investimentos multimilionários, privatizações de empresas públicas e poderes especiais para o presidente, embora muitas iniciativas tenham sido modificadas para obter o consenso da oposição fragmentada.
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Os títulos soberanos da Argentina denominados em dólares tiveram o melhor desempenho nos mercados emergentes no início da manhã, com os títulos com vencimento em 2029, 2030, 2035 e 2046 subindo pelo menos 1,2 centavos, de acordo com dados de preços compilados pela Bloomberg. O dólar “azul”, câmbio paralelo da moeda americana mais utilizada na Argentina, caiu 0,77%, para 1.285 pesos para venda e 1.265 pesos argentinos para compra. Nesta semana, vale destacar, a moeda atingiu valor recorde, de 1.300 pesos. Ainda sem negociação no índice da Bolsa Merval às 10h30 (horário de Brasília), o ETF (fundo de índice) Global % no mercado americano.
Apesar de algumas alterações no tema que envolve o imposto de renda, as mudanças econômicas aprovadas no primeiro projeto marcam a maior conquista legislativa de Milei. Embora a legislação tenha sofrido revisões significativas, contém medidas destinadas a tornar o país mais atraente para os empregadores e os interesses empresariais. E o seu avanço prova que Milei pode legislar apesar de uma relação hostil com membros do Congresso.
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“Este é um desenvolvimento positivo para os investidores, que ainda estão esperando para ver em relação à Argentina”, disse Marcelo García, diretor para a América Latina da consultoria de risco político Horizon Engage, à Bloomberg antes do final da votação. “Ainda assim, o resultado apertado desta votação no Senado significa que o governo Milei precisará continuar a desenvolver as suas capacidades de negociação, que ainda são incipientes.”
O partido de Milei alterou o projeto de reforma econômica na quarta-feira para aumentar suas chances, removendo a companhia aérea estatal Aerolineas Argentinas, entre outras, da lista de empresas elegíveis para privatização. A polêmica oferta anteriormente colocou em risco toda a questão das privatizações, que inclui também as empresas de energia e logística, fazendo com que a legislação aprovada retorne à Câmara dos Deputados.
“A fase técnica final ainda pode trazer surpresas”, disse Mariano Machado, analista-chefe para as Américas da empresa de inteligência de risco Verisk Maplecroft.
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O partido de Milei detém apenas 7 dos 72 assentos na Câmara Alta. Enquanto isso, os peronistas têm 33 senadores.
De qualquer forma, como destaca o Bradesco BBI, o resultado foi positivo e mostrou a
evolução da capacidade do governo de aprovar a sua primeira lei, algo impensável há três meses.
“Achamos que o governo está fortalecido no sentido político, que foi a questão mais delicada na nossa opinião e também socialmente. Há que ter em conta a elevada violência dos manifestantes, que foi criticada pela maioria dos grupos políticos e que deverá reforçar a aprovação do governo, a nosso ver”, aponta o BBI.
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Do lado macroeconómico, o fluxo de notícias deverá permanecer positivo (inflação, fiscal e acordo com o FMI), desencadeando uma dinâmica positiva na Argentina. “Continuamos vendo que há muitos investidores que ainda não estão posicionados na Argentina e aguardam uma oportunidade. Isso pode ser bom”, avalia o banco, que segue com uma visão construtiva para os ativos.
A vitória parcial no Senado ajuda a validar a decisão de Milei de nomear Guillermo Francos, um político de carreira, como seu novo chefe de gabinete para negociar o apoio e as concessões do legislador nos últimos dias antes da votação. A demissão de Nicolás Posse do cargo de chefe de gabinete pelo presidente marcou a primeira saída de um membro do governo desde que Milei assumiu o cargo em 10 de dezembro.
Num sinal de alívio das tensões, o governo devolveu centenas de projectos de obras públicas anteriormente interrompidos às províncias para que possam retomá-los, embora as garantias de financiamento não sejam claras.
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Milei deixou a Argentina em outra viagem internacional na noite de quarta-feira para se juntar aos líderes do G-7 na Itália esta semana, uma viagem que ele inicialmente cancelou e depois voltou atrás e disse que iria. Ele voltará para casa na próxima semana antes de viajar novamente para receber prêmios de organizações libertárias na Espanha e na Alemanha.
(com Bloomberg e Reuters)
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