Ex-assessores do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, contestaram nesta quinta-feira (23) a afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o déficit fiscal do governo Lula é de responsabilidade do governo Bolsonaro, entre outras declarações do disse o atual chefe da equipe econômica na véspera, durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
O grupo organizou uma série de respostas técnicas aos discursos de Haddad, em particular de que havia um legado fiscal negativo da era Guedes.
Para contestar o discurso, aliados de Guedes afirmam que “a economia teve forte reversão nos resultados fiscais entre 2022 e 2023 e que o resultado nominal do setor público consolidado piorou em R$ 507,9 bilhões (4,3% do PIB); o resultado primário do setor público consolidado piorou em RR 375,1 bilhões (3,5% do PIB); a taxa diária da dívida passou de R$ 0,7 bilhão/dia para R$ 2,3 bilhões/dia”.
Ainda segundo os textos elaborados, o pagamento dos precatórios relativos a 2022, apontado por Haddad como um dos motivos do déficit fiscal de R$ 249 bilhões registrado no ano passado, foi de 92,3 bilhões —longe do déficit total consolidado.
A leitura do grupo é que o governo Lula 3 terminou com teto de gastos e que os precatórios ficaram abaixo do teto. Dizem também que o governo Lula 3 sabe que foi a PEC de transição que explodiu tudo, que criou espaço fiscal de R$ 200 bilhões para o novo governo.
“O resultado primário do setor público consolidado piorou em R$ 375,1 bilhões (3,5% do PIB)”, continua o texto compartilhado. Ainda segundo a publicação, a taxa diária da dívida passou de R$ 0,7 bilhão por dia para R$ 2,3 bilhões por dia. “Apenas cerca de um terço deste valor refere-se a 2022, no governo anterior, e o restante refere-se aos anos de 2023 e 2024 (ou seja, são passivos do atual governo)”, diz o texto.
Ele continua: “Em resumo: não há como chegar ao número falado de R$ 250 bilhões a 300 bilhões como sendo a medida do ‘problema fiscal herdado’”, afirma a publicação.
Os relatos de técnicos do antigo Ministério da Economia apontam também outras origens da suposta herança herdada por Fernando Haddad.
“R$ 63 bilhões é a estimativa de déficit do PLOA 2023 enviado em agosto de 2022. O resultado a ser alcançado em 2023 seria, manter a mesma governança fiscal do período entre 2019 e 2022, possivelmente muito melhor do que o indicado no PLOA 2023”, diz, em referência ao Projeto de Lei Orçamentária Anual.
“Os R$ 60 bilhões do Bolsa Família referem-se à promessa de campanha (dos dois principais candidatos nas eleições presidenciais) e não à implementação de políticas públicas pela gestão econômica”, afirma o texto.
A CNN Contactou o Ministério das Finanças para comentar os números mencionados e aguarda resposta.
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