Demitido da Petrobras pelo presidente Lula nesta terça-feira (14), Jean Paul Prates durou 474 dias no cargo —o que totaliza pouco mais de um ano e três meses desde a aprovação de seu nome pelo Conselho de Administração da estatal, que levou realizado em 26 de janeiro de 2023.
Em média, os presidentes da Petrobras não permanecem no cargo por um ano e meio, e Prates durou um período ainda menor. Ele será substituído por Magda Chambriard, que foi presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff.
Levantamento de CNN mostra que num período de 37 anos, entre o início do governo de José Sarney (em março de 1985) e o fim da gestão de Jair Bolsonaro (em dezembro de 2022), 24 nomes ocuparam a presidência da Petrobras. Portanto, a permanência média é de um ano e seis meses.
Apenas em dois casos um nome permaneceu à frente da estatal durante todo o mandato presidencial: Joel Rennó comandou a estatal de 1992 a 1999, durante toda a gestão de Itamar Franco e nos primeiros quatro anos de Fernando Henrique Cardoso . Sergio Gabrielli, dirigente de 2005 a 2012, esteve no segundo mandato de Lula e no início do governo Dilma.
Exceções, Gabrielli e Rennó ficaram 12 anos e nove meses na cadeira e empurraram a média para cima. Num cálculo que desconsidera os dois “pontos fora da curva”, os presidentes da Petrobras ficam em média um ano e um mês no cargo.
O tempo médio de permanência é pressionado por casos como o de José Coutinho Barbora, que ficou 16 dias no cargo, de forma interina, durante o segundo governo de FHC, ou de José Mauro Ferreira Coelho, afastado por Jair Bolsonaro 68 dias após a tomada do poder. cadeira.
A média da Petrobras está abaixo da de outras grandes estatais, por exemplo, a Eletrobras, cujos presidentes permaneceram no cargo em média dois anos e dois meses até sua privatização em 2022. Também está abaixo de instituições financeiras como o Banco do Brasil (um ano e dez meses) e Caixa Econômica Federal (um ano e oito meses).
A exceção é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que também teve 24 presidentes neste período e, portanto, aparece empatado com a Petrobras. Por coincidência, Aloizio Mercadante, atual presidente da instituição, chegou a ser cogitado para substituir Prates.
Frite político
Entre os motivos da saída de Prates está a crise política que o executivo sofreu no mandato, principalmente nos confrontos com o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. A política do gás natural, os preços dos combustíveis e a distribuição de dividendos estiveram entre os temas de tensão.
A fritura política é um destaque histórico das interrupções de mandatos —inclusive na gestão imediatamente anterior. Três dos nomes que lideraram a empresa durante o governo Bolsonaro, Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e José Mauro deixaram o cargo por atritos com o governo por causa dos preços dos combustíveis.
Pedro Parente, que foi presidente da empresa no governo Michel Temer, renunciou ao cargo dois anos após assumir o cargo. A saída foi motivada num momento – de pressão política – em que os preços dos combustíveis dispararam e se tornaram fundamentais nas greves de camionistas e petroleiros.
Até Joel Rennó, um dos dirigentes mais antigos da empresa, foi rejeitado por alas do PSDB de FHC e foi alvo de sucessivas acusações de irregularidades e rumores de demissões durante seu período à frente da empresa —o que influenciou sua demissão em 1999. .
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