Até esta terça-feira (14), 446 municípios foram afetados no Rio Grande do Sul, segundo relatório da Defesa Civil. Isso significa que cerca de 90% do estado foi impactado.
Com isso, mais de 95% dos estabelecimentos industriais gaúchos já foram afetados pelas enchentes, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Para garantir a segurança de seus colaboradores, grandes empresas gaúchas paralisaram suas operações ou migraram seus funcionários para home office.
Algumas, como a Gerdau, estão retomando suas atividades. Anteriormente, a siderúrgica informou que havia paralisado as atividades de suas unidades nas cidades de Charqueadas e Sapucaia do Sul.
Em nota, a empresa afirma que o O retorno ainda é parcial, pois avalia a garantia dos níveis de segurança necessários para a retomada das atividades.
Aproveitando a recuperação, a empresa disponibilizou espaço e energia para a instalação de um Estação Móvel de Tratamento de Água em sua unidade em Sapucaia do Sul.
Contudo, há empresas que ainda mantêm maiores limitações às suas atividades.
A fábrica da GM – localizada em Gravataí, que produz os veículos Onix Hatch e Onix Plus – está fechada e permanecerá com operações suspensas até 17 de maio, informou a montadora.
Feriados coletivos e home office
Algumas empresas optaram por liberar as férias dos trabalhadores neste momento de interrupção dos negócios.
Tradicional marca de utensílios domésticos gaúcha, a Tramontina informou que duas fábricas na cidade de Carlos Barbosa permanecem fechadas. No total, 4 mil colaboradores dessas unidades receberam férias coletivas.
Uma terceira unidade da empresa no município teve 10% do seu quadro de funcionários liberado para férias ou em trabalho remoto.
Porém, a empresa reforça que sofre maiores dificuldades em relação ao sistema logístico, devido ao comprometimento de estradas e vias urbanas, segundo o diretor da empresa, José Paulo Medeiros.
“Estamos enfrentando dificuldades para receber as matérias-primas e insumos necessários à produção. As fábricas Multi e Farroupilha [por exemplo]também começam a enfrentar algumas dificuldades no fornecimento de gases (Hidrogênio e Nitrogênio)”, explicou Medeiros em nota ao CNN.
E este é um problema de mão dupla. “Da mesma forma que temos dificuldade em receber insumos destinados à produção, todas as fábricas enfrentam o desafio de garantir o escoamento das mercadorias”, concluiu.
A Renner também buscou o trabalho remoto como alternativa para os colaboradores dos escritórios de Porto Alegre.
Enquanto isso, as lojas diretamente afetadas fecharam temporariamente, enquanto outras começaram a operar com funcionários e horários reduzidos. Até esta terça-feira, a empresa afirmava que menos de 2% do total de suas unidades estavam fechadas.
“É importante destacar que não possuímos centros de distribuição no estado e que o impacto do fornecimento de produtos da nossa rede de parceiros é imaterial”, afirmou a empresa em comunicado.
Arroz prejudicado
No setor alimentício, a Camil, marca forte de arroz no Brasil, informou que “apesar das limitações logísticas que surgem, estamos mantendo o fornecimento de arroz e feijão no varejo do estado e demais regiões do país”.
O Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do país, responsável por 70% da produção nacional. Há muita especulação sobre o impacto que as chuvas poderão ter na oferta e no preço dos alimentos no Brasil.
Desde o dia 29 de abril, quando as chuvas se intensificaram no estado, o preço do arroz no atacado já subiu cerca de 4%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).
Impacto na economia
A atividade econômica do Rio Grande do Sul tem impacto relevante na economia do país como um todo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado representa cerca de 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
A indústria gaúcha representa 6,6% do total e os serviços 5,9%. Enquanto isso, a agricultura gaúcha produz 12,7% do segmento nacional.
Os dados foram levantados pelo Santander, que estima que o PIB brasileiro pode perder até 0,3 ponto percentual em seu crescimento neste ano devido ao impacto das chuvas na indústria do RS.
Alguns efeitos já são sentidos fora do estado. A Volkswagen foi a primeira montadora fora do Rio Grande do Sul a anunciar a suspensão de suas atividades. Três unidades tiveram suas atividades interrompidas e os funcionários receberam férias coletivas.
O motivo: alguns fornecedores de peças da marca, com fábricas localizadas no estado, não têm condições de produzir neste momento.
*Com informações de Débora Oliveira, da CNN
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