O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), defendeu nesta sexta-feira (10) que os pagamentos da dívida do estado com a União sejam suspensos por dois anos e depois retomados de forma escalonada devido à tragédia das chuvas, que causou extensa danos materiais e pelo menos 116 mortes.
“Se você me disser agora, como estamos exigindo, que a dívida vai ficar suspensa por dois anos e depois uma escada de recuperação, já ajustada agora, já podemos colocar planos e projetos em ação [de reconstrução] a partir de agora”, disse Leite em entrevista coletiva.
O governador afirmou que o tempo proposto é necessário para que o governo do estado possa planejar os investimentos de longo prazo que o Rio Grande do Sul necessitará para sua reconstrução após a destruição de casas, empresas e infraestrutura causada pelos eventos climáticos.
“O Estado deve ter capacidade e solidez financeira, caso contrário não conseguirá avançar com a força e a rapidez que necessita. Para conseguir isso, exigimos a suspensão da dívida a longo prazo”, acrescentou.
Segundo Leite, o Rio Grande do Sul já havia recebido proposta do governo federal para que a suspensão ocorresse por um período menor, com decisão posterior sobre a possível prorrogação do acordo.
Leite indicou que suspender a dívida por um período menor que o sugerido por ele impediria o Rio Grande do Sul de fazer investimentos robustos no longo prazo.
“Já sugeriram uma suspensão por um período menor. Isso nos impede de planejar. Como você vai fazer um investimento mais robusto se não sabe se vai pagar a dívida no ano que vem ou não”, disse ela.
O governador também voltou a dizer, como havia apontado na véspera, que a suspensão da dívida seria um caminho mais rápido para os esforços de reconstrução do estado do que o envio de recursos federais, pois envolveria menos burocracia.
Na quinta-feira (9), em cerimônia em Brasília para anunciar medidas federais de apoio ao Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o anúncio sobre a dívida do Rio Grande do Sul com a União deverá ser feito na próxima segunda-feira (13).
Segundo informações obtidas pela Reuters, o governo federal tem discutido a suspensão do pagamento da dívida do estado até 31 de dezembro deste ano.
O Rio Grande do Sul estima que terá um gasto anualizado de cerca de R$ 3,5 bilhões em pagamentos de dívidas à União, da ordem de R$ 90 bilhões.
Leite disse que a estimativa inicial de recursos necessários para reconstruir o estado gira em torno de pelo menos R$ 19 bilhões.
A devastação causada pelas chuvas no estado, que provocaram enchentes e deslizamentos históricos, deixou pelo menos 116 mortos e mais de 1,9 milhão de pessoas afetadas de alguma forma em 437 dos 497 municípios gaúchos.
O desastre foi apontado como a pior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul.
Compartilhar: