O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que espera a aprovação da proposta de taxar grandes fortunas durante a cúpula do G20, que acontecerá no final deste ano, no Rio de Janeiro. Segundo o ministro, depois de o tema ter sido amplamente debatido nas sessões temáticas, a expectativa é que a carta agora seja assinada pelos chefes de Estado.
“Os 20 países do G20 assinaram um comunicado aqui no Rio de Janeiro, na terceira reunião de ministros da Fazenda. […] Haverá uma cimeira no final do ano com todos os chefes de estado. Depois são os próprios presidentes ou primeiros-ministros que estarão no Rio de Janeiro na grande cimeira e espero que esta proposta seja aprovada”, afirmou em entrevista ao programa Bom dia, Ministro.
Segundo Haddad, a proposta levada pelo Brasil ao G20 visa criar uma tributação internacional sobre os super-ricos. “Levámos isso ao G20 para que este imposto sobre a riqueza seja um imposto cobrado internacionalmente. Não importa onde uma pessoa resida, se ela tem bilhões de dólares, ela tem que ser tributada”, afirmou.
Haddad afirmou ainda que esse tipo de tributação não é simples e há “muita resistência”. Segundo ele, pode acontecer que os países tenham apoiado a questão “da boca para fora” e que a assinatura do documento seja importante para estabelecer um compromisso global.
O modelo, desenhado pela equipe de Haddad em conjunto com a ganhadora do Prêmio Nobel de Economia Esther Duflo e o economista Gabriel Zucman, consiste na criação de um sistema tributário internacional em que os impostos para grandes corporações teriam alíquota de 15%.
O plano também exigiria que os bilionários pagassem impostos equivalentes a pelo menos 2% da sua riqueza total todos os anos.
Os valores arrecadados seriam direcionados para um fundo social e utilizados no combate às mudanças climáticas e à pobreza, além de financiar projetos com foco no meio ambiente.
Haddad reconhece, contudo, que as tentativas de tributar grandes fortunas a nível nacional nem sempre tiveram sucesso.
“O problema de tributar grandes fortunas é que as tentativas que já foram feitas em todo o mundo nem sempre produziram os melhores resultados, não porque seja injusto, mas porque, do ponto de vista prático, há fuga de capitais, tem-se uma mudança nas autoridades fiscais. Nem todas as pessoas super ricas, você pode imaginar, estão dispostas a pagar impostos. Em geral, esse grupo tem certa dificuldade de enfrentamento ao fisco”, afirmou.
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