A indústria brasileira iniciou o segundo semestre com queda de produção maior que o esperado em julho, marcando o quarto mês negativo do ano e devolvendo parte do forte ganho do mês anterior com a recuperação no Rio Grande do Sul.
A produção industrial caiu 1,4% em julho em relação ao mês anterior, pior que a expectativa de contração de 0,9% em pesquisa da Reuters e após salto de 4,3% no mês anterior. Foi o pior resultado para os meses de julho desde 2021.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, dados divulgados nesta quarta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram aumento de 6,1%, ante ganho projetado de 6,3%.
Os resultados deixam a indústria 1,4% acima do nível pré-pandemia de fevereiro de 2020, mas 15,5% abaixo do ponto mais alto da série histórica, de maio de 2011.
“Grande parte da queda registrada neste mês está relacionada ao avanço significativo verificado no mês anterior, mas também se observa que importantes plantas industriais realizaram paralisações em seu processo produtivo”, explicou André Macedo, gerente de pesquisas do IBGE.
Ele lembrou que o resultado de junho foi influenciado pelo retorno à produção das unidades afetadas pelas chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul neste ano.
“Já houve paralisações em refinarias, plataformas e no setor de celulose. Precisamos aguardar informações futuras, mas temos um terceiro trimestre começando em ritmo mais lento”, completou.
No segundo trimestre, o setor industrial brasileiro cresceu 1,8%, deixando para trás uma queda de 0,1% nos três primeiros meses do ano, segundo dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo IBGE na véspera. .
A expectativa é que a indústria contribua para a atividade econômica brasileira neste ano, ainda que de forma modesta, num cenário de mercado de trabalho aquecido e inflação sob controle.
“O número fraco de hoje reforça nossa visão de que a atividade econômica deverá desacelerar no segundo semestre, já que os fatores que estimularam o crescimento do PIB nos primeiros meses do ano perderão força no segundo semestre”, disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
O IBGE destacou que em julho os resultados negativos se concentraram em sete dos 25 setores industriais pesquisados, atividades com importância relativa na estrutura industrial.
As principais influências negativas vieram de alimentos (-3,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%), indústrias extrativas (-2,4%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,2%).
“Houve queda na produção de açúcar, impactada pelos efeitos da seca no Centro-Sul do país, na carne bovina e nos produtos de soja. Esses itens foram os que mais contribuíram negativamente neste mês”, disse Macedo. “Há uma contribuição negativa do clima.”
Em relação às grandes categorias econômicas, o setor de bens de consumo registrou queda de 2,5% na produção em julho em relação a junho, enquanto os bens intermediários caíram 0,3%. Por outro lado, a indústria de bens de capital registrou ganhos de 2,5%.
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