A possibilidade de aumento da taxa básica de juros pelo Banco Central preocupa as empresas, que veem com apreensão os efeitos da Selic mais alta, principalmente para o pequeno e médio varejo.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 17 e 18 de setembro. O aumento da taxa de juros, hoje em 10,5% ao ano, voltou ao radar dos agentes econômicos.
Em entrevista à CNN, João Gomes, diretor-executivo do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ) e economista-chefe da Fecomércio RJ, manifestou sua apreensão com o possível aumento da taxa Selic.
“O setor comercial vê com grande preocupação a possibilidade de aumento, pois isso encarece o crédito e afeta diretamente as expectativas. Isso tem impacto imediato para o trader, principalmente em um cenário já de desaceleração”, comentou.
Gomes acredita que os segmentos mais dependentes de financiamento enfrentarão desafios ainda maiores que os demais.
“Embora todos os segmentos sejam influenciados, aqueles mais ligados ao crédito, como automóveis, eletrodomésticos e varejo semidurável, sofrerão um pouco mais.”
O economista afirmou ainda que as pequenas e médias empresas são particularmente vulneráveis em comparação com as grandes e consolidadas no mercado.
“As empresas mais pequenas, que têm menos capacidade de obter empréstimos, são as primeiras a sentir os efeitos. E, como já vimos durante a pandemia, os micro e pequenos empreendedores estão na linha de frente dessa realidade.”
Além disso, Gomes destacou que os indicadores do estado do Rio de Janeiro não só antecipam a economia local, mas também contribuem para as projeções sobre a economia nacional, dado o peso do Rio no PIB do país.
“Temos indicadores que ajudam a prever não só a economia local, mas também a nacional. O impacto negativo aqui tende a se refletir em todo o Brasil”, disse.
Na opinião de Gomes, não há justificativa para aumento da taxa de juros. Ele acredita que manter o ritmo atual seria o melhor caminho.
“Esse aumento não faz muito sentido. Existe a possibilidade de redução da taxa de juros nos Estados Unidos, a política fiscal expansionista já mostrou seus efeitos reduzidos e a política monetária continua restritiva”.
“Temos uma taxa muito alta. Se não houver discussão sobre redução, seria prudente esperar mais um pouco. Manteremos a taxa neste nível para permitir que os seus efeitos se manifestem”, concluiu.
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