Embora as despesas governamentais continuem crescendo e as receitas e propostas compensatórias vistas até agora se mostrem insuficientes, a avaliação dos palestrantes do CNN Talks desta quinta-feira (29) é que há muitos obstáculos pela frente no cumprimento da meta fiscal.
“Os desafios são grandes, principalmente quando se compara o desempenho deste ano e do próximo, já que grande parte das receitas são temporárias”, avalia Vilma da Conceição Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, no CNN Talks.
“O governo está se esforçando para atingir a meta neste ano, mas no ano que vem terá que traçar novas medidas para voltar a ganhar receita”, ressalta.
“O desafio de equilibrar as contas públicas” foi o tema do terceiro e último painel do CNN Talks: Caminhos para o crescimento, realizado em São Paulo.
Para o economista e presidente do Fórum Nacional do INAE, Raul Velloso, o desafio é claro: Segurança Social.
“Se olharmos para um período de mais de 30 anos, veremos que estamos a gastar absurdamente com pensões, e caminhamos para zero investimento público em infraestruturas. Isso é algo realmente chocante”, questiona Velloso.
O economista reforça a necessidade de fazer investimentos para que o país possa crescer. E para desbloquear os recursos necessários para isso, Velloso defende que é importante fazer reformas de tempos em tempos, para que as novas regras facilitem o trabalho de investimento.
O diretor da IFI reforça a ideia ao apontar a governança como recurso.
“Quando observamos esta situação, temos que pensar na governação. O caminho passa por instrumentos de boa governação”, disse CNN.
“Observamos alguns avanços institucionais importantes, reformas estruturais. A principal reforma é fiscal, mas também há mudanças na governação fiscal, com o enquadramento. Há algumas dúvidas sobre a sustentabilidade do mecanismo, mas os progressos são relevantes”, disse da Conceição.
Reforça a necessidade de reavaliar a questão do quadro médio e da qualidade das despesas, que o governo começou a olhar com a questão do chamado pente fino dos benefícios. Mas o economista reforça que ainda há dificuldade de materialização de resultados pela dificuldade de conter gastos discricionários.
“O governo sinalizou uma meta ambiciosa de fechar o défice fiscal, mas não criou os instrumentos necessários para o conseguir. Precisamos de pensar no orçamento não só para o ano em si, mas também para os anos futuros. É fundamental avançar na sustentabilidade da política fiscal”, finaliza.
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