A energia eólica offshore pode representar uma opção de “proteção energética” para o Brasil diante de secas cada vez mais recorrentes que prejudicam a geração de água, ainda a principal fonte da matriz elétrica nacional, segundo estudo sobre o tema realizado pelo Banco Mundial (BM). ) e entregue ao Ministério de Minas e Energia.
A análise da instituição destaca o potencial da eólica offshore como “a nova energia hidrelétrica do Brasil” — fonte que poderia mitigar a variabilidade da geração hidrelétrica ao longo do ano e que, se adotada em larga escala, poderia constituir parte intrínseca da base de geração limpa no país.
O estudo concluiu que, comparando a produção hidrelétrica real com a produção simulada de energia eólica offshore durante um período de sete anos, a produção eólica offshore seria maior nos meses em que os níveis de água eram mais baixos.
“De acordo com a análise, a variabilidade anual da energia eólica offshore seria significativamente menor do que a da energia hidrelétrica em grande parte do país. Portanto, se implementada em larga escala, a energia eólica offshore pode oferecer ‘proteção energética’ durante anos com secas incomuns, como foi observado, por exemplo, na última década”, diz o relatório.
O Banco Mundial destacou, no entanto, que os parques eólicos offshore só seriam capazes de compensar a variabilidade da produção de água se atingissem uma escala suficiente, com um compromisso mais agressivo do país com a fonte do que o atualmente previsto pela Empresa de Pesquisa Energética ( EPE).
O cenário base do estudo considera as projeções atuais da EPE, que apontam para uma adoção “modesta” da energia eólica offshore, com 4 gigawatts (GW) operacionais em 2035 e 16 GW em 2050.
Isso significaria investimentos de cerca de US$ 40 bilhões até 2050 para construir parques offshore, utilizando apenas 1,2% do fundo marinho disponível, principalmente no Nordeste.
O Brasil tem enorme potencial para exploração de energia eólica offshore e já conta com quase 100 projetos, totalizando cerca de 230 GW de potência, com pedido de licenciamento ambiental do Ibama, mas todos ainda em fase inicial de desenvolvimento.
A tecnologia chama a atenção de grandes empresas, desde petrolíferas até geradoras de energia elétrica, que apontam a falta de um marco regulatório para o segmento como o principal impedimento para o lançamento de projetos. Há uma proposta tramitando no Congresso, mas a inclusão de uma série de emendas “jabutis” no texto acabou dificultando sua aprovação.
Além disso, os custos de construção de parques e aquisição desta energia ainda são muito mais elevados em comparação com outras fontes renováveis, como a eólica e a solar onshore.
De acordo com o relatório do Banco Mundial, considerando metas de alto volume e condições adequadas, o custo da energia eólica offshore poderia cair dos 344 reais por megawatt-hora (MWh) calculados para os primeiros projetos — cerca de 50% acima dos preços da energia solar e eólica onshore —. para uma faixa de 279 a 215 reais/MWh até 2050, valores que já são competitivos em relação a outras fontes.
O estudo também traça um cenário “intermediário” e “ambicioso” para a fonte no Brasil, considerando mais capacidade instalada entrando em operação até 2050.
Estes níveis mais elevados de penetração da energia eólica offshore exigiriam, por exemplo, obras de modernização do sistema de transmissão, maiores investimentos em infraestruturas portuárias e reforços da cadeia de abastecimento para o fornecimento de turbinas, aponta o relatório.
Do ponto de vista ambiental e social, o Banco Mundial avaliou que, no cenário base, os impactos seriam relativamente baixos, dada a utilização limitada do fundo marinho disponível.
Em cenários com maior penetração da fonte, os impactos seriam maiores, especialmente se o desenvolvimento se estendesse para Sul, onde o potencial eólico offshore se encontra, quase na sua totalidade, numa área marinha ecológica ou biologicamente significativa (EBSA).
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