O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicitou que os geradores termelétricos fiquem de prontidão para atender aos despachos durante todo o período seco e transição para o período chuvoso 2024/25, conforme documento visto por Reutersnum comando que destaca a recente piora das condições de geração de energia no país.
Em carta enviada esta semana a agentes como Petrobras, Eneva e Âmbar Energia, holding da J&F, o ONS destaca que as chuvas em algumas das principais bacias hidrográficas com hidrelétricas têm ficado significativamente abaixo da média histórica nos últimos meses, no ao mesmo tempo que a carga energética cresceu este ano, principalmente nos “picos” (horários de maior procura).
“Diante dos pontos elencados, e em atendimento à deliberação do CMSE na 293ª reunião realizada em 5 de julho de 2024, solicita-se maximizar a disponibilidade de geração térmica e a prontidão das usinas a fim de garantir o serviço eletroenergético caso de necessidade de ordem…”, diz o documento.
O ONS também pediu que todos os termelétricos sinalizem com antecedência as manutenções e possíveis adiamentos de manutenções, e que informem antecipadamente sobre questões de hibernação ou falta de combustível, para não “frustrar” o despacho.
Procurado, o ONS não respondeu imediatamente ao pedido de comentários sobre a carta.
A solicitação da operadora nacional é mais um indício da mudança no cenário de oferta de energia no Brasil, que entrou no período de seca com reservatórios hidrelétricos em níveis ainda confortáveis, mas com projeções muito ruins para a hidrologia.
No cenário mais pessimista, julho deverá ter o pior resultado para o mês dos 94 anos de história, e no cenário mais otimista, o 3º menor valor da série, segundo nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia após a reunião do CMSE.
Com isso, a agência reguladora Aneel determinou que as contas de luz do mês de julho terão bandeira tarifária amarela — primeira vez que isso acontece desde abril de 2022 —, impondo custos adicionais aos consumidores.
Uma reportagem de fevereiro da Reuters já apontava que o Brasil poderia voltar a exigir o acionamento de termelétricas com maior frequência ao longo deste ano, após dois anos de chuvas abundantes que favoreceram a geração hidrelétrica, principal fonte da matriz elétrica brasileira.
O Brasil também passa por um processo de descontratação de termelétricas, com contratos de cerca de 10 gigawatts (GW) de capacidade instalada expirando, o que na visão dos geradores da fonte pode colocar em risco a confiabilidade do fornecimento de energia.
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