45% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentam baixo desempenho em alfabetização financeira. Os dados fazem parte do levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), publicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A pontuação média dos estudantes brasileiros no Pisa 2022 foi de 416, abaixo da média da OCDE de 498.
O Brasil ocupa a 18ª posição na lista dos 20 países e economias.
O estudo também mostrou que os alunos socioeconomicamente favorecidos tiveram melhor desempenho na avaliação em comparação aos alunos desfavorecidos.
No caso do Brasil, esses dois grupos de alunos tiveram uma diferença de 86 pontos nos resultados da avaliação.
Desempenho internacional
Em média, nos países e economias da OCDE, 11% dos estudantes tiveram melhor desempenho em educação financeira no Nível 5.
Isso significa que esse grupo de alunos consegue analisar produtos financeiros complexos e resolver problemas que vão além da rotina.
O percentual, porém, é inferior ao de alunos com desempenho igual ou inferior ao Nível 1, o mais baixo da avaliação. Nesse caso, o número chegou a 18%.
No Brasil, Malásia e Arábia Saudita esse percentual foi igual ou superior a 45%.
Isso significa que esses alunos conseguem, no máximo, reconhecer diferenças entre necessidades e desejos, tomar decisões simples sobre gastos do dia a dia e reconhecer a finalidade dos documentos financeiros utilizados no dia a dia, como uma fatura.
Em média, 63% dos alunos declararam ter conta numa instituição financeira e 62% dos alunos afirmaram ter cartão de pagamento.
Reflexão sobre o comportamento
A pesquisa também mostrou que os alunos com bom desempenho no Pisa demonstraram melhores hábitos financeiros.
Os alunos com desempenho no nível 4 ou 5 tinham 50% mais probabilidade de comparar preços antes de fazer uma compra do que os alunos com desempenho no nível 1.
Aqueles com melhores resultados também tiveram 72% mais probabilidade de responder que economizam dinheiro.
64% dos alunos também responderam que conversam semanalmente ou mensalmente com os pais sobre as decisões financeiras que tomam. Esse grupo de alunos teve 12 pontos a mais que aqueles que nunca conversaram com seus familiares sobre esse assunto.
Mais de 80% dos estudantes responderam que podem decidir de forma independente como gastar o dinheiro.
Esses alunos tiveram 30 pontos a mais no resultado da avaliação quando comparados àqueles que não conseguem tomar decisões financeiras de forma independente.
Combatendo a desigualdade
Para combater a discrepância no desempenho dos alunos, o relatório sugere o acesso à educação financeira independentemente da origem socioeconómica.
O documento indica ainda a garantia de oportunidades de aprendizagem através de serviços financeiros seguros e adequados à idade, garantindo a proteção do consumidor.
Quanto aos estudantes com baixo desempenho, o relatório aponta para a necessidade de ajuda específica para que esta parcela da população participe na economia quando atingir a idade adulta.
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