O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve nesta quarta-feira (19) a taxa básica de juros do país, a Selic, inalterada em 10,50% ao ano, marcando o fim do ciclo de cortes iniciado em agosto de 2023. quando estava em 13,75%.
Seis cortes de meio ponto e um de 0,25 depois, a taxa continua posicionando o Brasil na segunda posição no ranking das maiores taxas de juros reais do mundo.
Principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, a Selic afeta a economia como um todo, pois afeta o custo de quase todos os produtos e serviços produzidos e executados no Brasil, afirma Michael Viriato, consultor de investimentos e sócio-fundador da Casa do Investidor.
“No final das contas, taxas de juros mais altas aumentam o preço de tudo. Está em praticamente tudo que você compra, constrói ou movimenta”, afirma o especialista.
É também a Selic que os investidores olham na hora de investir, pois é o valor mínimo de retorno que deve ser almejado.
“Para produzir um bem você vai querer investir numa máquina e para investir nessa máquina você vai querer ter um retorno maior que a taxa de juros, senão você vai ter problemas”, explica Viriato.
Na prática, como os juros elevados afetam o bolso dos brasileiros?
No maior patamar desde 2021, a Selic é o instrumento do BC para reduzir a quantidade de dinheiro na economia, quando a autoridade almeja a redução da inflação.
“A taxa de juros de 10,5% impõe maiores custos de empréstimo aos brasileiros”, o que acaba reduzindo a capacidade de compra de uma família, por exemplo, explica Juliana Inhasz, economista e professora do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).
Portanto, os setores mais impactados pela redução do consumo são o comércio e os serviços, devido à diminuição da procura.
“Se o meu consumo for um carro, uma casa, fica mais caro fazer um empréstimo. Ao invés de comprar um celular novo, uma televisão nova ou uma roupa nova, a pessoa pode deixar para consumir em 6 meses, um ano e deixar seu dinheiro investido. Então isso impacta na redução do consumo no dia a dia”, afirma Inhasz.
Além do consumo das famílias, a alta da Selic também impacta a chamada demanda agregada, que considera os gastos do governo, os investimentos públicos e o equilíbrio com as exportações.
A queda da procura agregada também desencoraja a economia, explica Inhasz.
Impacto nas empresas
A alta da Selic também impacta os planos financeiros das empresas, principalmente no que diz respeito às decisões de investimentos.
“Com o crédito mais caro, as empresas deixam de investir, por exemplo, em infraestrutura, na compra de insumos, em novos maquinários, em tecnologias, em logística e até em contratações, pois sua capacidade produtiva fica comprometida”, afirma o professor.
Isso porque, além de ter rentabilidade reduzida, a taxa mais alta traz imprevisibilidade.
“Diante das incertezas com essa taxa mais elevada e custos elevados, as empresas não conseguem apostar na economia. Eles veem uma grande cortina de fumaça com uma demanda imprevisível e não querem expandir seus negócios. Num cenário extremo, passam a demitir pessoas, pois entendem que a demanda realmente não vai compensar”, aponta Inhasz.
No quadro geral, “é uma economia com o travão de mão puxado”.
Setores que mais sofrem com a alíquota de 10,5%
Alguns setores sentem mais os impactos de uma Selic em patamares elevados. O comércio, por exemplo, pode ter mais dificuldades, pois necessita de mais insumos do que serviços.
“O setor de serviços é menos afetado, pois requer menos capital para funcionar. Agora, setores que são altamente intensivos em capital ou que exigem crédito pessoal para as pessoas comprarem estão sofrendo muito”, diz Viriato.
“O setor varejista, para crescer, as pessoas precisam de empréstimo para comprar, seja uma camiseta ou um carro, grande parte é financiada”, afirma.
Juliana, professora do Insper, destaca ainda que os bens de consumo duráveis geralmente são mais caros e não tão essenciais, portanto, menos consumidos.
“As pessoas param de trocar a geladeira, param de trocar a televisão, param de comprar um celular novo, provocando uma desaceleração desse mercado”, afirma.
Alimentos e medicamentos são itens essenciais e não são tão afetados pela necessidade de aquisição e especificidade, ou seja, não são produtos substituíveis.
Outra área afetada negativamente é a construção civil, que depende principalmente do financiamento de imóveis que acabam sendo evitados pelos compradores devido ao seu alto custo no momento.
A demanda está caindo e o mercado imobiliário está sentindo isso.
“A construção civil e o mercado automobilístico sofrem ainda mais, pois quanto mais caro o produto, mais caro é o financiamento”, comenta o estrategista-chefe da Casa do Investidor.
Além disso, Viriato considera que, embora a taxa de juro elevada seja como um travão de mão para a economia, também não é bom baixá-la compulsoriamente sem que estejam reunidas as condições necessárias, porque poderia causar mais inflação no longo prazo.
Investidores
A alta da Selic também aumenta a atratividade do investimento em renda fixa, como títulos do Tesouro, por oferecerem retorno maior e mais seguro.
Pesquisa da Fundação Dom Cabral mostra que a margem de lucro média das médias empresas no Brasil foi de 7,90% em 2022 – apenas um ponto acima dos juros pagos pelos títulos do Tesouro Direto. Isso mostra que o país volta a ter um cenário pouco atrativo para investimentos produtivos.
“Se o investidor tiver liquidez, ele aproveita esses momentos do mercado para de alguma forma obter maiores taxas pós-fixadas”, explica Inhasz.
Compartilhar:
taxa de juros para empréstimo consignado
empréstimo para aposentado sem margem
como fazer empréstimo consignado pelo inss
emprestimos sem margem
taxa de juros empréstimo consignado
consiga empréstimo
refinanciamento emprestimo consignado
simulador empréstimo caixa
valores de emprestimos consignados
empréstimo para funcionários públicos
valores de empréstimo consignado