O preço do arroz com casca colocado nas indústrias gaúchas registrou queda de 5,77% em junho, após ter fechado maio com alta de cerca de 12% devido às enchentes que afetaram a colheita em fase final no principal estado produtor do Brasil.
Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Segundo análise do Cepea, da Esalq/USP, o mercado gaúcho se mostrou “instável” na semana passada, com divergências entre os agentes.
Os preços do produto básico estão sendo monitorados após as enchentes no Rio Grande do Sul, que levantaram preocupações sobre o impacto na inflação.
“Inicialmente, os rizicultores atuavam no ‘spot’, mas, após polêmicas geradas por suspeitas de fraude no leilão de importação organizado pelo Governo Federal, que levou ao cancelamento do evento, os produtores desistiram das negociações”, disse o Cepea.
Do lado industrial, a redução nas vendas de arroz beneficiado fez com que muitos reduzissem ou mantivessem as ofertas desde o início da semana, aguardando uma melhor definição do cenário.
O Cepea também mencionou que, com a queda dos preços do arroz e a valorização do dólar frente ao real, as tradings viram uma oportunidade de agir, participando do “spot” com preços acima dos praticados no mercado interno.
“Isso também levou à retração das indústrias, que, para conseguirem comprar, teriam que aumentar seus valores de oferta”, destacou.
Um saco de arroz em casca de 50 kg (tipo 1, 58/10), com pagamento à vista, custava na véspera 112,73 reais.
Apesar da descida, o preço ainda está acima dos valores registados no início de maio, antes das cheias atingirem as culturas que ainda não tinham sido colhidas.
A expectativa é que o Rio Grande do Sul ainda produza cerca de 70% da safra nacional, já que havia colhido cerca de 750 mil hectares antes das enchentes, dos 900 mil hectares plantados com arroz, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Uma parte da colheita, que registou um aumento de área em 2023/24, ainda poderá ser colhida após as cheias.
O Cepea citou dados da Conab apontando que os estoques de arroz em dezembro de 2024 serão maiores que os de 2023, apesar das enchentes no Rio Grande do Sul, dada a expectativa de menores exportações e maiores importações.
“Agora, os números apontam para uma maior disponibilidade interna do que em 2023, gerando grandes excedentes.”
Segundo o Cepea, a oferta prevista para 2024, de 14,38 milhões de toneladas, está 2,4% acima da disponibilidade de 2023.
Apesar disso, o governo afirmou que manterá o leilão de importação de arroz – ainda não há data definida para a nova operação –, argumentando que 2023 foi um ano de baixa oferta e que o consumo está crescendo no país.
A manutenção do leilão ocorre porque o governo quer manter os preços dos alimentos básicos sob controle para evitar impactos na inflação.
Questionada sobre a operação, a Conab afirmou que “é preciso aguardar a publicação do edital do leilão”.
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