Os preços das casas novas na China sofreram a maior queda em quase uma década no mês passado, num sinal de que o “histórico” resgate imobiliário de Pequim ainda não reanimou a procura.
Os preços em 70 grandes cidades caíram 0,7% em maio em relação a abril, mostraram dados do Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) nesta segunda-feira (17).
Esta é a queda mensal mais acentuada desde outubro de 2014, segundo cálculos da Reuters.
De acordo com cálculos separados do Grupo Macquarie, os preços das casas existentes nestas cidades caíram 7,5% em termos anuais no mês passado, marcando a maior queda já registada.
Há um mês, Pequim revelou medidas abrangentes para resgatar o mercado imobiliário atingido pela crise, incluindo pedir aos governos locais de todo o país que comprem casas não vendidas a promotores sitiados e flexibilizar as regras sobre compras.
“Para ser justo, um mês não é tempo suficiente para que o pacote de resgate habitacional entre em vigor”, disseram analistas do Societe Generale na segunda-feira.
As medidas, incluindo esforços para fornecer empréstimos baratos a empresas estatais para comprarem casas não vendidas a promotores em dificuldades, “levarão tempo” para terem impacto no mercado imobiliário, disseram analistas.
Ainda assim, outros números do setor imobiliário permanecem desanimadores.
O investimento imobiliário nos primeiros cinco meses do ano caiu 10,1% face ao ano anterior, segundo informou segunda-feira a DNE.
As vendas de imóveis novos caíram 28% no mesmo período.
Economia mista
Algumas partes da economia chinesa relataram um quadro mais otimista, de acordo com um conjunto separado de indicadores-chave divulgados pelo DNE na segunda-feira.
As vendas no varejo aumentaram 3,7% em maio, acelerando em relação ao aumento de 2,3% de abril e superando as previsões do mercado.
Grande parte desse impulso veio de enormes programas governamentais de troca de carros usados e eletrodomésticos antigos, concebidos para reforçar o consumo interno.
O feriado da “Semana Dourada” do Dia do Trabalho, que decorreu de 1 a 5 de maio, também ajudou a reacender alguns gastos do consumidor.
A produção industrial perdeu algum dinamismo, crescendo 5,6% em termos homólogos em Maio, em comparação com o aumento de 6,7% em Abril.
O investimento em activos fixos também não correspondeu às expectativas.
Mas as exportações da China aumentaram 7,6% em maio, marcando o ritmo mais rápido desde abril de 2023, de acordo com dados alfandegários divulgados no início deste mês. As importações, no entanto, ficaram aquém das estimativas.
“O crescimento é altamente desigual”, com as exportações como impulsionadores e o setor imobiliário a atuar como um entrave, disseram os analistas do Macquarie.
A ameaça de deflação continua a assombrar a segunda maior economia do mundo, uma vez que a procura interna permanece fraca.
O índice de preços ao consumidor subiu apenas 0,3% em maio, permanecendo inalterado em relação a abril, de acordo com o DNE da semana passada.
Isso ficou um pouco abaixo das expectativas.
Os preços ao produtor caíram 1,4%, pelo 20º mês consecutivo.
“Embora o crescimento da China continue desigual, acreditamos que é provável que surja mais apoio político para ajudar a manter o crescimento no caminho certo para atingir a meta de crescimento do PIB deste ano.” [de cerca de 5%]”, disseram analistas do HSBC na segunda-feira.
“Mais atenção será dada ao Terceiro Plenário (do Partido Comunista) do próximo mês, que irá destacar as reformas económicas para os próximos anos”, afirmaram.
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