A remuneração que os títulos públicos oferecem hoje dificulta a vida de outros ativos que competem pelas carteiras dos investidores. É o que disse o CIO da XP, Artur Wichmann, em Selecionadores de ações. Ele falou sobre o prêmio do Tesouro IPCA+, que pagou 6% acima da inflação.
Nesta terça-feira (28), o título indexado à inflação com vencimento em 2029 pagou juros reais ainda maiores, de 6,11%. Ao mesmo tempo, o Tesouro Selic tem rendimento bruto de 10,65% ao ano. No final, qual rende mais?
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Segundo o Tesouro Direto, quem aplicar R$ 15 mil hoje no Tesouro Selic 2029 vai resgatar R$ 21.482,67 líquido de Imposto de Renda e taxas da B3 em março daquele ano.
Com o investimento no Tesouro IPCA+ 2029, os mesmos R$ 15 mil seriam R$ 22.400,47 em meados de maio de 2029, cerca de 45 dias após o vencimento do Tesouro Selic.
Os cálculos consideram uma taxa Selic média de 10% neste ano e de 9% nos anos seguintes, abaixo do que o mercado espera hoje. Para o IPCA, o aumento médio de 3,64% nos preços a cada ano.
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Se calculássemos os retornos considerando a curva de juros e as expectativas de inflação do mercado, o resultado seria o mesmo para ambos os títulos. É o que explica Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor: “se o mercado estiver certo, os dois retornos serão iguais”
O especialista acrescenta ainda que o investidor pode ter uma opinião diferente da do mercado e isso norteará a sua aposta. “Você pode esperar uma inflação de 6% ao ano e, a partir daí, comprar IPCA+, mas estaria divergindo da média do mercado.”
Diversificação
Mesmo com a diferença de rendimentos, os especialistas recomendam as duas ações. Isso ocorre porque uma carteira sólida é bem diversificada e cada ação cumpre uma função na carteira.
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O Tesouro IPCA+ funciona como uma proteção contra a inflação. Se os preços subirem acima das expectativas, o dinheiro investido nesta classe estará protegido. Além disso, a parte pré-fixada da remuneração pode ajudar o investidor a ganhar dinheiro vendendo o papel antecipadamente caso o cenário macroeconômico melhore com o tempo.
No Tesouro Selic, a ideia é ter reserva de liquidez. É um ativo importante na carteira porque entrega rentabilidade próxima da Selic e permite ao investidor sair do investimento com facilidade, caso seja necessário. É uma ótima opção para quem está aguardando a melhora do cenário macroeconômico para depois investir em ativos mais ousados.
Após o último corte da Selic, o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, disse que “o pós-fixado (Tesouro Selic) continua sendo o carro-chefe, é a renda fixa com menor volatilidade”. Ao mesmo tempo, os indexados à inflação são praticamente unânimes no mercado financeiro: “Se os ventos domésticos se mostrarem favoráveis aos ativos de risco (menos ruído político, inflação convergindo para a meta no médio prazo e promessas de responsabilidade fiscal em 2024), teremos podemos ver um prêmio de risco menor para títulos públicos reais, favorecendo a sua marcação a mercado. Se a percepção de risco piorar e o dólar voltar a se valorizar, a proteção contra a inflação do título recomendado cumprirá sua função”, afirma o Santander, em relatório.
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