O volume de investimentos realizados em ativos de renda fixa isentos de Imposto de Renda disparou até 20% no primeiro trimestre de 2024, em relação aos três meses anteriores, em meio à pressa dos brasileiros em aproveitar os “últimos suspiros” de ofertas após o Conselho Monetário Nacional (CMN) restringiu, em fevereiro, a emissão de alguns desses ativos.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os estoques de investimentos em certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) e imobiliários (CRIs) – que foram os mais afetados pelas medidas do CMN – cresceram 19,9% e 17,5%, naquele ordem, no final do primeiro trimestre deste ano. As ações do agronegócio alcançaram R$ 111,3 bilhões investidos, e do setor imobiliário, R$ 73,4 bilhões.
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As cartas de crédito imobiliário (LCIs), que também foram alvo das medidas, registraram aumento nos investimentos de 15,7% em relação a dezembro, totalizando R$ 330,5 bilhões ao final de março. As cartas de crédito do agronegócio (LCAs) e as cartas imobiliárias com garantia tiveram aumentos mais modestos: 5,2%, para R$ 435,4 bilhões, e 1,9%, atingindo R$ 110,9 bilhões, respectivamente.
“Embora a Selic esteja caindo, ainda permanece na casa dos dois dígitos, favorecendo o investimento em ativos de renda fixa, principalmente os isentos”, disse Ademir Correa Júnior, presidente do fórum de distribuição da Anbima.
Ainda entre os instrumentos isentos, as debêntures incentivadas, que não foram afetadas pelas mudanças anunciadas pelo CMN, totalizaram R$ 71,7 bilhões em aplicações até março, aumento de 9,1% em relação ao final do trimestre anterior.
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As debêntures tradicionais, que não possuem benefícios fiscais, registraram 15,4% mais aplicações no período, totalizando R$ 40,4 bilhões.
“As mudanças nas regras de emissão de debêntures isentas favoreceram a busca dos investidores, principalmente do varejo, pelas debêntures”, explicou Correa Júnior.
Outros produtos de renda fixa também foram bem recebidos no início do ano. As aplicações em certificados de depósitos bancários (CDBs) aumentaram 7,2%, totalizando R$ 923,5 bilhões ao final do primeiro trimestre. As aplicações em títulos públicos do Tesouro cresceram 10,2% no mesmo período, para R$ 162,6 bilhões.
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Os ativos de renda variável não apresentavam números tão bons. Os investimentos em ações cresceram apenas 2,2%, para R$ 712,1 bilhões, enquanto os fundos multimercados e fundos de ações encerraram o trimestre praticamente estáveis: os primeiros aumentaram 0,8%, para R$ 633,7 bilhões, enquanto os segundos tiveram queda de R$ 246,2 bilhões em ações.
Brasileiros investem mais
De forma geral, os investimentos de pessoas físicas no Brasil cresceram 6,1% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao final de 2023, totalizando R$ 6,8 trilhões. Este total inclui os segmentos privado (clientes com mais de R$ 5 milhões investidos), varejo de alta renda e varejo tradicional.
“A situação econômica do primeiro trimestre, com queda da inflação e dos juros, contribuiu para aumentar a confiança dos investidores, que, além de aumentar o volume investido, diversificou ainda mais a carteira”, afirmou Correa Júnior.
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O maior volume de alocação (45,3%) está concentrado em títulos, totalizando R$ 3,1 trilhões e aumento de 7,4% em relação ao final de 2023.
Com crescimento de 6,4%, vêm em seguida os fundos de investimento, com participação de 24,9% (R$ 1,7 trilhão). A seguridade social avançou 7,6%, respondendo por 16% (R$ 1,1 trilhão) do total. A poupança, com R$ 917,5 bilhões em investimentos, perdeu espaço na carteira dos brasileiros: passou de 14,5% em dezembro de 2023 para 13,6% ao final do primeiro trimestre deste ano.