Só se fala em Petrobras (PETR3, PETR4) no mercado financeiro brasileiro nesta quarta-feira (15). A estatal voltou ao centro da agenda econômica após a saída de Jean Paul Prates da presidência da empresa, e a nomeação de Magda Chambriard, ex-ANP. As ações da empresa despencam na B3, enquanto o nome de Clarice Coppetti aparece como comando interno da petroleira. Mas, afinal, como tudo isso afeta o investidor? Confira as principais perguntas e respostas sobre o assunto.
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Como o mercado reagiu?
Seriamente. Os agentes viram a mudança como mais um mau sinal de intervenção governamental na gestão da estatal e como um movimento para alinhar a gestão aos interesses do Planalto, o que poderá trazer menos geração de caixa para a empresa no futuro.
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O Goldman Sachs afirma que “com base nas conversas com investidores, acreditamos que o mercado viu Prates como um bom conciliador entre as demandas do governo e dos investidores e o anúncio (de sua saída) poderia reacender preocupações sobre a intervenção política nas operações da empresa”. O Santander escreve que a mudança “aumenta as incertezas no caso da Petrobras, principalmente quanto à alocação de capital”.
Como fator mitigador de risco, os bancos destacam que a lei sobre as empresas públicas e a governação interna da empresa podem dificultar mudanças repentinas de política.
E os dividendos?
Aqui está um grande ponto de interrogação. Embora o novo CEO da Petrobras esteja, na visão do mercado, mais alinhado com os interesses do governo, qualquer mudança radical poderá esbarrar em questões jurídicas.
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A XP descarta grandes mudanças na distribuição de lucros, pelo menos no curto prazo. “Por enquanto, não esperamos uma mudança significativa nos dividendos”, disse Helena Kelm, analista de petróleo, gás e petroquímica da XP, que participou hoje do Morning Call da XP.
Mas, para Flavio Conde, chefe de análise do Levante, há motivos para preocupação a partir de agosto, quando a estatal apresenta os resultados do segundo trimestre. “Agora, a chance de distribuição de dividendos extraordinários diminui consideravelmente, o mercado já está precificando parte desse movimento e deverá haver uma nova revisão após a confirmação da não distribuição.” Portanto, o analista prevê nova queda nas ações quando (e se) houver a confirmação de que a Petrobras passará a distribuir dividendos apenas no modelo mínimo da empresa.
A Guide, uma das corretoras que recomendou o PETR4 para a carteira de dividendos em maio, disse em relatório que espera o fim da distribuição de dividendos extraordinários.
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Quais são as perspectivas para o futuro da empresa?
Aqui, há uma preocupação que fala do receio de dividendos mais baixos. Se a empresa não for mais distribuir dividendos extraordinários, onde será aplicado esse dinheiro? Uma das apostas do mercado é que haja mais investimentos em refinarias para ter mais controle sobre os preços dos combustíveis e depender menos do mercado internacional, principalmente do diesel.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, diz que a casa não está pessimista, mas considera que investimentos como subsídios à gasolina “seriam muito maus, porque fariam a empresa entrar numa espiral de endividamento”. Por outro lado, se houver um aumento de R$ 5 bilhões a R$ 15 bilhões no programa de investimentos “seria ruim, mas não tão ruim quanto o subsídio”.
Os analistas estão preocupados com o retorno financeiro que a Petrobras poderá oferecer daqui para frente. Com a empresa deixando de focar em sua atividade principal, a extração de petróleo em águas profundas, seu lucro poderá ser menor e, consequentemente, a ação poderá sofrer impactos significativos.
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Devo comprar, vender ou manter as ações?
Mesmo com o possível corte nos dividendos extraordinários, a Guide mantém a recomendação de compra da Petrobras, mas a indicação deve ser revista: “as prováveis mudanças na estratégia da estatal serão fundamentais para a tomada de nossa decisão de recomendação”.
O BTG Pactual, que também adicionou a ação à sua carteira de dividendos em maio, manteve a recomendação de compra. “Preferimos permanecer consistentes com a nossa decisão anterior e evitar reagir exageradamente a repetidos movimentos de governação”, afirma o banco.
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Conde, do Levante, diz que a tese de investimento na Petrobras “perde força”, já que a grande vantagem da estatal, que tem preços com desconto em relação aos concorrentes internacionais, estava no pagamento de dividendos robustos. “Essa tese fez com que muitos investidores ficassem na Petrobras e assumissem riscos políticos.”
O Santander, que em maio colocou as ações da Petrobras como a ação mais importante de sua carteira do Ibovespa, divulgou ontem relatório com recomendação neutra para a ação. O banco afirma que as discussões sobre os investimentos da estatal e o tímido crescimento da produção “podem desencorajar uma visão otimista dos investidores para as ações no curto prazo, apesar do rendimento de dividendos sólido, considerando a distribuição de metade dos dividendos extraordinários”. Rendimento de dividendos é o retorno de uma ação apenas com base nos dividendos.
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