Holding ou subsidiária, qual paga mais dividendos? No caso da Itaúsa (ITSA4) e do Itaú (ITUB4), a holding leva vantagem, com rendimento de dividendos (taxa de retorno sobre dividendos) superior à do banco nos últimos anos e maior lucro projetado com dividendos para 2025. A liderança da controladora, porém, depende da subsidiária.
A Itaúsa, cujo valor de mercado é R$ 112 bilhõesdetém 37% do Itaú, avaliado em R$ 320 bilhões, e distribui 100% dos recursos que recebe do banco, de acordo com sua atual política de dividendos. Ou seja, quanto mais o Itaú paga, mais é repassado à Itaúsa e, consequentemente, maior será o valor redistribuído aos acionistas da holding.
Maior “vaca leiteira” de julho, a Itaúsa entregou rendimento de dividendos acumulado de 32,13% para seus investidores entre o início de 2019 e 24 de setembro deste ano, segundo dados coletados pela Quantum Finance a pedido de InfoMoney. O Itaú, no mesmo período, teve taxa de retorno de 25,98%.
Veja o rendimento de dividendos ano a ano e acumulado desde 2019:
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Ano | Itaúsa | Itaú |
2019 | 8,45% | 7,53% |
2020 | 5,50% | 4,11% |
2021 | 6,84% | 4,06% |
2022 | 4,23% | 4,34% |
2023 | 5,36% | 3,70% |
2024* | 5,35% | 5,70% |
Rendimento de dividendos acumulado no período | 32,13% | 25,98% |
Data limite: 24/09/24
Uma controladora costuma pagar mais lucros porque possui uma estrutura administrativa mais enxuta em comparação à sua subsidiária e tem menos necessidade de reinvestir seus lucros em inovações, tecnologia e outras demandas operacionais.
“Isso significa que sua estrutura é de baixo custo, comparada ao seu valor de mercado, permitindo que a distribuição de seus lucros seja elevada, além de ser regulada por regulamentação da holding, e não dos setores das empresas sob seu guarda-chuva”, ele disse. Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.
Outro ponto que contribui para o pagamento de rendimentos de uma holding, segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, é o fato de terem um portfólio diversificado de empresas.
“A Itaúsa, além de ter participação no Itaú, também tem Alpargatas (ALPA4), Dexco (DXCO3), CCR (CCRO3), Aegea, entre outras, por isso acaba diversificando seus investimentos e grande parte disso é devolvido ao investidor, sem ficar tão dependente de um negócio. Mas é claro que o Itaú também está indo muito bem, com um ROI invejável para o tamanho do banco mundial”, afirmou.
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O que esperar do próximo ano?
Em relatório divulgado no final de agosto, o UBS BB estimou que o Itaú deveria distribuir R$ 59,5 bilhões no lucro dos próximos 18 meses, com R$ 40,8 bilhões na forma de dividendos e R$ 18,7 bilhões em juros sobre capital próprio. Considerando a participação de 37% da Itaúsa, o bolo destinado à empresa seria de R$ 22 bilhões.
Além disso, os analistas da instituição disseram que é “muito provável” que o banco também distribua juros sobre capital próprio (JCP). Segundo a UBS, o rendimento de dividendos projetada para a Itaúsa em 2025 é 11,3%enquanto o do Itaú é 9,5%. Na semana passada, o Conselho de Administração da holding anunciou o pagamento de R$ 500 milhões em JCP referente ao dia 30 de abril do próximo ano, com data base em 19 de setembro.
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Vento favorável para Itaúsa
Outro fato que pode contribuir para o aumento do pagamento de dividendos da Itaúsa no futuro é o possível fim da ineficiência fiscal da holding com a reforma tributária, cuja proposta regulatória está paralisada no Senado. Essa ineficiência diz respeito aos impostos pagos sobre os recursos recebidos, que giram em torno de R$ 550 milhões por ano.
“Em tese, se a reforma tributária for aprovada conforme está escrita, essa ineficiência tributária terminaria em 2027 (imediatamente, sem qualquer implementação gradual), com isenção de impostos sobre os JCP recebidos”, escreveram analistas do BTG Pactual esta semana. Eles participaram de reunião com a CFO da Itaúsa, Priscila Grecco.
Além disso, corrigir essa questão com o pagamento de impostos também poderia reduzir o desconto de 22% da holding. Esse desconto refere-se à diferença entre o seu valor de mercado e o valor dos ativos que compõem a sua carteira.
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O abatimento justo deveria ser de “apenas” 7 a 8%, e não 22%, disse Priscila na reunião, segundo o BTG, o que refletiria apenas essa ineficiência tributária mais os custos gerais e administrativos de manutenção das operações da holding. A equipe de pesquisa do UBS BB tem opinião semelhante.
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