Faltando poucos dias para o início do corte dos juros nos Estados Unidos, os investidores foram às compras na bolsa de valores do país. No “carrinho de ações”, adicionaram principalmente ações de consumo, de empresas de higiene, alimentos e bebidas, como a Coca-Cola (COCA34).
Historicamente, as empresas deste setor apresentam desempenho bem superior ao Federal Reserve (Fed, banco central americano) e tendem a se beneficiar em períodos de recessão – palavra que começou a assustar os analistas após a divulgação recente de dados preocupantes da Terra do Tio Sam.
Isso acontece, segundo Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise no Brasil, porque em períodos de queda nas taxas de juros o custo de oportunidade (retorno que o negócio deixa de ganhar ao escolher determinada alternativa) dessas empresas fica menor, aumentando a margem de lucro.
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Essas empresas, explicou ele, tendem a trabalhar com margens de lucro baixas e lucrar com o volume de negócios e vendas de produtos. Se os produtos permanecerem ociosos por muito tempo, porém, há uma perda de dinheiro, pois seria muito mais vantajoso ter o seu valor rendendo juros sobre títulos do Tesouro dos EUA, que oferecem rendimentos elevados quando as taxas são altas.
“Portanto, existe esse custo de oportunidade do dinheiro muito alto se as taxas de juros forem altas. Quando a taxa começa a cair, o custo de oportunidade dessas empresas diminui. Ou seja, têm menor custo de estoque. Em tempos de recessão, portanto, a tendência é que essas empresas aumentem a margem de lucro e consigam ganhar mais dinheiro”, disse.
A busca por empresas de consumo pode ser percebida no desempenho do S&P 500 Consumer Staples, índice de empresas do setor, que saltou quase 5% acumulado em 30 dias. O S&P 500, para efeito de comparação, avançou apenas 1,45% no mesmo período.
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Empresas para ficar de olho
Numa nota divulgada este mês, Michael Wilson, estrategista-chefe de ações dos EUA no Morgan Stanley, escreveu que “recomendamos focar em negócios defensivos que priorizem a eficiência operacional ou que tenham poder de precificação durável (ou ambos)”. Entre as ações citadas estão Coca-Cola (COCA34), Walmart (WALM34F) e Colgate-Palmolive (COLG34).
A Coca-Cola, ação que permanece na carteira do megainvestidor Warren Buffett e uma das empresas que pagam “dividendos aristocráticos”, subiu 22,6% este ano. Entre as 19 casas de Wall Street que acompanham a empresa, 12 recomendam “comprar” e sete sugerem “manter” as suas ações.
O Walmart avançou 53% desde janeiro. Entre os 30 analistas que estão de olho nas suas ações, 27 dizem “comprar” e três dizem “manter”. A Colgate-Palmolive valorizou 32% no mesmo período. Entre 18 análises, 10 sugerem “comprar”, sete “manter” e uma “vender”.
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Vantagens e riscos
Investir em ações de consumo internacional oferece diversos benefícios, como ter rendimentos em dólares, estar exposto a empresas consolidadas e diversificar geograficamente os investimentos, segundo especialistas. A variação cambial, por outro lado, pode ser vista como um risco. Segundo Guedes, também é preciso fugir da concentração.
“O risco que os brasileiros e qualquer investidor devem se preocupar é o da concentração. É importante ser diversificado tanto em ativos fora do Brasil quanto dentro do país, e também em diversos setores. Então às vezes vale a pena comprar mais de uma empresa de consumo, mas também comprar em outros setores que também sejam interessantes, como o financeiro, tanto fora quanto dentro do Brasil. Essa diversificação sempre ajuda o investidor.”
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