A venda de ações da Apple (AAPL) pela Berkshire Hathaway (BRK.B) causou agitação no mercado há algumas semanas. A empresa do lendário investidor Warren Buffett alienou quase metade das ações que possuía na empresa, levando os investidores a duvidar da tese de investimento na fabricante do iPhone, apesar dos elogios de Buffett.
Porém, a teoria sobre os motivos que podem ter levado à liquidação mudou: agora, a crença é que Buffett pode ter adotado uma estratégia de investimento diferente – e rara – com a Apple.
De acordo com o relatório 13-F apresentado pela Berkshire aos reguladores americanos na semana passada, no final do segundo trimestre, Buffett tinha exactamente 400 milhões de acções, a mesma quantidade que tem acções na Coca-Cola (COCA34). Logo surgiu a hipótese de que isso não era uma coincidência.
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Para os investidores, o número indica que a venda não se deu por desconfiança em relação à tese de grande tecnologiamas sim por causa de um movimento planejado: a Apple teria se transformado, a partir de então, em uma posição permanente no portfólio, assim como a Coca-Cola.
A empresa de bebidas é a ação mais antiga e distante do portfólio de Buffett. O lendário investidor fez sua primeira aposta na empresa em 1988, e adquiriu pouco mais de 14 milhões de ações na primeira vez, aumentando gradativamente a posição até atingir 100 milhões em 1994.
Desde então, a Coca-Cola permanece no portfólio, exatamente com o mesmo número de ações, como há 30 anos. Duas rodadas de desdobramentos de ações 2 por 1 promovidas pela empresa em 2006 e 2012 elevaram a participação da Berkshire para 400 milhões de ações.
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O investimento total da Berkshire na empresa de bebidas foi de US$ 1,3 bilhão. Este ano, a Coca-Cola deverá gerar US$ 776 milhões em lucros para a Berkshire. O investimento está no caminho certo para, um dia, devolver anualmente a contribuição inicial de Buffett apenas com lucros, reforçando a tese de investimento em valor defendido pelo “mago de Omaha”.
A escolha é defendida por Buffett, que classifica o investimento como um “negócio maravilhoso”. “Quando você encontrar um negócio realmente maravilhoso, persista. A paciência compensa e um negócio maravilhoso pode equilibrar muitas decisões medíocres que são inevitáveis”, disse o lendário investidor na sua carta anual de 2024.
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A Apple não se afasta muito desta definição. Em maio de 2023, na conferência anual da Berkshire, Buffett disse que “A Apple é diferente de todos os outros negócios que temos. Acontece que ela é um negócio muito melhor do que o resto.” Algo que os analistas apontaram como incoerente, tendo em conta o volume de vendas deste ano.
Para David Kass, professor de finanças da Escola de Negócios Robert H. Smith da Universidade de Maryland, isso não acontece mais. “Se Buffett gosta de números redondos, ele pode não estar planejando vender nenhuma ação adicional da Apple. Assim como a Coca-Cola é uma participação ‘permanente’ para Buffett, o mesmo pode acontecer com a Apple”, disse ele em entrevista ao CNBC.
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