Embora os números benignos da inflação ao consumidor nos Estados Unidos reforcem cada vez mais as expectativas de que a Reserva Federal começará a cortar as taxas de juro no próximo mês, está a ganhar impulso aqui, à medida que os gestores aumentam as apostas de que o Banco Central do Brasil aumentará a Selic este ano para ancorar as expectativas de inflação.
Essa visão de “descompasso” foi reforçada como uma das conclusões das conversas da estrategista do Brasil e da América Latina Emy Shayo com investidores institucionais no Rio de Janeiro. Os gestores destacaram ainda que há dúvidas sobre qual seria a reação do mercado diante de uma elevação dos juros aqui e de uma queda dos juros nos EUA. Isto num momento em que o Ibovespa se aproxima de máximas históricas após fechar a sessão anterior em 133.317 pontos (o recorde histórico foi em 27 de dezembro de 2023, quando encerrou o dia em 134.194 pontos, atingindo máxima histórica intradiária de 134.392 pontos em a próxima sessão).
Em relatório, Emy destaca que, embora a grande maioria dos investidores veja um aumento nas taxas de juros por parte do Banco Central do Brasil, eles veem como o mercado aqui vai lidar com isso de maneiras diferentes.
“Alguns dizem que o aumento restabeleceria a política monetária como um estabilizador macroeconómico chave (considerando a orientação frouxa da política fiscal), o que levaria a rendimentos mais baixos no longo prazo da curva de rendimentos e, portanto, seria positivo para o mercado. Outros acham que os estrangeiros evitarão o Brasil e redirecionarão os fluxos para outros lugares, pois o país seria um dos poucos (se não o único) mercados no mundo a aumentar as taxas enquanto todos os outros estão afrouxando”, destaca o estrategista.
Ela também destaca relatos de investidores que agregaram risco ao seu portfólio nos últimos 1 a 2 meses e que esse posicionamento está no nível mais alto do ano. Com isso, o posicionamento finalmente está valendo a pena. Ainda assim, os resgates continuam fortes.
Os investidores comemoraram que os meses de julho e agosto trouxeram entradas estrangeiras positivas nas ações brasileiras e, na maior parte, o cenário é construtivo para uma abordagem de risco. “É interessante notar que muitos agentes de mercado já mencionam as eleições presidenciais de 2026 e os preços começam a reagir a isso daqui a um ano”, avalia.
Continua após a publicidade
De olho na próxima super quarta-feira
O estrategista do JPMorgan destaca a crença da grande maioria dos investidores (90%) de que o BC aumentará os juros na próxima reunião do Copom, que acontece no mesmo dia da decisão do FOMC (18 de setembro) – JPMorgan espera base 50 redução da taxa de juros pontual pelo Federal Reserve.
“Seria único ver o Fed cortar às 15h [horário de Brasília] e o aumento dos juros pelo Copom no início da noite. Na verdade, nos últimos 15 anos, houve apenas dois momentos em que o ciclo de taxas no Brasil e nos EUA não foi sincronizado: pós-Grande Crise Financeira, quando o Brasil estava crescendo com o estímulo chinês que fez os preços das commodities dispararem, e em 2017/18, quando o Fed começou a aumentar após quase 10 anos de taxas zeradas, enquanto o Brasil finalmente conseguiu cortar as taxas de juros após a reorganização macro durante a administração do então presidente [Michel] Temer”, lembra o estrategista.
A lógica por trás do embarque do Copom em um ciclo “pequeno” de aumento (100 a 150 pontos-base) é que ele precisa conter a contínua deterioração das expectativas de inflação. Abordaria também o paradoxo da última decisão sobre taxas de juros, em que decidiu manter as taxas, embora estivesse preocupado com o aumento das expectativas de inflação e a queda do real.
Continua após a publicidade
Emy destaca que, nos últimos dias, o diretor do BC, Gabriel Galipolo, que também é o favorito para ocupar a presidência da autoridade monetária em 2025, adotou um tom “hawkish” (de preocupação com a inflação), afirmando que um o aumento das taxas está em cima da mesa. Isso levou à redução do prêmio da taxa de juros e também à valorização do real.
“No entanto, a maioria dos investidores com quem conversamos acredita que o BC precisará endossar essas palavras, especialmente porque a leitura recente da inflação foi superior ao esperado e a atividade econômica está mais forte do que o projetado”, avalia. Dito isso, um dos consultados pelo estrategista observou que, caso o real continue em valorização, a previsão de inflação do BC para o horizonte relevante (1T26) poderá cair abaixo de 3%, considerando que estava em 3,2% na última decisão do Copom com o dólar a R$ 5,55.
“É claro que tudo isto pressupõe que não haverá novas decepções do lado fiscal. Há quem pense que o imposto não é problema por enquanto, que o governo realmente percebeu que o custo do imposto é uma desvalorização instantânea do real, que acaba impactando todo o resto. Ainda assim, alguns temem que uma decepção nas eleições municipais possa levar a maiores gastos do governo posteriormente”, avalia.
Continua após a publicidade
Cuidado continua
Também em conversa com agentes de mercado, o Bradesco BBI destaca, por sua vez, que os investidores locais seguem cautelosos, enquanto as posições defensivas permanecem elevadas. Isto, por outro lado, também acaba por fornecer algum combustível contra o actual ambiente de redução de risco, uma vez que os mercados rapidamente começaram a precificar quatro cortes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal, impulsionando o real.
Para o BBI, o roteiro para novas altas do mercado também está focado em: 1) uma proposta de orçamento de superávit fiscal primário de 0% (zero) para 2025 (30 de agosto), 2) pelo menos um corte na taxa de juros pelo Fed de 25 pontos base (18 de setembro), 3) pelo menos uma manutenção “hawkish” da taxa de juros por parte do Copom enquanto o mercado precifica um aumento de 25 pontos base (18 de setembro) e 4) um novo congelamento dos gastos orçamentários na revisão fiscal bimestral do Brasil (22 de setembro).
Após visitarem mais de 30 investidores locais entre os dias 5 e 13 de agosto, os estrategistas do BBI Ben Laidler e Thiago Pereira destacaram suas cinco principais conclusões:
Continua após a publicidade
- Predomina o cuidado – os investidores locais são quase uniformemente cautelosos, tornando as posições defensivas “congestionadas”. Os investidores estrangeiros são menos negativos, mas não optimistas. Isto acaba por tornar o mercado particularmente sensível (para cima) a menos notícias negativas.
- Fed para o resgate – A opinião local é que os cortes nas taxas por parte da Fed poderiam compensar muitos dos erros da política interna e travar a recente crise de confiança. “Achamos que isso é necessário, mas não suficiente, e o Brasil continua sendo uma história doméstica com um roteiro claro de recuperação se executado de forma consistente”, avaliam os estrategistas.
- É tudo uma questão de taxa de câmbio – O real enfraqueceu e ultrapassou R$ 5,70 recentemente com a política fiscal e monetária desancorada, o desmantelamento do transportar comércio (uma estratégia financeira em que os investidores contraem empréstimos numa moeda com taxa de juro baixa e investem em activos denominados numa moeda com taxa de juro mais elevada, lucrando com a diferença entre as taxas) e os riscos persistentes da China, para então haver recuperação. “Vemos espaço para o real subir à medida que a crise de confiança interna diminui e com a transportar comércio menor, mas não fora do jogo”, ressalta.
- Os lucros são um baluarte – O consenso é que os resultados são fortes e superaram as expectativas. “Concordamos, mas as expectativas são muito altas, com crescimento consensual excluindo commodities de 20% este ano e 18% no próximo ano. Começamos a ver rebaixamentos domésticos e a perspectiva é vulnerável a taxas de juros mais altas por mais tempo”, avalia o BBI.
- O Brasil é barato – “O consenso local é que o mercado está barato, mas achamos que não é tão barato quanto parece. O [múltiplo de preço sobre lucro] O P/E do México é descontado em relação aos números históricos. O Brasil é menos barato quando se leva em conta o alto custo do capital próprio (CoE), e as altas expectativas de lucro são vulneráveis”, apontam os estrategistas.
O BBI visa ter uma posição neutra no Brasil no contexto da América Latina, com uma crise de confiança tendo um alívio gradual e rotação do mercado global oferecendo atratividade, mas equilibrada por custos elevados se as taxas reais permanecerem altas e o Brasil não puder aproveitar da flexibilidade do Fed.
Ações para monitorar
Embora o BBI permaneça neutro, o JPMorgan tem uma recomendação sobrepeso (exposição acima da média do mercado) para o Brasil na América Latina. O estrategista do banco também destacou o posicionamento dos investidores, destacando que não houve conversas sobre alocação em um setor específico que não seja utilitários (de concessões de serviços de utilidade pública, como energia e saneamento).
“Há amplo reconhecimento de que esta é uma temporada de resultados muito boa, com poucas exceções, notadamente a Localiza RENT3. Como geralmente acontece, utilitários são a grande participação dos cariocas (e de todos os brasileiros) com a Eletrobras ELET3;ELET6 emergindo como a ação preferencial. Aliás, muitos perguntaram quando os investidores estrangeiros voltarão ao nome”, avalia. Outras empresas de serviço público preferenciais são Copel (CPLE6) e Equatorial (EQTL3). O estrategista destaca ainda que os resultados dos bancos foram vistos como positivos no geral, mas já há a visão de que já houve uma reclassificação para alguns ativos com a recente alta das ações, principalmente do Itaú (ITUB4), sem falar do Nubank (PURPLE34 ).
“Saímos com a impressão de que houve um retorno à Rede D’Or RDOR3 (alguns reclamaram do preço), mas ainda não ao Hapvida HAPV3, embora houvesse o argumento de que a empresa já entregou três bons resultados e que o mercado Você vai se acostumar com essa consistência”, acrescenta o estrategista.
Continua após a publicidade
Dentro do consumo, Smartfit (SMFT3) é uma ação elogiada e na qual muitos confiam, enquanto o restante está mais “palatável” ultimamente, mas sempre com ressalvas. A Lojas Renner (LREN3), por exemplo, é uma ação que o mercado começa a olhar mais, mas não há entusiasmo, assim como ainda não há para outras confecções.
“Pela primeira vez em algum tempo, ouvimos falar de shopping centers interessantes, algo que evaporou da tese desde que o Banco Central interrompeu a flexibilização das taxas de juros”, diz o estrategista do JPMorgan.
Por último, mas não menos importante, os dois poderosos, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4), não são tema de discussão.
“A Vale, em particular, parece abandonada e os investidores com quem conversamos não têm perspectiva ou desejo de possuí-la, considerando a desaceleração na China e os temores sobre o declínio do minério de ferro. Quanto à Petrobras, muitos não têm nada a dizer sobre isso. As petrolíferas juniores são muito apreciadas, especialmente a PRIO PRIO3“, aponta o estrategista. Ainda entre as commodities, Suzano (SUZB3) é um case que alguns investidores veem como atrativo, mas também há receio em relação ao preço da celulose. “Ainda assim, parece ser a melhor aposta dentro das commodities”, conclui.
juros do consignado bb
noverde emprestimo
emprestimo consignado cai na hora
pictures of blue
blue pay
emprestimo loas
taxa consignado brb hoje
compara empréstimo
empréstimos no cartão de crédito
emprestimo consignado meu tudo
juros para empréstimo consignado
empréstimo brb simulador
empréstimo pan consignado
inss maciça