O pânico no mercado global, causado pelo risco de recessão nos Estados Unidos, pela queda das bolsas asiáticas e pela agitação no Médio Oriente, teve um forte impacto na indústria das criptomoedas.
O setor encolheu US$ 288 bilhões na segunda-feira (5), perdendo 13% de sua capitalização, segundo dados da plataforma CoinGecko. A queda foi a maior desde janeiro de 2022, de acordo com os gráficos do TradingView.
Mas as criptos operam em sessão de alívio nesta terça-feira (6), e recuperam parte da queda anterior, o que faz os investidores se perguntarem: o pior já passou ou há risco da chegada de um novo “inverno criptográfico”? Confira a avaliação do especialista.
As criptomoedas poderiam cair ainda mais?
Segundo Gracy Chen, CEO da Bitget, o histórico do mercado de criptomoedas mostra que o setor, antes de formar um verdadeiro impulso de alta, precisa experimentar uma queda acentuada para reduzir as posições compradas em contratos futuros e, assim, reduzir a pressão de venda para aumentos futuros. .
“Este é um fator chave para o rápido crescimento do mercado; Os observadores podem continuar a prestar atenção às mudanças no macromercado, incluindo os indicadores do índice de pânico. Actualmente, a chave para afectar a tendência do mercado é o índice de sentimento. Se o índice de pânico começar a cair, significa que a sensação de pânico diminuiu”, disse.
Qual é a situação com o Bitcoin?
Após atingir brevemente R$ 49 mil na manhã de ontem, o Bitcoin (BTC) chegou perto de US$ 55 mil após o fechamento das bolsas de valores ao redor do mundo. Porém, segundo Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, há espaço para novas quedas no curto prazo.
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“Deveríamos considerar a possibilidade de correção adicional do preço, mas isso não significa que o preço [atual] não tem interesse em fazer DCA (estratégia que envolve a compra regular de um ativo) pensando no longo prazo”, disse.
O especialista disse que, caso ocorra uma queda maior, BTC pode buscar próxima região de liquidez em US$ 44 mil e US$ 41 mil. Para que ocorra uma reversão da queda ou estabilização do preço, disse ele, é necessário entrar muito fluxo de compradores para absorver a queda. “As resistências de curto e médio prazo estão nas áreas de valor de US$ 55.230 e US$ 63.600.”
Rodrigo Cohen, analista e embaixador da XP, disse InfoMoney que o Bitcoin busca o fundo do canal de baixa e reduz as perdas, porém a tendência de preço da moeda digital, pelo menos neste momento, ainda é incerta.
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Qual é o cenário para Ethereum?
Ethereum (ETH) sentiu mais impacto que BTC. O criptoativo caiu até 22% ontem, mas reduziu as perdas para menos de 12% no final do dia, operando a US$ 2.464. Segundo Ana, é possível observar que a força vendedora do Ether continua forte, “o que sugere que o preço pode cair ainda mais e buscar US$ 2.010 e US$ 1.795 como pontos de apoio”. Se houver força de compra, no entanto, as resistências serão “US$ 2.500 e US$ 2.700”, disse ela.
Como está Solana?
Solana (SOL), que está entre as criptomoedas de maior valor de mercado, também caiu com o pânico global, mas a queda foi menor que a observada em BTC e ETH. O criptoativo foi negociado a US$ 131 na tarde de ontem, com desvalorização de 5% em 24 horas. “O gráfico semanal sugere a possibilidade de o mercado cair um pouco mais”, disse Emerson Antunes, trader sócio da bolsa Foxbit. “Mas vemos agora uma tentativa de recuperação em Solana, uma vez que se posicionou numa região de apoio.”
Ana, da Ripio, diz que se a queda continuar, as regiões de liquidez do SOL são de US$ 103,00 e US$ 75,65, e servirão como pontos de apoio de curto e médio prazo. Porém, se houver um fluxo comprador revertendo o movimento, a resistência está nas áreas de valor de US$ 128,00 e US$ 155,00, disse ela.
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O que esperar a médio e longo prazo?
Apesar dos reveses, os players do setor de criptoativos não acham que o cenário negativo deva se manter no longo prazo, principalmente diante da expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos e da corrida eleitoral no país. “Espera-se que a Reserva Federal (Fed) reduza as taxas de juro em Setembro, o que deverá melhorar as perspectivas para a economia dos EUA. Além disso, com a eleição presidencial ainda distante, ainda existe um potencial significativo para flutuações de mercado”, disse Guilherme Nazar, vice-presidente da Binance para a América Latina.
Guilherme Sacamone, country manager da OKX Brasil, disse que a recente queda vivida pelo Bitcoin nos últimos dias pode até assustar alguns investidores, mas acredita que, para a grande maioria dos investidores de longo prazo, “este é apenas mais um capítulo que não’ não mudar a visão de longo prazo do ativo”.
Em relatório divulgado hoje, a corretora Bernstein disse que a recuperação do mercado criptográfico está diretamente associada aos sinais macroeconômicos e eleitorais dos EUA no terceiro trimestre. Os analistas da empresa acreditam que se o mercado de ações se recuperar após uma resposta do banco central do país, o BTC e as altcoins deverão seguir o exemplo.
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