Com as taxas de juros nos Estados Unidos no nível mais alto das últimas duas décadas, a decisão entre alocar em ações ou crédito privado é mais “desafiadora” e “ativa”, na visão de Howard Marks, sócio fundador e vice-presidente da Oaktree, gestora americana que tem US$ 190 bilhões sob gestão.
Em evento fechado com investidores brasileiros realizado esta semana em São Paulo, o executivo disse que é preciso escolher um de dois caminhos na hora de pensar na carteira: ganhar “algo próximo de 10%” ao investir no S&P 500 e enfrentar mais incertezas, ou receber retorno provável entre 7% e 9% sobre os ativos de crédito, mas com rentabilidade contratada e com menos dúvidas ao longo do processo.
“Esta é uma escolha desafiadora, mas atrevo-me a dizer que o crédito merece hoje representar uma parcela maior das carteiras do que qualquer coisa no passado recente. Essa é a minha mensagem básica”, resumiu o sócio fundador.
A maioria dos títulos (títulos de dívida emitidos pelo governo ou por empresas privadas negociados no exterior) costumam oferecer taxas de juros pré-fixadas nos Estados Unidos, ou seja, o investidor pode saber exatamente quanto receberá no momento da compra do papel. Entretanto, não é possível “travar” a rentabilidade que será obtida ao longo do tempo com as ações, como destacou Marks.
Bom defensor do crédito, que é a especialidade da casa, o executivo explicou ainda que a situação que se verifica agora neste tipo de mercado é diferente de há dois anos. Naquela época, diz ele, as taxas de juros nos Estados Unidos estavam perto da metade do que são hoje, e o retorno oferecido pelo títulos estava em torno de 4% e não de 7,5%, como está agora. “Foi uma escolha fácil [ir para ações]”.
Cortes do Fed
Para o vice-presidente da Oaktree, é possível que a Reserva Federal (Fed, banco central americano) inicie o ciclo de cortes nas taxas de juro a partir de setembro e que as reduções tirem as taxas de juro nos EUA da banda atual de 5,25% e 5,50% ao ano, para algo na faixa de 3%, o que seria diferente de períodos anteriores em que a alíquota ficou entre zero e 0,25%.
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Mais de 68% dos agentes financeiros esperam que a Fed inicie cortes nas taxas de juro em setembro, com uma redução de 0,50 pontos percentuais, segundo dados da plataforma CME Group. O número foi ajustado após dados mais fracos do mercado de trabalho americano na sexta-feira (2).
Parte do mercado prevê que os juros terminais atingirão um patamar entre 3,00% e 3,25% ao final de 2025, segundo projeções da plataforma do CME Group.
“As taxas de juros hoje são mais altas do que nunca, mas não são altas. Acredito que eles permanecerão neste nível [de 3%])”, observou o executivo. Segundo Marks, tendo em conta os últimos 70 anos, as taxas de juro médias nos Estados Unidos rondaram os 5%. “As taxas de juros estão normais. Tenho visto taxas altas, mas não é o caso”, acrescentou.
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O executivo lembrou que os ambientes de taxas de juro mais baixas ou em queda, como os Estados Unidos deverão ver no futuro, têm efeitos positivos, mas que também há impactos negativos para os investidores.
Para ilustrar, o renomado gestor citou o caso dos “caçadores de pechinchas”, que tendem a ser afetados negativamente quando as taxas de juros caem. Isto porque, destacou, as “melhores oportunidades” surgem quando há alguém “desesperado para sair do trabalho”. “Quando as taxas de juros estão em queda, a taxa de desconto dos ativos tende a ser menor e o seu preço justo é maior. Portanto, ninguém quer sair”, resumiu.
Recomendações de marcas
Famoso pela série de memorandos que escreveu desde que fundou a Oaktree em 1995, junto com outros quatro sócios, Marks foi questionado pelo público do evento sobre os textos que todo investidor deveria ler antes de investir.
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Mesmo dizendo que seria bastante difícil selecionar apenas alguns de seus memorandos, o executivo afirmou que há três que deveriam ser de leitura obrigatória para os investidores. São eles:
- Você não pode prever, você pode se preparar (Você não pode prever, você pode preparar, na tradução gratuita para o inglês);
- Risco revisitado novamente (Risco revisitado novamente, na tradução livre para o inglês);
- Ouse ser grande (Desafiando-se a ser ótimo, na tradução gratuita para o inglês).
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