Numa amostra das possibilidades de inovação permitidas pelas regras de securitização brasileiras, um novo tipo de operação deu origem a um certificado de recebíveis lastreado no mercado de criptomoedas e com remuneração tentadora: até 43% ao ano.
A oferta, destinada a investidores comuns, é a primeira do tipo no mundo, segundo a plataforma de investimento em ativos alternativos Hurst Capital e a empresa especializada em criptoativos Borum Finance, que estruturou a operação. Mas como é possível um retorno tão elevado?
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O título está ligado à expectativa de remuneração obtida no complexo mundo das finanças descentralizadas (DeFi). Na prática, a operação envolve o depósito de criptoativos em uma plataforma de ativos digitais em troca de pagamento pela disponibilização de liquidez nesse ambiente. As taxas obtidas em piscina liquidez são então revertidos aos detentores do recebível.
A remuneração de 43% está ligada às altas taxas pagas pelas plataformas de ativos digitais que trabalham com piscinas de liquidez, que funcionam como cestas que reúnem diversos criptoativos em um mesmo local. “Eles permitem a troca de criptoativos de forma descentralizada, e os investidores fornecem pares de tokens para uma exchange descentralizada e recebem parte das taxas de transação geradas”, explica o head de criptomoedas da Hurst Capital, Francis Wagner.
O risco de ataque de hackers é um dos riscos envolvidos no uso de exchanges descentralizadas. Como forma de proteção, Wagner explica que a operação considera apenas protocolos DeFi identificados como seguros por estudo de governança, e que os criptoativos serão armazenados em carteiras físicas para minimizar perigos. E caso a segurança de uma das plataformas utilizadas ainda seja violada, espera-se que sejam oferecidas recompensas para recuperar os valores, no caso de um ataque benigno (chapéu branco).
Antes de serem pagos aos investidores, os rendimentos provenientes do piscina serão convertidas em stablecoins (criptomoedas estáveis) atreladas ao dólar. De acordo com a ficha do produto, esta estratégia permite que a alocação do investidor seja protegida das flutuações do mercado criptográfico. No entanto, oferece exposição cambial.
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O prazo da operação é de 60 meses, com retorno (tempo de retorno de um investimento) estimado em 33 meses.
É legal?
O novo produto financeiro é distribuído por meio de oferta pública simplificada de Certificado de Recebíveis com base na resolução CVM 88, que trata de operações de crédito financiamento colaborativo. Hurst é uma das plataformas cadastradas no regulador. Além de outras ofertas feitas via financiamento colaborativoo recebível poderá ser oferecido a investidores, inclusive investidores de varejo, sem necessidade de avaliação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A CVM anunciou recentemente que, em 2022, o país contava com 60 plataformas captando recursos por meio dessa modalidade específica. Juntos, conseguiram captar um volume de R$ 131 milhões naquele ano, sendo que o valor médio de captação por oferta ficou em torno de R$ 1.580 mil.
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A integração entre as finanças tradicionais e a indústria de criptomoedas muitas vezes resulta em operações incomuns. Até o início deste ano, as empresas brasileiras tokenizaram mais de R$ 1 bilhão, incluindo ofertas de motéis. Nesta semana também surgiu o primeiro FIDC focado na aquisição de direitos creditórios digitais.
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