Por se tratar de uma classe que tende a se beneficiar com a queda dos juros, a visão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano por mais tempo ajudou a reduzir o apetite dos investidores por fundos imobiliários (FIIs) em junho. A mudança ocorreu ao mesmo tempo em que os fundos de renda fixa ganharam maior apelo. É o que mostra uma pesquisa realizada pela XP com os conselheiros do grupo entre os dias 5 e 12 de junho, que recebeu 226 respostas.
Ao questionar os profissionais, a casa observou que o interesse dos clientes pelos fundos de renda fixa cresceu e superou neste mês o dos FIIs. Com isso, a classe ficou em segundo lugar entre os ativos que mais interessam aos clientes no momento — atrás apenas de renda fixa, que inclui o Tesouro Direto. Esta foi a primeira vez que os FIIs perderam a medalha de ouro ou prata entre os produtos mais buscados desde maio de 2023.
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Rodrigo Sgavioli, chefe de alocação da XP, argumenta que os fundos imobiliários não perderam atratividade, mas diz que há uma mudança no misturar alocação. O especialista explica que há um foco maior nos FIIs de papel, que oferecem bom carry ao alocar em títulos atrelados ao CDI ou à inflação, em relação aos fundos tijolo, que investem em imóveis e que tendem a sofrer mais com a Selic elevada. mais tempo.
Por outro lado, Sgavioli argumenta que os fundos de renda fixa, com destaque para produtos com crédito privado em carteira, ofereceram boas janelas de retorno nos últimos 12 meses —mesmo após eventos como Americanas e Light, que podem ter atraído muitos interessados.
Outro ponto, diz o profissional da XP, é que o crédito privado ficou “menos óbvio” com o fechamento mais significativo de spreads (juros adicionais que um ativo de crédito oferece em relação aos títulos públicos, considerados de baixo risco) nos últimos meses. Na prática, o movimento tornou mais complexa a seleção de ativos, especialmente títulos de maior qualidade, como AAA e AA.
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“Com o fechamento, um gestor profissional poderá administrar melhor e entender o que comprar, quando vender ou quanto calibrar o que carrega. É mais difícil de fazer [crédito privado] presencialmente, sozinho”, observa o especialista da XP.
Sem riscos “desnecessários”
Uma das casas destinadas aos fundos de crédito é a Azimut Brasil Wealth Management. Wilson Barcellos, presidente da gestora de patrimônio, vê como positivo o momento de ter na carteira renda fixa atrelada ao CDI e títulos ou fundos que alocam em crédito privado de alta qualidade.
Barcellos argumenta que a casa tem evitado “riscos desnecessários” e que prefere segurança na alocação, ainda que os retornos registrados 12 meses antes não possam ser replicados daqui para frente.
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“Você não pode esperar pelo spreads continuarão fechando na mesma magnitude do passado”, afirma. “Ainda há prêmio, mas preferimos ativos de alta qualidade duração [prazo médio em que o investidor vai reaver o capital alocado mais os juros] menor e de maior qualidade. A assimetria no que diz respeito ao risco não é muito melhor”, acrescenta o executivo da Azimut, que neste momento não gosta de ativos com maturidades superiores a cinco anos.
Sgavioli, da XP, diz que também vê o investimento como atrativo para quem quer dar o próximo passo além da reserva de emergência. Uma opção sugerida pelo especialista é buscar mais recursos de crédito alto rendimento (maior risco e retorno) ou crédito estruturado, devido ao spreads menores nas costas alto Isso é série intermediária (que apresentam menor risco e retorno).
Para fazer isso sem aumentar o risco da carteira, a sugestão do profissional da XP é que o investidor aumente, ao mesmo tempo, a alocação da carteira em renda fixa mais conservadora, como em fundos DI sem crédito privado ou em títulos como o Tesouro Selic.
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“Você vai ter que fazer uma composição e aumentar a parcela em investimentos sem risco de crédito. Você pode seguir essa estratégia, ou o investidor pode decidir arriscar só um pouco mais”, diz Sgavioli.
Spreads muito baixo
Mas há quem tenha reduzido marginalmente a sua afectação a fundos de crédito privados neste momento. Eric Hatisuka, CIO da escritório multifamiliar Mirabaud argumenta que os gestores de fundos que investem em activos de crédito terão agora de recorrer a títulos mais arriscados para manter a rentabilidade, uma vez que os prémios são mais baixos em títulos de maior qualidade, como AAA e AA.
“Nos fundos de crédito que mais gostamos, vários gestores estão falando que vão ter que fechar o produto. A relação risco e retorno piorou. Ou você corre mais riscos ou terá que aceitar menos retorno agora”, diz Hatisuka.
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Com viés mais cauteloso, o executivo da escritório multifamiliar diz que agora deu preferência a alocar em títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+), com vencimento entre 2027 e 2028, ou manter um pouco mais de risco em FIIs de papel, porque não sofreram com o fechamento de prêmios.
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