A S&P Global, empresa por trás do principal índice de ações do mundo, o S&P 500, está colocando um pé no que considera ser a próxima fronteira para a oferta de serviços financeiros, dado o seu potencial de inovação: stablecoins, criptomoedas indexadas a outros ativos, principalmente o dólar.
“A vanguarda da avaliação de risco está em produtos estruturados e risco de contraparte, e nosso primeiro produto nesse sentido é a avaliação de estabilidade de stablecoin”, disse Chuck Mounts, diretor de DeFi da S&P Global, em entrevista ao InfoMoney.
A avaliação da estabilidade das stablecoins (ou avaliação de estabilidade de stablecoinem inglês) é um ranking que classifica as stablecoins disponíveis no mercado de acordo com o risco que elas apresentam de perder a indexação ao dólar – ou seja, de uma unidade passar a valer menos de US$ 1.
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Levando em consideração questões operacionais, regulatórias e de governança, nenhuma stablecoin obteve a classificação máxima de 1, mas três chegaram perto: Gemini USD (GUSD), Pax Dollar (USDP) e USD Coin (USDC), a mais regulamentada do mundo, alcançaram classificação 2. O Tether (USDT), criptomoeda mais utilizada no Brasil, recebeu nota 4.
“O que queremos é ter uma referência de risco para cada stablecoin. É uma probabilidade de desindexação, não de inadimplência”, explica Mounts, que vê como “inevitável” o lançamento de uma classificação oficial de risco para stablecoins, incorporando informações públicas e privadas sobre os ativos.
Os planos da S&P Global para o setor criptográfico estão se acelerando em meio às expectativas de que os Estados Unidos aprovem, ainda este ano, o marco regulatório para stablecoins no país. “Passamos muito tempo em Washington e estamos cautelosamente otimistas de que os EUA possam aprovar a regulamentação das stablecoins nesta legislação”, disse o executivo.
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O mês de maio foi marcado por avanços regulatórios para criptoativos nos EUA. Em apenas alguns dias, um projeto de lei que regulamenta os ativos digitais foi aprovado com amplo apoio bipartidário na Câmara dos Deputados, e os primeiros ETFs no Ethereum (ETH), a rede onde “vivem” diversas stablecoins, receberam aprovação do Comissão de Segurança e Câmbio (SEC).
Durante o Consenso 2024, a gestora Cathie Wood e o congressista americano “pai” do projeto de regulação do setor disseram que o próximo passo natural do país deveria ser o avanço da lei das stablecoins. O executivo da S&P Global concorda: “Houve muitas melhorias desde o ano passado em termos de bipartidarismo. Eles parecem ter resolvido muitas das questões que restringiam o progresso do projeto de lei. Agora eles parecem estar bem alinhados.”
Além da questão regulatória, a aposta da empresa nas stablecoins também vem da expectativa de que elas ganhem um papel cada vez mais relevante globalmente, impulsionando – e não ameaçando – a adoção do dólar. “As stablecoins são um veículo para preservar o domínio do dólar. A grande questão é quão rapidamente os EUA irão realmente adotá-los. Se os EUA realmente incentivam o uso de stablecoins, é porque sabem que estão realmente se beneficiando disso”, afirmou.
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A empresa também busca se posicionar no que aponta como uma profunda transformação em curso no mercado financeiro: a tokenização. O executivo destaca que, até recentemente, dizia que seria necessária uma moeda digital do banco central (CBDC) – ou seja, um dólar digital oficial – para que a tokenização de ativos avançasse no país, mas que tudo mudou com a evolução de stablecoins.
Para o executivo, o ponto de partida para a tokenização deve ser ativos de alta liquidez e alta qualidade, como títulos do Tesouro dos EUA (Tesouros), seguidos de ativos ilíquidos, como o crédito privado e o mercado imobiliário. Finalmente, haveria ativos intangíveis e derivativos. “Todos os ativos serão tokenizados, o destino é ter a tokenização de tudo”, prevê Mounts.
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