As alterações nas garantias elegíveis para emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), feitas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), bagunçaram o quebra-cabeça das ofertas de títulos de renda fixa isentos de Imposto de Renda no o início deste ano.
Mais de três meses após a última alteração realizada pelo município, é possível perceber que o mercado de CRIs conseguiu se readaptar rapidamente às mudanças. Prova disso é que, entre janeiro e maio deste ano, as emissões no mercado primário desse tipo de papel atingiram R$ 23,78 bilhões, ante R$ 9,08 bilhões no mesmo período do ano passado. O salto representa um aumento de quase 162%, segundo dados da CR Data, plataforma de dados do Clube FII, antecipada exclusivamente para o InfoMoney.
Em geral, foi proibida a utilização de garantias de dívidas de instituições financeiras e de companhias abertas não oriundas do setor do agronegócio e do setor imobiliário.
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Entre outras proibições, o texto também proibia os chamados CRIs e CRAs de ressarcimento —instrumento que permitia às empresas emitir dívidas para ressarcir despesas de aquisição, compra de imóveis, etc., incorridas nos 24 meses anteriores à operação.
Na opinião de Felipe Ribeiro, diretor de investimentos alternativos do Clube FII, uma das explicações para o forte aumento das emissões de CRI é que a maioria dos agentes financeiros já previa mudanças e antecipava algumas ofertas que poderiam ser posteriormente bloqueadas pelo município.
O especialista destaca que as operações costumam levar entre 45 e 60 dias para serem liquidadas e que é possível observar um aumento no volume de emissões desde setembro do ano passado.
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Outro detalhe que parece ter mudado a dinâmica do mercado nos últimos meses foi a proibição do reembolso de CRIs, que permitiu que outros tipos de papéis ganhassem força. “A maior parte do mercado passou a focar em CRIs para destinação futura, incorporação predial, loteamento, etc.”, explica Ribeiro.
Com a mudança, o profissional diz que os agentes financeiros passaram a olhar mais para o projeto em si e não apenas para a parte societária da empresa emissora, como acontecia antes. “Quando olhamos para o destino futuro, o projeto tem que ser bom. Tem que passar por uma comissão. Ele ainda é uma promessa. Quando falávamos em reembolso, o projeto já tinha dado certo, a venda já tinha acontecido”, observa.
A mudança, porém, não deve ser sentida diretamente pelos indivíduos que estavam habituados a comprar CRIs. Segundo Ribeiro, esse tipo de investidor continuará olhando menos ofertas corporativas no mercado, pois agora menos empresas poderão emitir esse tipo de título.
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Mesmo que não consigam adquirir tais títulos, os investidores em geral poderão se beneficiar de efeitos positivos nos retornos dos fundos imobiliários que adquirirem CRIs, que poderão registrar aumento.
“Haverá mais ofertas para destinos futuros agora. Por ser um projeto, o risco é maior e é preciso pagar a mais por isso”, lembra o especialista.
Situação ligeiramente diferente para CRAs
Embora as emissões de CRI tenham registrado forte salto no início deste ano, as ofertas de CRA não seguiram o mesmo ritmo de avanço: entre janeiro e maio agora, as ofertas dessa modalidade de papel atingiram R$ 16,57 bilhões, ante R$ 11,95 no mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de quase 39%.
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“Doeu mais nos CRAs. Muitas operações que estavam vinculadas a instituições financeiras deixaram de estar sujeitas a restrições e representaram um grande volume de emissões”, observa Ribeiro, referindo-se às ofertas feitas pelo BTG Pactual (ativo=BPAC11]), por exemplo.
O especialista diz ainda que as ofertas de grandes empresas como BRF (BRFS3) e Camil (CAML3) tendem a ser mais pontuais, o que tende a pesar no volume de emissões de CRA.
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